Encontro apaixonado. Carol Marinelli
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As assistentes pessoais iam e vinham. Estava habituado a isso. Ele era muito exigente e também tinha consciência de que muito poucas pessoas estavam dispostas a trabalhar tantas horas por dia durante muito tempo. E, regra geral, exigia à assistente pessoal que se ia embora que preparasse a próxima para o emprego.
Contudo, agora, o facto de Cecelia querer ir-se embora causava-lhe um desgosto surpreendente.
Gostava que aquela mulher fizesse parte da sua vida e não queria que se fosse embora.
– Não tens mesmo nada para me dizer? – perguntou ele.
– A verdade é que tenho. Podíamos falar no teu escritório, em privado?
– É claro. Vamos.
Luka decidiu que teria de a dissuadir de deixar o emprego.
E sabia como fazê-lo.
Capítulo 2
Enquanto Luka a conduzia ao seu escritório, Cecelia sentiu-se literalmente doente. Não sabia se a sua decisão era a acertada ou não.
Cecelia sentia consciência de que, profissionalmente, deixar aquele trabalho não era aconselhável. O império de Luka estava em expansão, a Kargas Holdings estava a negociar a abertura de hotéis em Nova Iorque e Singapura. Fazer parte disso seria extraordinário para o seu currículo.
No entanto, quando Luka abriu a porta do seu escritório e ela entrou, percebeu que não tinha outro remédio senão deixar a empresa.
Sentiu os olhos dele nas costas.
Na pele.
Cecelia tinha a roupa mais anódina que alguma vez vira. No entanto, Cecelia estava sempre arranjada e elegante. Era algo natural nela.
Mas, naquele dia, era diferente.
Exatamente no dia em que ia dizer-lhe que deixava a empresa, deixava-o ver, pela primeira vez, as suas costas.
As costas de Cecelia eram extremamente pálidas. E Luka pensou que devia faltar-lhe vitamina D. Tinha a certeza de que aquele corpo nunca apanhara sol.
Luka só a vira fora do trabalho uma vez, acidentalmente. Dessa vez, Cecelia usava a mesma roupa insossa com que ia trabalhar.
O encontro acontecera duas semanas depois de ela ter começado a trabalhar na sua empresa, numa exposição num museu, e não fora completamente acidental. Ouvira-a a falar com o ex-noivo sobre ir ver a exposição e ele quisera ver pessoalmente o objeto do desejo sexual de Cecelia.
Um inglês pálido de pernas magras.
Não iam de mão dada e, como dois desconhecidos, tinham parado para observar uma obra de arte incrivelmente erótica.
Ela assustara-se ao vê-lo e corara ao apresentar-lhe Gordon.
E o desejo de Luka de ir para a cama com ela aumentara.
– Senta-te, por favor – convidou Luka, no seu escritório.
Luka indicou-lhe uma cadeira e deu a volta à secretária enquanto ela se sentava.
E Cecelia, finalmente, encontrou-se cara a cara com ele.
Era um homem incrivelmente bonito. Olhos aveludados, maçãs do rosto proeminentes e uma boca voluptuosa.
Cecelia gostava de bocas.
A de Gordon era pequena. Mas ela só reparara nisso depois de ter visto Luka.
Até então, Gordon parecera-lhe um bom partido. No entanto, tudo mudara ao apertar a mão de Luka pela primeira vez.
Percebera que tinha de acabar o seu noivado com Gordon na noite depois da visita ao museu. Ao fazer amor com Gordon, imaginara que o fazia com Luka, e tivera o melhor orgasmo da sua vida.
Apesar de saber que ia acabar mal, aceitara aquele trabalho.
E estava ali agora.
Prestes a demitir-se.
– Querias dizer-me alguma coisa? – perguntou ele e ela assentiu.
Luka estava decidido a tornar-lhe as coisas difíceis. Cecelia era a melhor assistente pessoal que alguma vez tivera e não queria substituí-la.
Queria que Cecelia ficasse na empresa e ele conseguia sempre o que queria.
– E então? O que querias dizer?
Não era a primeira vez que tentara demitir-se e Cecelia preparou-se para repetir um discurso bem ensaiado. No entanto, ficou em silêncio. Porque, quando Luka olhava para ela nos olhos, como naquele momento, faltava-lhe o ar e não conseguia respirar.
– Vou-me embora.
– O quê? – Luka fingiu que não ouvira bem. Ia obrigar Cecelia a repetir-se e a ser mais explícita.
– Não vou renovar o meu contrato – declarou ela. – Pensei bem e, embora tenha sido um ano extraordinário, preciso de uma mudança.
– Podes ter pensado muito bem, mas não falaste comigo.
– Não preciso que me dês permissão para me demitir, Luka.
Não, não ia ser fácil, pensou Cecelia, depois de mal ter conseguido responder.
Apesar de tudo, já não conseguia aguentar mais e muito menos quando Bridgette ligou para o telefone interior.
– Uma mulher que se chama Katia está na receção e quer ver-te, Luka.
Luka revirou os olhos.
– Estou ocupado.
– Não para de insistir. Aparentemente, tu sabes porquê.
– Diz ao segurança que a deixou entrar que está despedido.
Depois, Luka olhou para Cecelia e acrescentou:
– Porque é que as mulheres se recusam a aceitar um «não»?
– Porque é que o meu patrão se recusa a aceitá-lo?
– Touché – concedeu ele. Foi então que decidiu mudar de tática, procurando a compreensão dela. – Cecelia, um dos motivos por que não tirei o dia hoje, como tencionava fazer, é porque a minha mãe não se sente bem.
– Lamento – respondeu Cecelia. – Se houver alguma coisa que… – Cecelia fechou a boca para não continuar.
– O que ias dizer? – Luka esperou. Ao ver que Cecelia não respondia, acrescentou: – Eu gostaria de te pedir um favor, Cece. Durante os próximos meses, vou passar muito tempo fora. A minha mãe tem cancro e o tratamento vai ser muito difícil e prolongado…
Cecelia