O italiano implacável. Miranda Lee

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O italiano implacável - Miranda Lee MINISERIE SABRINA

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Jeremy tinha. No entanto e surpreendentemente, continuavam a ser amigos íntimos dez anos depois, apesar de terem feito negócios juntos. Sergio não discutia porque a amizade funcionara, mas agradecia. Não conseguia imaginar que alguma coisa conseguisse quebrar o laço que os unia.

      Sergio, no entanto, rira-se da segunda regra, de viverem a vida ao máximo.

      Isso significava que iriam para a cama com qualquer rapariga atraente que olhasse para eles de esguelha e os três tinham-no feito enquanto estavam em Oxford. No entanto, quando se licenciaram e passaram para a vida real, tornaram-se mais seletivos. Pelo menos, Sergio preferia as mulheres que ofereciam mais do que os seus corpos. Mulheres com profissões, classe e conversa. Mulheres que, algumas vezes, eram mais velhas do que ele, ao contrário das de Alex, que pareciam ser mais jovens à medida que ele envelhecia.

      – As jovens não se queixam, não criticam e não se colam como lapas, como as mais velhas – dissera a Sergio, um dia. – Também não querem que me case com elas.

      Alex odiava o casamento, mas não por princípio, por si só. Ele, ao contrário de Jeremy, não era cético, pois os pais e irmãos tinham desfrutado de casamentos felizes. Quanto a Jeremy, transformara-se num playboy consumado e as… amigas entravam e saíam a uma velocidade vertiginosa. Ninguém se fartava mais depressa de uma rapariga do que Jeremy, mas havia sempre outra disposta a ocupar o lugar da anterior. A fortuna, a beleza e o encanto de Jeremy conseguiam fazer com que as mulheres caíssem rendidas aos seus pés. Naturalmente, também se apaixonavam por ele, um sentimento que nunca era correspondido. Jeremy não se apaixonava e deixava um carreiro de corações partidos por toda a Grã-Bretanha e metade da Europa. Sergio censurava-o, mas Jeremy encolhia os ombros e dizia que ele não tinha a culpa de ser caprichoso, que era um defeito genético. O pai estava no terceiro casamento e a mãe, no quarto… ou era no quinto?

      Por tudo isso, Alex e Jeremy não se tinham incomodado com a terceira regra, que os sócios do Clube de Solteiros não podiam casar-se antes dos trinta e cinco anos, algo que ainda parecia muito longínquo.

      Mesmo assim, Sergio sempre soubera que acabaria por se casar, apesar de toda a amargura causada pelo segundo casamento do pai e o divórcio posterior. Ao fim e ao cabo, era italiano e a família era importante para ele, mas mantivera a ideia afastada enquanto trabalhava obsessivamente para conseguir o objetivo principal do Clube dos Solteiros: Ser multimilionário antes dos trinta e cinco anos.

      Algo que, finalmente, conseguira naquele dia.

      Outra onda de melancolia apoderou-se dele ao ter de aceitar que esse dia também assinalava o fim, para efeitos práticos, do clube. Naturalmente, os três continuariam a ser amigos, mas à distância. Em breve, voltaria para Milão para tomar conta da empresa familiar, que decaíra gravemente nesse ano, desde a morte do pai. Alex voltava no dia seguinte para a Austrália para ampliar a empresa imobiliária já próspera. E Jeremy ficaria em Londres, onde compraria uma empresa. Certamente, de publicidade.

      Sabia que, naquela noite, quando contasse a Jeremy e Alex que tencionava casar-se, eles também compreenderiam que o Clube dos Solteiros tinha os dias contados. No entanto, a vida era assim, não era? Nada continuava igual e as mudanças eram inevitáveis.

      Saiu da casa de banho com firmeza positiva e decidiu que pensaria no casamento como noutro objetivo.

      Então, que tipo de esposa queria? Sergio questionou-se enquanto entrava no closet imenso que era a inveja de Jeremy. Passou ao lado de todos os fatos italianos impressionantes que tinha, escolheu umas calças pretas feitas à medida e vestiu-as.

