Uma vingança deliciosa. Jane Porter
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Baixou a vista para o licor para tentar acalmar-se. Se perdesse as estribeiras, não seria capaz de ajudar a sua irmã.
– A minha irmã, a esposa de Dante, está grávida.
– Eu sei.
– Por favor, não faças mal a Daisy – suplicou com voz rouca. Sentiu que os olhos se humedeciam outra vez. – Sofreu vários abortos e isso deixou-a destruída. Não pode perder este bebé.
Observou-a com os olhos cinzentos velados.
– Não tenho nenhuma intenção de lhe fazer mal.
– Mas vais fazer – desconhecia como sabia, mas era assim e isso deixava-a furiosa. Lazaro Herrera destruiria a sua família e jamais olharia para trás.
– As coisas acontecem na vida…
– Não – explodiu apertando o seu copo. – Tu é que fazes a vida, provoca-la.
– É complicado. A vida nunca foi fácil.
Ele rodeava o assunto, invertia o argumento e isso enfurecia-a. Avançou um passo, o corpo esbelto estava rígido pela tensão. Nos dois últimos anos, a sua família tinha passado por muitas vicissitudes. Tinham lutado e sofrido e, precisamente quando Daisy encontrava alguma felicidade, aquele homem ameaçava em arrebatá-la.
– Claro que a vida é difícil. Está cheia de dor, pesar e perda, mas também de gozo e amor… – calou-se, apercebendo-se de que estava quase a chorar. – Não faças mal à minha irmã. Não podes. Não te deixarei.
– Continuas a tremer – ignorou a fúria dela. – Precisas de um banho quente.
– Não quero um banho quente. Não quero nada de ti. Nem agora nem nunca.
Estudou o rosto dela. Zoe soube que tinha a cara corada e os olhos brilhantes.
– Não funciona dessa maneira – disse Lazaro. – És minha convidada. Nas próximas semanas, estaremos juntos praticamente dia e noite. Sugiro-te que te habitues à minha companhia. Depressa.
Foi-se embora.
Zoe permaneceu imóvel uns minutos antes que os músculos recuperassem a vida.
Devagar, depositou o copo de brandi em cima da mesa de centro antes de limpar as palmas húmidas ao casaco claro de viagem.
Arregaçou a manga e olhou para o relógio. Eram quase sete e meia. Tinham chegado a Buenos Aires há seis horas. Daisy devia estar frenética.
Com o sobrolho franzido, olhou em volta à procura de um telefone. Ele tinha-lhe dito que não havia nenhum, mas não acreditava nele. Nos tempos em que viviam, toda a gente tinha um telefone.
– O teu banho está pronto.
Lazaro tinha regressado e estava na ombreira da porta. Tinha mudado de roupa, vestindo umas calças escuras e uma camisola grossa. Parecia quase humano.
Quase.
– Não vou tomar banho. Não vou ficar aqui.
Abandonou a proximidade da lareira e foi para o hall, conteve o fôlego ao passar ao lado dele. Quase esperava que a detivesse, mas não se mexeu. Nem sequer pestanejou quando abriu a pesada porta.
– É um trajecto longo até à aldeia – comentou ele com suavidade. – E está muito escuro. Não há nenhum candeeiro na pampa.
Com a mão na maçaneta, odiou-o, odiou o tom razoável que tinha empregue.
– Conheço o campo.
– Então sabes como nos enganamos ao caminhar sem nada que nos guie, sem caminhos nem rastos de vida humana.
– O teu rancho não pode ser assim tão remoto – ele apenas levantou as sobrancelhas. – Tenho a certeza de que há alguma coisa aqui fora – insistiu.
– Ovelhas. Vacas. Veados…
– Não tenho medo.
– Jaguares, pumas…
– Mentes – custou-lhe a engolir a saliva.
– Não te mentiria.
– É a única coisa que tens feito – disse. Tinha-se virado para olhar para ele, sem tirar a mão da maçaneta da porta.
– Ainda não te menti…
– No aeroporto perguntaste-me se era Zoe Collingsworth…
– E tu respondeste que sim – um pirilampo enorme entrou e girava à volta da luz do alpendre. Lazaro dirigiu-se para Zoe e com gentileza, mas com uma atitude firme fechou a porta. – Pedi-te o papel da bagagem e tu deste-mo. Vieste comigo, Zoe. Por tua própria iniciativa. Imediatamente.
Lágrimas de emoção e vergonha encheram-lhe os olhos.
– Deixaste que acreditasse que trabalhavas para Dante!
– E é verdade.
Retrocedeu e apoiou-se na porta fechada, colando as mãos à superfície.
– O quê?
– Trabalho para o teu cunhado. Trabalho para Dante Galván.
Não podia ter ouvido bem. Devia haver um erro.
– O que é que ias fazer para ele?
– Tudo.
Os lábios de Lazaro tinham-se mexido para esboçar um sorriso cínico que a encheu de horror. Fechou os olhos. Era uma loucura. Pior que uma loucura.
– Por favor, explica-me a que é que te referes com «tudo» – foi incapaz de o olhar. – És uma espécie de moço de recados?
– Não me chamaria assim. Sou o Presidente das Empresas Galván.
Levantou a cabeça com brusquidão e abriu os olhos.
– Mas Dante é o presidente.
– Dante é o director executivo. Eu trato das operações quotidianas.
– Desde quando?
– Há dois anos.
– Mas…
– Já chega. Não quero continuar com o assunto, não contigo quase a cair. Estás esgotada, precisas de um banho, comer e relaxar… Acredita, temos muito tempo para falar.
Virou-se, mas ela não o seguiu.
– De quanto tempo? – perguntou nas suas costas.
– O quê? – parou e virou-se devagar.
– Disseste que teríamos muito tempo para falar. Quero saber quanto. Quanto tempo é que pensas