Paixão cruel - Três semanas em atenas. Janette Kenny
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O homem estimulara-a mentalmente com os seus argumentos e, fisicamente, fora capaz de a excitar como nenhum homem fizera antes, mas ela recusara aceitar a sua oferta de compra das suas acções. André Gauthier tinha uma participação menor e era tudo a que podia aspirar.
O Château Mystique era o seu lar, o seu sonho, o seu legado e para ela não fazia sentido continuar mais tempo na ilha.
Não tinha nenhum motivo senão o puro desejo.
Porque André Gauthier despertara nela uma paixão ardente e um desejo profundo. Por outro lado, ela era uma mulher adulta e tinha todo o direito de ter uma aventura sem mais consequências.
No entanto, treze semanas mais tarde, Kira continuava a ser incapaz de esquecer a sua noite de paixão fugaz e o escândalo que se seguira na manhã seguinte ao seu encontro em todas as publicações de imprensa cor-de-rosa do país. E não conseguia esquecer André Gauthier, o pai do filho que esperava, o homem que aparecera na imprensa económica como autor de uma tentativa desumana de destruir a Bellamy Enterprises.
Porque é que os accionistas obrigariam Peter Bellamy a vender o império do seu pai?
Talvez estivessem dispostos a uma fusão, como a que ela procurara com André antes de perceber a sua perfídia.
Que ingénua! Se no início só se preocupava com o acordo com André sobre o Château, agora a ideia de ter um filho em comum desestabilizava-a pessoalmente. Como conseguiria contar a um amante fugaz, do qual se separara com hostilidade, que seria pai em breve?
As náuseas que a tinham acompanhado constantemente durante as últimas semanas ameaçaram aparecer novamente. Kira concentrou-se nas instruções do médico em vez de pegar no telefone e telefonar a André para lhe contar a notícia.
A porta abriu-se e ela afastou André da sua mente para enfrentar a massagista.
– Espero que tenha uma boa desculpa para me deixar à espera durante quinze minutos – disse, sem se endireitar.
Mas as suas palavras não obtiveram resposta.
Kira franziu o sobrolho, com a sensação inquietante de que havia alguém à porta a observá-la.
Alguém que não devia estar ali.
Um arrepio de ansiedade percorreu-lhe as costas e ela tremeu, apesar da manta deliciosa que lhe cobria o corpo nu.
– Quem está aí?
– Bonjour, ma chérie – disse um homem, num tom grave e penetrante.
André Gauthier! Em vez de retribuir a sua chamada, fora vê-la!
O primeiro impulso de Kira foi levantar-se da marquesa e precipitar-se para os seus braços, mesmo que fosse apenas para se certificar de que não era um sonho. Mesmo que fosse apenas para o acariciar, para o beijar, para sentir novamente as suas mãos e a sua boca.
– Sugiro que deixemos esta conversa para mais tarde, quando estiver apresentável – disse ela, fazendo um esforço para controlar as suas emoções.
– Não vim para falar.
Ele aproximou-se lentamente da marquesa.
O homem apoiou uma mão nas costas femininas, à altura da cintura, marcando-a com o calor da palma, recordando-lhe que, da última vez que lhe tocara, a perdera num verdadeiro mar de paixão e prazer.
Embora também não precisasse de se esforçar para a fazer lembrar-se.
Mas onde antes sentira o ardor masculino, agora sentia apenas o seu antagonismo. Totalmente dirigido para ela.
A raiva masculina não era o melhor augúrio para a notícia que tinha de lhe dar.
– Então, porque vieste? – perguntou ela, com um tremor incontrolável na voz.
– Para reclamar o que é meu.
Kira cravou as unhas na marquesa. Claro, estava ali para continuar a negociar o hotel Château Mystique. Não por ela.
Kira esperara aquela conversa. Embora numas circunstâncias muito diferentes, com ela vestida e em total controlo das suas emoções, na reunião de direcção que tinham marcado para daí a duas semanas, não nua, deitada numa marquesa e a tremer de desejo.
André percorreu-lhe a coluna vertebral com a mão, deslizando lentamente a toalha sobre a pele. Ela cerrou os dentes, lutando contra as emoções que a embargavam, irritação, desejo, necessidade…
Era uma batalha perdida.
Desde que o vira pela primeira vez, Kira soubera tudo o que ele era, reconhecera a intensidade da sua presença, a virilidade do seu corpo e do seu cheiro, mistura de homem e de mar.
Os dedos masculinos deslizaram sobre as costas nuas numa carícia sedosa, enchendo os seus sentidos de lembranças espontâneas dos beijos embriagadores que continuavam gravados na sua mente, das mãos experientes que a tinham levado ao topo do prazer e da noite partilhada, a experiência mais intensa e apaixonada da sua vida.
Aquela carícia firme, mas suave, impedia-a de pensar. O seu corpo reagiu traiçoeiramente e Kira sentiu como os seus seios reagiam e os mamilos se arrepiavam.
Com muita dificuldade, conteve um suspiro de prazer. Uma sensação intensa e sensual começou a convergir na união das pernas, fazendo-a tremer de desejo. Maldito!
– Este não é lugar para falar de negócios.
– Lamento discordar.
O barulho de papel ouviu-se no silêncio. Uma pasta apareceu à frente dos seus olhos.
Kira deixou escapar um suspiro, certa de que seria outra oferta tão vaga como as anteriores pelo Château. Mas ao ler o título sentiu-se atónita.
Não! Não podia ser! Leu cada palavra sem conseguir acreditar no que via.
– Que é isto? Queres enganar-me? – perguntou ela.
– Nada de enganos, ma chérie. Como podes verificar, sou o accionista maioritário do Château Mystique.
Impossível! As acções de Edouard tinham de passar para as suas mãos depois da leitura do testamento e ainda faltavam duas semanas para isso. Edouard prometera-lhe que, depois da sua morte, ela teria o controlo maioritário do hotel.
No entanto, o documento demonstrava que as acções de Edouard tinham caído nas mãos daquele multimilionário arrogante. Kira duvidou da sua validade, apesar de ter a assinatura do seu advogado, uma assinatura que vira em inumeráveis ocasiões.
Uma vez mais, sentiu-se traída, usada e abandonada.
André controlava o seu hotel, o seu lar, e se lhe permitisse, acabaria por controlá-la também.
A mão masculina deslizou sobre os seus ombros numa falsa carícia e ela tremeu, encolerizada como nunca antes.