A amante do italiano. Diana Hamilton
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Conhecera Cesare Andriotti graças ao seu trabalho de relações públicas, quando organizou a festa de inauguração de um dos hotéis, da luxuosa cadeia de complexos hoteleiros, balneares e centros de congressos, da família Andriotti.
Foi desejo à primeira vista, recordou, ignorando a afectuosa discussão de Claudia e do marido.
Sabia que era uma relação perigosa e não era de maneira nenhuma o que procurava. Ela era uma mulher vocacionada para a sua carreira, independente e não tinha tempo para ter uma relação estável. Um marido e uma família, eram incompatíveis com as longas e inconvenientes horas a que tinha de trabalhar, bem como, com os esgotantes compromissos emocionais que tinha.
Quantas vezes disse a si própria que Cesare Andriotti era o género de homem que lhe dava os maiores motivos para não se interessar por ele?
Inumeráveis.
Com mais dinheiro do que um avarento poderia sonhar, atraente de morrer, transbordando de charme italiano e com um indefinível toque de arrogância que fazia vibrar de prazer qualquer mulher. O género de homem que tem tudo, que procura uma amante e a enche de prendas, e que acha que tem o direito de a abandonar, com muita educação e delicadeza, quando se cansa.
Bianca tentara mantê-lo à distância, pelo menos pensava que sim, mas ao fim de um mês de se conhecerem, já eram amantes, não conseguiram evitá-lo. Ele tinha-a esmagado, recusara com titânica resistência cada uma das suas objecções morais, práticas e pessoais.
Sentiu o peso do olhar de Cesare e estremeceu. Sabia que ele a observava, desde que a irmã fez o comentário mordaz, sobre o caracter temporário do romance deles.
Bianca recusou-se a virar a cabeça e a devolver-lhe o olhar Não queria enfrentar aquele olhos de um caprichoso cinzento ardósia, nem contemplar a sua boca ardente, muito menos admirar o ar natural que o fato elegante dava ao seu musculoso corpo. Se o fizesse estaria perdida e a determinação para pôr fim àquela relação ficaria feita em cinzas, perante o desejo que ele lhe despertava.
– Posso pedir-lhe um favor, senhor…? – perguntou Alan, com alguma precipitação, ruborizando por ter de se dirigir a Cesare.
Alan Neil, era o contabilista responsável do enorme império financeiro na Grã Bretanha e apaixonara-se por Claudia Andriotti numa ocasião em que se encontraram no apartamento de Cesare em Londres, e não fazia ideia de que o seu chefe pudesse ser seu cunhado.
Bianca simpatizava com ele.
Cesare era, com trinta e quatro anos e desde que o pai se reformou há quatro anos atrás, director do império empresarial dos Andriotti. Inevitavelmente inspirava temor no coração e na mente de todos os que o conheciam e Alan não estava no seu território. Era realmente encantador, demasiado calmo e leal, para pensar sequer em trair a sua linda e temperamental mulher… Claudia não precisava de se preocupar com a possibilidade dele a trocar por outra.
Vendo a mulher franzir ligeiramente as suas sobrancelhas finas e escuras, Alan continuou aos tropeções.
– Podemos usar o jacto da companhia no princípio de Agosto? Sei que parece um pedido absurdo, mas os gémeos são um pesadelo num voo comercial. Não estão quietos um segundo, e como sabes, as crianças de três anos quando são contrariadas tornam-se impertinentes – passou a mão pelos cabelos ruivos, tentando, sem êxito, um sorriso descontraído – Não é justo para os passageiros que pagam para andar de avião, que tenham de os aguentar!
– Querido – disse Claudia, apoiando a delicada mão de unhas vermelhas no braço do marido, – deixa-te de divagações. Claro que Cesare não se importa – sorriu ao irmão, enquanto agitava as suas pestanas espessas. – A mamã e o papá insistem para levarmos os meninos à Calábria em Agosto, para o aniversário de casamento, e suponho que tu também tenhas instruções! Assim, podíamos ir e vir contigo, mas se não puderes ir – acrescentou com um gracioso suspiro, – podemos utilizar o Lear?
Bianca cobriu o copo com os seus finos dedos, quando Cesare tentou enchê-lo, mas não olhou para ele, limitou-se a manter um ligeiro sorriso e uma expressão de interesse cortês.
Mas não ouvia uma só palavra da afectuosa conversa familiar. Provavelmente, Claudia aproveitava-se do irmão mais velho desde antes de saber falar!
Estava claro que qualquer acordo a que ele chegasse sobre a reunião familiar não a incluía a ela.
Era inevitável encontrar-se com a irmã e com o cunhado de Cesare em certas ocasiões sociais, daí estar presente nesta celebração privada. Ele considerava-as importantes por causa das noites que lhes permitia ficarem juntos, mas apenas, porque não era suficientemente importante para ser incluída numa visita aos pais.
Não conhecia os sobrinhos de Cesare, cujas aventuras precoces se discutiam com tanto carinho, mas já ouvira falar deles.
Quando ainda estavam juntos há pouco tempo, ele dissera-lhe, respondendo a um comentário estúpido sobre ela não querer um compromisso a longo prazo:
– Eu também não, para que é que preciso de me casar? A minha irmã já cumpriu com a sua obrigação e deu à família os gémeos – descontraído, com um copo na mão, um sorriso inquietante e sedutor nos lábios e percorrendo lentamente as feições de Bianca com os olhos. – O nosso acordo parece-me perfeito.
Pelo menos era sincero, pensou ela aborrecida, enquanto o empregado da empresa de catering, que ele costumava contratar quando tinha convidados, se aproximava com uma bandeja de café. Bianca sabia que muitos homens na sua posição financeira se casavam e divorciavam com uma regularidade monótona.
Esta conversa teve início no princípio da relação deles, recordou, enquanto o empregado colocava delicadamente na mesa as finas taças de porcelana, mas as coisas estavam a mudar e Cesare começava a desejar coisas que ela não se atrevia a dar-lhe.
Tinha chegado o momento de cortar de forma clara e definitiva, antes de ficar com o coração destroçado, arrependida e desesperada. Desejou algo que não sucederia, algo que não desejara no início e que nem sequer se devia perguntar se desejava nesse momento.
Pousando o guardanapo de linho entre o lindo prato e os copos venezianos, murmurou:
– Foi uma noite maravilhosa, mas tenho de ir. Um resto de dia de aniversário feliz, Claudia.
Bianca levantou-se com um sorriso educado. A enormidade do passo que estava a dar fazia-a tremer por dentro, mas não o deixava transparecer.
Nos olhos de Claudia brilhava uma gélida perspicácia e as sua palavras reflectiam o seu inegável falso pesar.
– A sério, querida? Espero que Alan e eu não vos tenhamos estragado os planos!
– De maneira nenhuma – conseguiu responder Bianca, com um tom natural e voltando-se para Alan, que acabara de se levantar rudemente, acrescentou: – Por favor, continuem a apreciar o serão.
Cesare seguiu-a e Bianca, com um nó no estômago, ouviu a cadeira a arrastar e a desculpa murmurada com a sua suave voz.
Na enorme sala do lado, tirou o telemóvel do bolso e ligou, com dedos trémulos, o número do serviço de taxis que costumava utilizar. Terminou a chamada com a respiração acelerada e Cesare, que se