Unidos pela paixão. Caitlin Crews

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Unidos pela paixão - Caitlin Crews Sabrina

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um instante a perceber o que estava a acontecer-lhe e supôs que devesse sentir-se horrorizado. Mas não foi assim. O desejo atravessou-o como um velho amigo e não soube porquê, mas não houve nenhum alarme de aviso. Pensou que a tentação era boa, como se fosse mais poderoso pelo facto de a vencer. Pensou que aquilo era apenas um teste.

      A mulher que ocupava os ecrãs parecia impaciente. Aquilo era a primeira coisa que a diferenciava das mulheres que viviam ali. E mais do que isso, parecia… frágil. Não era curtida como as pessoas dali, nem pronta para qualquer eventualidade. Parecia suave.

      O Conde não soube porque queria tocar nela para ver se era tão suave como parecia.

      Vestia uma roupa que não tinha sentido para ele no topo da montanha. Não recordava ter estado noutro sítio, é claro, mas sabia que havia um mundo lá fora. Tinham-lhe dito. E aquela vestimenta preta e sedosa fê-lo pensar em cidades.

      E, quando o fez, foi como se todas surgissem na sua mente como um catálogo de viagens: Nova Iorque. Londres. Xangai. Nova Deli. Berlim. Cairo. Auckland.

      Como se tivesse estado em todas e cada uma delas.

      Afastou aquele pensamento e observou a mulher. Tinham-na levado para o interior do acampamento, para uma sala fechada a que nunca tinham chamado calabouço. Mas era. Só tinha um sofá velho, uma casa de banho atrás de um biombo e câmaras nas paredes.

      Se a mulher estava tão incomodada como os últimos três agentes que tinham ido visitá-los, não se notava. Estava sentada no sofá como se nada fosse. Tinha o rosto perfeitamente tranquilo e os olhos azuis serenos. Parecia serena e isso chamou-lhe a atenção sobre o facto de ser bonita de um modo quase incompreensível.

      Não era que tivesse muitas mulheres com que pudesse compará-la. Mas, de certo modo, o Conde soube que, se pusesse todas as mulheres do mundo que não conseguia recordar em fila, continuaria a achar aquela espetacular.

      Tinha as pernas compridas e bem torneadas, mesmo com as botas, e cruzava-as com decoro como se não tivesse percebido que estavam manchadas de lama. Usava um único anel na mão esquerda que captava a luz quando se mexia. A sua boca chamou-lhe a atenção de um modo que não conseguia entender, criando uma espiral de desejo no seu interior que não sabia bem se achava agradável. Para desviar a atenção, concentrou-se no cabelo loiro brilhante que apanhara na nuca de um modo complicado.

      «Um coque baixo», pensou.

      Era um conceito que não conhecia. Mas era o termo apropriado para descrever como se penteava.

      – Trá-la cá – pediu, antes de pensar melhor.

      – Não é a tua esposa – repetiu Robert, fazendo uma careta. – Tu não tens esposa. És o Conde, o líder do caminho glorioso e a resposta para todas as perguntas dos crentes.

      – Sim, sim. – O Conde abanou a mão. Robert não sabia se aquela mulher era a sua esposa. E ele também não. Porque não era possível que o Conde tivesse surgido do nada no meio de uma labareda, como todos diziam. Sabia isso desde o começo. Se tivesse aparecido um dia num arrebatamento de glória, não teria precisado de tanto tempo para recuperar, pois não?

      Contudo, aprendera que era melhor não comentar aqueles mistérios da fé em público. O que sabia era que, se chegara de algum outro lado, isso significava que tinha uma vida anterior. Fosse onde fosse. E, se aquela mulher dizia que o conhecia, talvez pudesse ser uma fonte de informação. O que o Conde mais desejava era informação.

