O italiano implacável. Miranda Lee

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O italiano implacável - Miranda Lee MINISERIE SABRINA

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O que se passou antes? Porque desligaste?

      – Lamento muito, mas a minha mãe apareceu de repente e não queria que soubesse que estava a ligar-te.

      – A tua mãe vive contigo? – perguntou Sergio.

      – Não! Vivo sozinha em Nova Iorque, mas vim há uns dias para Sidney para passar umas férias. Sou uma parva. Liguei-te em mau momento? Não podes falar? Onde estás? Ouço barulho de fundo…

      Um grupo de homens bastante barulhento passara ao lado da sua mesa.

      – Estou num restaurante e estou à espera que cheguem uns amigos, mas atrasaram-se. O trânsito de Londres não favorece a pontualidade.

      – O de Nova Iorque também não. Então, continuas a viver em Londres?

      – Comprei um apartamento cá.

      Sergio começou a questionar-se onde ela queria chegar e a perceber que fora ridículo por se ter preocupado, mas era típico dele quando se tratava de Bella. As suas reações eram desmesuradas e careciam de lógica.

      – Como posso ajudar, Bella? – perguntou Sergio.

      – Questionava-me se… Ainda tens a villa do lago de Como? Não a vendeste depois de o teu pai falecer, pois não?

      – Não, nunca venderia a villa. Está há gerações na família Morelli. Porque perguntas?

      – Eu… Preciso de desligar, Sergio, em algum lugar aprazível e isolado. Esperava arrendar-ta durante algumas semanas, talvez durante um mês.

      – Entendo.

      Custou-lhe dominar a irritação. Se queria arrendar uma maldita villa no lago de Como, havia muitas no mercado. Porque lhe pedia a dele? Por um lado, quis mandá-la para o inferno, mas, por outro, pelo lado que ainda a desejava, não conseguia resistir à possibilidade de voltar a vê-la em carne e osso, nessa carne impressionante…

      – Para quando a quererias? – perguntou ele, com despreocupação.

      – Já – respondeu ela. – Pelo menos, assim que conseguir chegar. Como já te disse, estou em Sidney.

      Em casa da mãe, pensou ele, com raiva, nessa casa que o pai dera generosamente à caça-fortunas como parte do acordo de divórcio.

      – Então, suponho que a Dolores não te acompanhe.

      – Não! Quero ir sozinha.

      Isso perturbou-o, porque imaginara que fosse com o seu último acompanhante. De repente, não pôde conter um arrebatamento de emoção sombria. Nunca perseguira Bella, apesar de a desejar obsessivamente. Podia tê-lo feito quando crescera, sobretudo, quando os seus bares especializados em vinhos tinham tido um sucesso imenso e o dinheiro começara a chegar. Além disso, já não era como uma irmã, já não lhe estava vedada. Então, porque não o fizera?

      Por muitos motivos. Sobretudo, por orgulho. Ao fim e ao cabo, era italiano e não teria aceitado bem a rejeição. Ir atrás de uma mulher, de qualquer mulher, não era o seu estilo. Ir atrás da filha de uma caça-fortunas que partira o coração do seu pai parecera-lhe uma traição absoluta e o cúmulo da estupidez. Além disso, tal pai, tal filho, não era? Se Bella tivesse correspondido, nunca teria sabido se os seus sentimentos eram verdadeiros ou falsos, sobretudo, depois de ser imensamente rico.

      No entanto, aquilo era diferente. Ficar em dívida com ele tornava-o diferente.

      – Lamento muito, Bella. – Sergio saboreou esse momento de poder sobre ela. – Não posso arrendar-te a villa. Vou estar lá em julho.

      – Ah…

      Ela transmitiu uma desilusão e uma desolação enormes com essa palavra.

      – Mas podes ficar comigo de graça – convidou ele. – Se não te importares de ter um pouco de companhia, claro.

      – Só… tu? – perguntou ela. – Quero dizer… não haverá mais ninguém contigo?

      – Só eu e a Maria durante o dia.

      – A mesma Maria que cozinhava e limpava antes?

      – A mesma, mas já não vive na casa. Casou-se e vive numa vila próxima com o marido, o Carlo. Ele toma conta do jardim quando é preciso e da piscina no verão. A Maria vai quando há alguém, que já não é com tanta frequência desde que o meu pai faleceu.

      – Ainda me sinto mal por causa do teu pai – replicou ela.

      Sergio cerrou os dentes porque não queria que se desculpasse outra vez.

      Viu que Alex e Jeremy entravam no restaurante e tomou uma decisão.

      – Lamento ter de desligar, Bella, mas os meus amigos acabaram de chegar. Se me deres o teu número de telefone, prometo-te que te ligo mais tarde e que faremos algum plano mais concreto. – Calculou que, à meia-noite de Londres, ainda seria de manhã na Austrália. – Enquanto isso, reserva um voo para Milão e apanha-o, mas não digas à tua mãe para onde vais. Melhor dizendo, não digas a ninguém. Não quero que um helicóptero cheio de paparazzi sobrevoe a villa para tentar tirar fotografias tuas com o teu último acompanhante. Está bem?

      – O que…? Sim, sim, entendo o que queres dizer. Gostam de tirar conclusões precipitadas, não é? E mais ainda de mim. Prometo-te que não direi a ninguém. Não consegues imaginar como te agradeço, Sergio. Sempre…

      – Tenho de desligar, Bella – interrompeu ele. – O teu número, por favor…

      Deu-lhe o número e ele desligou quando Alex e Jeremy chegavam à mesa. Desligou o telemóvel e guardou-o no bolso.

      Cumprimentou-os com uma expressão de tranquilidade na cara. Sergio nunca expressava as suas emoções e foi uma vantagem nesse momento, dado o que pensava. Ainda não conseguia acreditar. Bella ia estar em sua casa e em dívida com ele!

      Nunca se considerara desumano ou vingativo, mas, aparentemente, era mais do que imaginara.

      – Lamento o atraso – desculpou-se Alex, enquanto se sentava.

      Sergio viu que Alex usava umas calças de ganga azuis e uma camisa azul-clara, enquanto Jeremy continuava de fato. Não era o fato azul-marinho às riscas que usava antes, mas um cinzento de três peças com uma camisa castanha e uma gravata malva.

      – Estavas a marcar um encontro para amanhã à noite? – perguntou Jeremy.

      – O Sergio não tem encontros – interveio Alex. – Só… dorme em casa de… amigas.

      – Que miserável – comentou Jeremy, com carinho. – O mínimo que podes fazer é convidar uma rapariga para jantar antes de ires para a cama com ela. Com quem estás… na cama ultimamente?

      – Isso não é assunto vosso. – Sergio decidiu não lhes contar nada sobre a chamada de Bella porque não queria que o dissuadissem do que decidira fazer. – Vamos pedir, estou cheio de fome.

      Essa era outra das coisas de que Sergio gostavam nesse restaurante, a velocidade com que

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