O príncipe cruel. Jane Porter
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– Qual é a diferença da dessalinização tradicional?
– Conheces o processo de dessalinização?
– Ferve-se a água salgada e o vapor condensa-se.
– Isso mesmo. É um sistema com um consumo de energia muito pouco eficiente e que precisa de uma infraestrutura cara e complexa. Quase metade do custo de uma fábrica é em energia.
– Então, é um dessalinizador com membranas… Ela estava impressionada por ele saber tanto sobre o assunto. Talvez tivesse estudado ciências ambientais…
– Sim e não. A universidade trabalhou a partir de uma membrana destiladora convencional e acrescentou-lhe uma camada de nanopartículas negras como carvão. As partículas atraem a luz e aquecem toda a superfície da membrana, convertem até oitenta por cento da luz solar em calor e proporcionam-nos mais água com menos energia.
– Fascinante – murmurou ele, analisando o mecanismo. – Ao combinar o aquecimento fototérmico com a dessalinização por membranas criaste uma tecnologia mais produtiva e eficiente.
– Não fui eu. Foi a universidade. Tivemos a sorte de os engenheiros e cientistas nos deixarem experimentar o sistema aqui. Já o temos há ano e meio e mudou-nos a vida – apontou com a cabeça para uma horta ao lado. – Tomates, pepinos, alfaces, cenouras… Agora é possível cultivar graças a um fornecimento constante de água potável.
– Sabia que havia uma universidade norte-americana que estava a fazer algo assim, mas é incrível ver o sistema a funcionar e saber que não é só teoria.
– Pode ser uma mudança crucial para todo mundo.
– Claro – murmurou ele.
No entanto, tinha o olhar fixo nos seus lábios carnudos. Ela corou e olhou para outro lado para tentar dissimular como se sentia alterada. Queria que ele a beijasse, mas também estava com medo. Não tinha experiência e sabia que a maioria das mulheres da sua idade já teriam tido… relações. Desejou ter tido uma vida mais normal, ter tido namorados e saber como reagir. Será que ele sabia?
– Estás aborrecido – comentou ela, levantando-se e limpando o pó das mãos.
– Não – ele também se levantou. – Estou fascinado com tudo. Não só pelo modo como vocês sobrevivem, ao Deus dará, mas também contigo e com o teu pai. Não consigo imaginar nenhum pai que deixe a sua filha única sozinha num lugar tão isolado.
– Tenho o rádio…
Apertou os lábios e não conseguiu dizer mais nada. Tinha o coração aos saltos e estava prestes a começar a chorar, embora nem soubesse porquê. Não tinha acontecido nada e, no entanto, parecia-lhe estar a acontecer tudo e que estava a perder o controlo.
– Costuma funcionar, nunca o tinha partido. Esse acidente foi um mero acaso, tal como o facto de tu estares aqui. Estou há quatro anos em Khronos e nunca tinha parado aqui um iate, nem se aproximado gente.
– Por que tens medo? – perguntou-lhe ele interrompendo o seu palavreado.
– Não tenho medo – respondeu ela com a voz algo descontrolada.
Ele ficou a olhar para ela até que lhe passou um dedo pelas sobrancelhas. Conteve a respiração e sentiu uma descarga elétrica por dentro. Olhou-o nos olhos enquanto ele lhe percorria o nariz, as maçãs do rosto e a linha do queixo.
– És linda – murmurou ele com a voz rouca.
Ela sentiu a erótica voz dele por todo o seu corpo, foi como uma provocação para os sentidos.
– Sem maquilhagem, sem roupas da moda. Só a tua beleza. Não sabia que existiam mulheres como tu.
– Isso é o que dizes agora, mas se me pusesses ao lado das mulheres do iate, já verias.
– Não acho que haja comparação. Tu és extraordinária. A tua cabeça, a tua paixão pelo teu trabalho, a tua beleza… És perfeita.
– Ainda me vais fazer acreditar…
– Ainda bem. Deverias saber que és especial, uma entre um milhão.
Josephine afastou-se um pouco para olhar para ele. Ele deixou que visse o brilho ardente dos seus olhos.
– Então, beijas-me? – sussurrou ela. – A não ser que não sintas isso…
– Quero beijar-te desde que abri os olhos e te vi a olhares para mim como um anjo.
– Não sou um anjo – murmurou ela, engolindo em seco. Tinha a pulsação acelerada e não conseguia deixar de olhar para as suas maçãs do rosto e para a barba incipiente que tinha todas as tardes. Além disso, aquela boca larga e com uns lábios lindos… Adorava desenhar-lhe o rosto e, sobretudo, os seus lábios. Perguntava-se que sabor teriam, se beijá-lo seria diferente de quando beijou o alcoolizado Ethan em Honolulu. Aquele beijo foi tão atroz que perdeu a vontade de voltar a sair com homens…
Ele agarrou-a pelos braços e apertou-a contra si com um brilho nos olhos. O mundo reduziu-se a eles os dois. Ela sentia o bater do seu coração. Estremeceu face ao calor do seu corpo enquanto ele a apertava contra o seu peito, sentindo os mamilos ficarem duros. Isso era tudo o que queria, só queria sentir a boca dele na dela…
Baixou a cabeça e a sua sensual boca beijou-a. Sentiu faíscas pelo corpo, ouviu um gemido, ele rodeou-lhe a nuca com uma mão para a agarrar enquanto derretia por dentro. Queria muito mais, mas uma vozinha sussurrava-lhe que ele estava fora do seu alcance.
– Estás a ponderar? – murmurou ele afastando a cabeça e olhando-a nos olhos.
– Hum… Sim. Não, não.
Nunca se tinha sentido tão viva e esperançosa, mas isso era um disparate. A emoção levava-a a sentir-se desinibida e desenfreada, algo que nunca fora. Ainda assim, gostava do que sentia, gostava que ele a beijasse e lhe tocasse.
– Conta-me o que estás a pensar.
Ele acariciou-lhe o rosto e ela sentiu uma labareda que lhe chegou aos mamilos e entre as coxas.
– Evidentemente, estás a pensar em algo – acrescentou ele.
– Sim, e lamento…
– Não lamentes e conta-me.
– Achas que podes ser casado? – perguntou-lhe ela à queima-roupa.
– Não.
– Achas que não tens uma esposa algures?
– Não tenho.
– Como podes ter tanta certeza?
– Tal como sei que não sou dos Estados Unidos. Não… condiz comigo.