A bela cativa. Michelle Conder

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A bela cativa - Michelle Conder Sabrina

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posso dar-me ao luxo de cometer erros. Na verdade, tenho de voltar. Onde está o seu telemóvel?

      – Para que quer o meu telemóvel?

      Ele semicerrou os olhos de tal forma que as pestanas escuras esconderam quase por completo a sua cor azul.

      – Já me entretive o suficiente, menina James. Onde está?

      Levantou-se do sofá e ela recuou.

      – Primeiro, diga-me quem é. Deve-me uma resposta, pelo menos, por me ter assustado.

      – Não lhe devo nada. – Olhou para ela de cima a baixo. – Sou o rei de Santara, o xeque Jaeger Salim al-Hadrid.

      – O rei? – Regan cobriu a boca com a mão e conteve um risinho. A julgar pela roupa que usava, parecia mais um mercenário do que um rei. Tinham-no contratado para matar Chad? Pensava que o levaria até ao seu irmão? – Duvido. Quem é realmente?

      Imediatamente, apercebeu-se de que se enganara ao rir-se daquele homem. Fulminou-a com o olhar, deu um passo para ela e disse, com frieza:

      – Sou o rei.

      – Está bem, está bem… – Regan esticou a mão para o deter. – Acredito. – Estava a mentir, mas ele não tinha de saber. Precisava que se fosse embora o quanto antes.

      Tentou não pensar na simetria perfeita do seu rosto e em concentrar-se em sobreviver. Era evidente que era um louco ou um assassino e ela estava sozinha com ele no quarto.

      O medo apoderou-se dela. Tentou recordar que todos consideravam que ela tinha um dom para a comunicação, mas ele não era uma criança de sete anos que tinha um telemóvel escondido por baixo da secretária.

      – Acha que estou a mentir? – perguntou ele.

      – Não, não. – Regan tentou tranquilizá-lo, mas ele deu uma gargalhada.

      – Incrível…

      Ele abanou a cabeça e Regan avaliou rapidamente a distância que havia até à porta.

      – Demasiado longe – murmurou ele, como se lhe tivesse lido a mente. Provavelmente, não fora muito difícil, visto que ela estava a olhar para a porta como se desejasse que se abrisse sozinha.

      – Olhe…

      Ele aproximou-se dela tão depressa que Regan não conseguiu continuar a frase.

      – Não há mais perguntas. Não há mais jogos. Dê-me o seu telemóvel ou terei de procurar por todo o lado até o encontrar.

      – Está na casa de banho.

      Ele semicerrou os olhos.

      – Ia tomar banho quando apareceu – explicou ela. – Eu gosto de pôr música enquanto tomo banho.

      – Vá buscá-lo.

      Regan quase lhe disse para pedir por favor, mas decidiu que o melhor que podia fazer era estar calada. Quanto mais depressa encontrasse o que procurava, mais depressa se iria embora.

      Dirigiu-se para a casa banho e parou ao ver que ele a seguia. Olhou para ele através do espelho e os seus olhares encontraram-se por uns instantes. Não pôde evitar que uma onda de excitação a invadisse por dentro. Envergonhada, baixou o olhar e agarrou no telemóvel. Deu-lho e cruzou os braços a modo de proteção.

      – Palavra-passe?

      Ela sentiu o calor do seu corpo e desejou que ele se retirasse para trás.

      – Trudyjack – disse ela.

      – Os nomes dos seus pais? – Olhou para ela, surpreendido. – Podia ter usado ABC.

      Regan olhou para ele, espantada. Como sabia que eram os nomes dos seus pais? Como sabia tanto a respeito dela?

      – Quem é? – sussurrou ela, assustada.

      – Já lhe disse. Sou o rei de Santara. Descobri tudo a seu respeito pouco depois de aterrar no meu país.

      Regan engoliu em seco e apoiou-se no lavatório. Seria mesmo quem dizia que era? Não parecia possível, no entanto, tinha uma aura de poder e autoridade inconfundível. Embora ela pensasse que os assassinos também.

      Observou-o enquanto ele olhava para a lista de contactos e de mensagens de correio eletrónico.

      – O telemóvel do Chad está desligado – informou ela, incapaz de manter o voto de silêncio que fizera há instantes. Não conseguia evitá-lo. Nunca soubera estar em silêncio. – Sei porque tento falar com ele todos os dias.

      – Não tem o telemóvel com ele.

      – Então, o que procura no meu telemóvel?

      – Um número pré-pago. Um endereço de correio eletrónico de um remetente desconhecido.

      – Como sabe que não tem o telemóvel com ele?

      Ignorando a pergunta, ele continuou:

      – Tem outro telemóvel?

      Regan franziu o sobrolho. Porque é que Chad não levara o telemóvel? Era como parte da sua pessoa.

      – Não, mas se tivesse, não lhe diria.

      Olhou fixamente para ela e ela sentiu um calor forte na barriga.

      – Gosta de me provocar, não é verdade, menina James?

      Regan sentiu que o coração acelerava. Não, não gostava de o provocar. Nada.

      Olhou para ela e guardou o telemóvel no bolso. Desejava dizer-lhe que não podia ficar com ele, mas, àquelas alturas, a única coisa que queria era que se fosse embora.

      – Satisfeito? – perguntou Regan.

      – Nem por isso. – Olhou par ela de cima a baixo e ela recordou que estava nua por baixo do robe.

      O quarto parecia muito mais pequeno e o ambiente tornou-se muito mais tenso, fazendo com que fosse impossível respirar. Aquele homem afetava diretamente o seu sistema. Não havia dúvida.

      – Porque decidiu entrar num avião e vir até aqui depois da mensagem?

      – Eu… – Regan engoliu em seco. – Estava preocupada. Não é normal que o Chad não esteja localizável.

      – Portanto, veio até aqui pensando que podia ter algum problema? Dá sempre prioridade ao seu irmão ou gosta de se sentir indispensável?

      As suas palavras feriram o orgulho de Regan, porque havia um pouco de verdade nelas. Transformar-se na tutora de Chad e perder-se no papel ajudara-a a preencher um vazio na sua vida e a superar a dor da perda dos seus pais.

      – Não me conhece – disse, corada.

      – Nem quero. Vista-se! – ordenou, antes de sair da casa de banho.

      Regan

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