      Teria de ser uma mulher relativamente jovem, visto que queria ter mais do que um filho. Não podia passar dos vinte e tal anos. Também teria de ser fisicamente atraente, decidiu, enquanto vestia uma camisa branca. Não se imaginava a casar-se com uma rapariga anódina, embora também não pudesse ser impressionante. As mulheres impressionantes davam problemas aos homens.

      Estava a abotoar a camisa quando o telemóvel tocou. Franziu o sobrolho e voltou ao quarto para ir buscar o telemóvel à cama, onde o deixara. Muito poucas pessoas tinham o seu número privado. Alex, Jeremy e, naturalmente, Cynthia. Mudava o número todos os anos e gostava da privacidade que isso lhe dava. Devia ser Jeremy ou Alex para lhe dizer que iam atrasar-se, como de costume. Não podia ser Cynthia porque tinham acabado há um mês e ela já sabia que não iam reconciliar-se.

      Arqueou as sobrancelhas quando pegou no telemóvel e viu que era uma chamada anónima. Fez uma careta devido à possibilidade de terem pirateado o seu número privado. Já acontecera algumas vezes.

      – Quem é? – perguntou, com raiva.

      Fez-se um silêncio breve antes de ouvir a voz hesitante de uma mulher.

      – Sou… Sou a Bella…

      O choque foi tal que o deixou com falta de ar e sem voz.

      – Sergio… – continuou ela. – És tu, não és?

      – Sim, Bella, sou eu.

      Sergio maravilhou-se por ter conseguido parecer normal, porque não se sentia assim. O coração acelerava e parara de pensar de forma coerente. Era Bella, a incrivelmente bonita Bella, que fora como uma irmã e torturadora.

      – Disseste que… se alguma vez precisasse da tua ajuda… podia ligar-te. Deste-me o teu número no funeral do teu pai… Não te lembras?

      – Lembro-me – reconheceu ele.

      – Vou ter de te ligar depois – replicou ela, antes de desligar a chamada.

      Sergio praguejou, olhou fixamente para o telemóvel e agarrou-o com força para dominar a vontade de o atirar contra a parede.

      Passeou pelo quarto enquanto se questionava em que confusão se teria metido, embora não devesse importar. Ela, evidentemente, não voltara a lembrar-se dele desde que os pais se tinham divorciado, e fora há onze anos! No ano passado, quando aparecera no funeral do pai, fizera-o pelo pai, não por ele. Enfurecia-o estar à espera que voltasse a ligar-lhe quando devia ir para o restaurante. Reservara mesa para as oito e já estava quase na hora. Se tivesse o mínimo de sensatez, deixaria de pensar em Bella e ir-se-ia embora.

      Riu-se enquanto escolhia os sapatos e as meias e começava a calçá-los. Quando conseguira parar de pensar em Bella?

      Talvez tivesse conseguido esquecê-la se continuasse a ser uma mulher desconhecida que tinha uma vida tranquila na Austrália, mas o destino não o quisera assim. Bella, depois de ter ganhado um concurso exigente na televisão australiana, pouco antes de Dolores pedir o divórcio ao pai dele, transformara-se numa intérprete famosa de musicais e protagonizara espetáculos por todo o mundo, sobretudo, na Broadway e Londres. O seu rosto delicioso aparecera na televisão, nos autocarros, em cartazes publicitários… Ele dominara a vontade de ir vê-la no palco, pois sabia que, se a visse, reavivaria esse desejo que despertara nele há tanto tempo… e cuja lembrança ainda o embargava.

      No entanto, o destino voltara a ser desconsiderado com ele quando, há três anos, Jeremy o levara a um baile de beneficência a que a família real assistia e em que, sem que ele soubesse, Bella fora uma das intérpretes convidadas. Vê-la a cantar e dançar fora uma verdadeira tortura.

      No entanto, o pior ainda não chegara nessa noite e Jeremy comunicara-lhe, enquanto caía o pano de fundo, que recebera um convite para a festa posterior ao concerto que se celebrava no Hotel Soho. Podia ter-se recusado a acompanhá-lo, mas uma curiosidade perversa superara a sua primeira intenção, que fora embebedar-se

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