      Não esperou para ver se Robert obedecia. Sabia que o faria porque todos o faziam. O Conde saiu da sala de vigilância e dirigiu-se para o acampamento. Conhecia-o perfeitamente, cada sala e cada parede construída com troncos. As lareiras de pedra e os tapetes grossos do chão. Nunca pensara para além daquele lugar, porque tudo o que queria estava ali. A montanha dava e os seguidores recebiam, era assim que funcionava.

      Sidney. São Petersburgo. Vancouver. Oslo. Roma.

      Porque conseguia «ver» tantos lugares de repente? Lugares não esculpidos em pedra e escondidos naquelas montanhas em que só se viam árvores em todas as direções.

      Dirigiu-se para os seus próprios aposentos, que eram separados dos outros quartos onde o resto das pessoas dormia. Manteve uma expressão fechada enquanto andava, como se estivesse a comunicar com o Espírito, tal como pensavam que fazia e, assim, evitou que se aproximassem.

      Quando chegou aos seus aposentos, esperou na sala exterior. Quando recuperara os sentidos assim que chegara, rejeitara a austeridade daqueles aposentos. Pareciam-lhe uma prisão, ainda que, de certo modo, soubesse que nunca tinha estado numa. Mas, agora, preferia-os aos quartos relativamente mais acolhedoras do outro lado da porta. Paredes brancas. Mobiliário mínimo. Nada que distraísse um homem do seu propósito.

      Na sua consciência, ficava o facto de nunca ter conseguido sentir a determinação que todos presumiam que tinha.

      Não teve de esperar muito até lhe trazerem a mulher. E, quando chegou, a austeridade das paredes fez com que o impacto da sua roupa preta fosse muito mais enérgico em comparação. Era tudo branco. A roupa que ele usava, larga e fluida. As paredes, a madeira do chão, até a cadeira em que se sentava, que parecia um trono de marfim.

      E ali estava aquela mulher no meio de tudo com roupa preta, olhos azuis e joelhos firmes. Aquela mulher que o observava com os lábios ligeiramente entreabertos e um brilho nos olhos que não era capaz de definir.

      Aquela mulher que dizia ser a sua esposa.

      – Eu não tenho esposa – declarou, quando os seus seguidores se foram embora e os deixaram sozinhos. – O líder não tem esposa. O seu caminho é puro.

      O Conde ocupava a única cadeira da sala. Mas, se a mulher se incomodava de estar ali de pé à frente dele, não se notou. De facto, o seu rosto refletia algo mais parecido com o espanto.

      – Estás a brincar, não é?

      Foi a única coisa que disse. Foi um sussurro áspero, mais nada. E o Conde deu por si fascinado com os seus olhos. Eram de um azul impressionante que o fazia pensar nos verões da montanha.

      – Eu não brinco – disse. Ou, pelo menos, era o que achava. Pelo menos, não ali.

      A mulher que tinha à sua frente respirou fundo como se estivesse a fazer um grande esforço físico.

      – Durante quanto tempo tencionas esconder-te aqui? – quis saber, como se estivesse zangada.

      O Conde não conseguiu pensar em nenhuma razão para que estivesse zangada.

      – Em que outro sítio haveria de estar? – Inclinou ligeiramente a cabeça enquanto a observava, tentando encontrar sentido para a emoção que percebia nela. – E não estou a esconder-me. Esta é a minha casa.

      Ela deixou escapar uma gargalhada breve, mas carente de humor. O Conde franziu o sobrolho, algo que nunca fazia.

      – Tens muitas casas – assegurou ela, num tom que pareceu um pouco rude. – Gosto das águas-furtadas de Roma, mas o vinhedo da Nova Zelândia também não lhes fica atrás. A ilha do Pacífico Sul. A casa de Londres ou a villa grega. Ou todos os hectares de terreno que a tua família tem no Brasil. Tens muitas casas em todos os continentes possíveis, isso é o que quero dizer, e nenhuma delas é um manicómio nas montanhas do Idaho.

      –

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