A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way
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No entanto, não podia ceder dessa maneira. Não o faria.
Nick fizera a única coisa que prometera nunca fazer: deixara-a, e não tencionava dar-lhe a oportunidade de voltar a magoá-la. Pelo menos, era isso que lhe dizia a sua cabeça. Contudo, o seu coração tinha os seus próprios planos loucos.
Abanou a cabeça.
– Suponho que vou ter de ir e falar com ele em algum momento. Mas não posso fazê-lo esta noite. Quando Nick me surpreende, acabo sempre por aceitar algum dos seus planos descabidos. Preciso de estar preparada. Concentrada.
Não podia deixar que Nick soubesse que ainda tinha o poder de a fazer tremer cada vez que se aproximava. Utilizá-lo-ia contra ela. Faria com que ela acreditasse que tinham uma oportunidade e depois voltaria a tirar-lhe o tapete de debaixo dos pés. Era inevitável.
Precisava de se proteger. Nick devia achar que era totalmente imune a ele e era impossível que naquela noite conseguisse convencê-lo disso. Continuava perturbada com o seu aparecimento e o mais provável era que fizesse alguma estupidez… como dizer-lhe que estava a brincar quando lhe dissera para ir para o quarto livre.
– Fica aqui – disse Mona. – Podemos elaborar os planos de batalha com uma garrafa de vinho.
– Obrigada, Mona. Salvaste-me a vida.
Mona pegou em Bethany ao colo e levantou-se.
– Vamos, querida. Está na hora de ires para a cama – virou-se antes de sair da sala. – Ele sabe que…?
Adele juntou os dedos e apertou-os até que os nós começaram a doer-lhe.
– Não. Nunca lhe contei.
Capítulo 2
Uma mão tocava-lhe na cara. Nick sentou-se, de repente, bem acordado, e apercebeu-se de que os dedos eram seus. Pusera o cotovelo atrás da cabeça enquanto dormia e nesse momento sentia a mão torcida e dormente.
As luzes continuavam acesas na cozinha, porém, no exterior reinava a escuridão e não fazia ideia de que horas eram. Abanou a cabeça e depois olhou para o seu relógio de pulso. Eram seis da manhã!
Voltou a olhar. Não era de estranhar que se sentisse tão dorido, já que passara as últimas doze horas num sofá de dois lugares.
Adele provavelmente levantar-se-ia dentro de uma hora. Sempre fora madrugadora, em contraste com os seus costumes de mocho nocturno. Sentia-se sujo depois da viagem de Los Angeles e de continuar com a mesma roupa. Não fazia sentido tentar convencer Adele com aquele aspecto desalinhado e um cheiro ainda pior. Era melhor tomar um duche e arranjar-se antes de tentar falar novamente com ela.
Levou a mala para o andar de cima e esteve prestes a entrar no quarto principal, por uma questão de hábito. Um erro idiota. Tinha de pensar com mais acuidade se queria convencer Adele a ficar do seu lado. Nem ele era tão parvo para pensar que podia recuperar a sua vida anterior, depois de todo aquele tempo, como se nada tivesse mudado.
Embora na realidade desejasse poder recuperar a sua antiga vida. Adele e ele tinham sido tão felizes… Um momento de fúria precipitada provavelmente custara-lhe o seu casamento. Quase nunca perdia as estribeiras, porém, Adele pressionara-o de tal forma que acabara por explodir.
O que só lhe demonstrava que a sua técnica habitual de varrer todos os pontos negativos para debaixo do tapete e brincar até que tudo se desvanecesse era uma opção mais segura. Se tivesse agido assim naquele mês de Maio, talvez as coisas tivessem sido diferentes e não tivesse de viver com aquela dor profunda que não queria desaparecer, apesar das brincadeiras que fazia com os seus companheiros para se distrair.
Meia hora mais tarde, estava barbeado, vestido e preparava café na cozinha. A ideia era fazer com que Adele se sentisse melhor com a ajuda da cafeína. Conhecia todos os truques para a pôr do seu lado, pois empregara-os tantas vezes que eram quase um costume.
Certamente, dessa vez, teria de agir com muito cuidado. Teria de se mostrar sensato e falar com ela de forma adequada. Esse era o plano «A». Depois, teria de conseguir fazer com que aceitasse o plano «B», que, com sorte, conduziria à realização do plano «C», que era o mais importante: convencer Adele de que tinham sido feitos um para o outro.
Não podia falhar, como tal, teria de usar todos os trunfos possíveis. Não podia fazer nenhum mal preparar um pouco o caminho… com cafeína, sorrisos e covinhas.
Ligou a cafeteira e sentou-se à mesa, à frente da porta. Ela apareceria a qualquer momento.
No entanto. Adele não apareceu. E a paciência não era um dos pontos fortes de Nick.
Talvez a sua mulher quisesse o pequeno-almoço na cama? Ou isso seria levar as coisas demasiado longe?
Encostou-se na cadeira de madeira, abatido. Sentira a sua falta. Muito. Ao regressar à Califórnia depois da sua primeira viagem, surpreendera-o perceber o tempo que deixara que a fúria bulisse no seu interior. Não fora capaz de a desterrar como de costume. Embora isso fosse compreensível, ou não?
Qualquer homem estaria zangado se a sua esposa o tivesse deixado ao primeiro inconveniente. Poderiam ter chegado a um compromisso em relação ao seu emprego e ao seu contrato de seis meses em Hollywood, porém, ela nem sequer se incomodara em considerá-lo.
Estivera demasiado ocupada a gritar com ele a respeito de como o seu trabalho, a sua vida e os seus amigos eram importantes para ela. Fora uma surpresa desagradável descobrir que era o último da lista… se é que figurava nela.
O seu trabalho era igualmente importante para ele, contudo, Adele nunca o encarara a sério, nem sequer quando alguém lhe apresentara um contrato, oferecendo-lhe uma oportunidade de último momento de trabalhar com o aclamado produtor Tim Brookman. Fora uma oportunidade que não pudera rejeitar, e magoava-o mais do que gostava de reconhecer que ela não tivesse tido fé suficiente nele para o apoiar na sua decisão.
A irritação começou a apoderar-se da sua mente. Espantou-a e olhou para o relógio. Eram oito e meia. Adele não podia estar ainda a dormir. Talvez fosse melhor ir comprovar que estava bem.
Subiu as escadas. Ao aproximar-se da porta do quarto dela, abrandou. Sorriu ao recordar como por vezes roncava suavemente. Era tão doce… E era estranhamente gratificante saber que a perfeita Adele tinha um defeito ínfimo.
No entanto, não se ouvia nenhum ronco naquele momento. De facto, não se ouvia nenhum som.
Abriu um pouco a porta e pestanejou ao ver o quarto anormalmente brilhante. As cortinas estavam abertas e o frio sol de Fevereiro iluminava a cama vazia. Estava perfeitamente feita e as almofadas, à frente da cabeceira, impecavelmente colocadas.
Sentiu um nó no estômago, tal como lhe acontecera ao entrar no quarto há quase um ano e ver o armário vazio, com os cabides nus como ramos outonais.
Depois, encontrara o bilhete seco e breve que o informava de que ia ficar em casa de Mona e que não queria vê-lo. Ele dera meia volta e regressara para os Estados Unidos, consternado pelo facto de a sua esposa o ter abandonado com tanta facilidade. Pelo menos, conseguira convencer Mona de que a aconselhasse a voltar para casa depois de ele ter partido.
Aproximou-se