Paixão cruel - Três semanas em atenas. Janette Kenny
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Kira endireitou-se rapidamente, cobrindo o peito com a toalha e abanando a cabeça para afastar o cabelo da cara, tão furiosa e surpreendida que nem sequer viu o brilho de admiração nos olhos masculinos ao olhar para ela.
Pelo menos, estavam sozinhos. Sabia que André nunca saía sem o seu guarda-costas, um valentão que certamente estava no corredor, certificando-se de que ninguém os interrompia.
Levantando o olhar, Kira percorreu o corpo alto e musculado de André, vestido com um fato cinzento de corte impecável que marcava ainda mais a largura dos ombros e do peito poderosa. A camisa, imaculadamente branca, contrastava com a pele bronzeada, e a gravata prateada condizia com o relógio de platina que, certamente, custava mais do que ela ganhava por ano.
Kira sentiu que o seu coração acelerava traiçoeiramente ao recordar como gostara de ter aquele corpo colado ao dela, aquelas mãos compridas e esbeltas a levá-la várias vezes ao topo do prazer.
Com ele, fora assim desde o princípio. Duas horas depois de se conhecerem, estavam nos braços um do outro a fazer amor com uma urgência e uma paixão que a fizera ignorar as consequências de cair na cama de André.
«Diz-lhe qual foi o resultado da aventura», gritava uma voz repetidamente na sua mente. «Diz-lhe de uma vez.»
Com mãos trémulas, Kira olhou para ele nos olhos. Uma onda violenta de emoções caiu sobre ela, deixando-a sem forças. Não, aquele não era o momento.
– Veste-te! – ordenou ele.
Kira virou-lhe as costas e vestiu um vestido de Verão de seda azul sem conseguir evitar o tremor das suas mãos e os batimentos fortes do seu coração por o ter tão perto. Sob o olhar masculino sentia-se tremendamente vulnerável.
– Suponho que agora quererás comprar as minhas acções – disse ela.
– Oui.
– Não estão à venda.
– Não ouviste a minha oferta.
– Não é necessário – disse ela, fingindo uma coragem que não sentia. – Não vou vender.
Ele arqueou uma sobrancelha, como se questionasse a sua afirmação.
– Todos têm um preço.
– Eu não.
– Veremos – André apontou para a porta com a cabeça. – Tu primeiro.
– É melhor despedir-me de ti aqui. Ver-nos-emos na reunião da direcção dentro de duas semanas – declarou ela, mantendo-se firme.
O sorriso masculino era glacial.
– Tu vens comigo, ma chérie.
– Isso querias tu… – disse ela, detestando o tremor na sua voz.
– Vou levar-te ao colo se for necessário, mas tu vens comigo para Petit Saint Marc.
A ilha das Caraíbas? Ficara louco?
– Para quê?
– Para me vingar do teu amante, ma chérie.
– Estás a perder tempo, porque eu não tenho amante.
– Sei que estás nisto com Peter Bellamy desde o começo.
– Peter? – Kira deu uma gargalhada histérica. – Garanto-te que não é meu amante.
– Poupa-me as mentiras. Conheço a verdade.
André não podia estar mais enganado, mas Kira percebeu que, se não acreditava naquilo, nunca acreditaria que ele era o pai do bebé que esperava.
– Não tenciono ir contigo a lado nenhum. Vai para o…
André estalou os dedos e ela deu um salto, batendo com as costas contra a parede.
– Não me custaria destruir o hotel – ameaçou ele. – E, então, as tuas acções não valeriam nada. É isso que queres?
Aquilo era chantagem! E no mínimo sequestro! Mas não podia permitir que destruísse o hotel em que investira todos os seus sonhos e todo o seu futuro.
– Não, mas não posso ir e deixar tudo de um momento para o outro – disse ela, consciente de que as palavras de André eram verdadeiras.
– Claro que podes e fá-lo-ás – André segurou-a pelo braço e levou-a até à porta, embora o contacto fosse surpreendentemente suave.
Está bem, disse para si. Voltaria para a ilha com ele. Talvez lá tivesse a oportunidade de lhe falar do filho que esperava. Talvez lá conseguisse raciocinar com ele sobre o Château e convencê-lo de que era seu por direito.
André Gauthier olhou para a mulher hipócrita que caminhava pelo corredor à frente dele, abanando suavemente as ancas que eram um convite para qualquer homem. Não era de estranhar que Bellamy lhe tivesse oferecido quarenta e nove por cento das acções do Château Mystique.
Kira Montgomery era a sexualidade personificada. Certamente, enganara-o e seduzira-o praticamente sem se esforçar.
Ele sempre se orgulhara do controlo férreo que tinha sobre si próprio e o mundo que o rodeava, até Kira invadir a sua ilha há três meses.
André não se surpreendera ao descobrir que Bellamy enviara uma mulher para negociar com ele depois de ter rejeitado a sua última oferta para comprar o Château. O velho contara com os encantos de Kira para obter os seus objectivos e, certamente, funcionara. Pelo menos por uma noite, André vira-se preso no debate mais estimulante da sua vida e só mais tarde é que percebera até onde chegava o engano.
Não fora o velho Bellamy que a enviara, mas o seu filho Peter. O seu mais feroz rival. O homem que, provavelmente, preparara o caminho que conduzira ao acidente de viação em que morrera a amante de Edouard e que o deixara moribundo no leito de um hospital.
Kira não era apenas a amante de Peter, mas também o cérebro da manobra usada para acabar com o velho Bellamy e que lhe dera finalmente o controlo do Château Mystique.
Mas a sua traição tirara a André algo muito mais valioso do que propriedades materiais.
Participara na destruição do que restava da sua família.
A sua irmã Suzette.
Kira traíra-o e o que ele desejava acima de tudo era vingança. Ela estaria na ilha à sua mercê quando ele lançasse o ataque definitivo para ficar com a Bellamy Enterprises.
Em silêncio, ambos subiram para o quinto andar. Kira ia à frente e André seguiu-a até uma porta que ela abriu com um cartão magnético. A suíte era pequena, nada espectacular, mas muito acolhedora e agradável. André percebeu que tinha alguns toques muito pessoais, próprios do típico salão inglês, e de que cheirava à mesma fragrância floral que ela.
– Não precisarás de muita bagagem – disse ele, irritado com a ideia de aquele ser o lugar onde recebia o seu amante, Peter Bellamy.