Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes
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— Parabéns pra você! Parabéns pra você!... — cantavam algumas pessoas, sorrindo e olhando para mim.
Na sala de estar estavam Marcus, Núbia, Arthur, dois ou três conhecidos do meu irmão, um garçom, e Aidan. Depois dos parabéns, dei um beijo de agradecimento em cada um. Arthur, meu sobrinho de cinco anos, segurava o bolo e dizia com voz angelical:
— Tio, tem que fazer um pedido e apagar a velinha.
Como resistir a tanta doçura deste menino? Pensei. Fiz o pedido e apaguei a vela sob aplausos discretos. Quando percebi as bebidas, a música tocando e Aidan me olhando, pensei: Preciso de Richard aqui, agora! Ele vai me salvar. Necessitava de apoio, caso Aidan aprontasse. E ele sempre aprontava comigo, principalmente em público. Tomei o celular e liguei para Richard.
— Meu irmão fez uma festa surpresa aqui em casa. Por favor, volte rápido!
Não podia deixar de dizer algumas palavras a todos, mas queria que Richard estivesse presente. Então, esperei. Passeei discretamente pelos convidados, agradecendo a presença, até chegar ao meu irmão.
— Eu amo muito você, sabia? Obrigado! — disse a Marcus, abraçando-o e beijando-lhe o rosto.
— Você sabe que papai não está aqui por causa da mamãe, não é, maninho? — justificava ele.
E, antes que eu dissesse algo, uma mão se apossou da minha cintura e pressionou meu corpo contra ela. Era Aidan.
— O seu presente. Espero que goste — disse ele.
Aidan estendeu diante dos meus olhos uma caixinha preta aveludada. No alto da caixinha, um cisne negro e um S ao lado em alto-relevo prateado chamava a atenção.
— Será o que estou pensando? — perguntei, curioso, com meio sorriso nos lábios.
— Abra-a! — respondeu, levando o copo de uísque à boca, tentando disfarçar a ansiedade.
— Ah! Não acredito! — exclamei.
Era um lindo par de abotoaduras.
— Deixe-me mostrar uma coisa — falou ele, tirando a mão da minha cintura e, por trás de mim, mostrando os cristais Swarovski & Ônix Negro nas bordas das abotoaduras.
— A vendedora me disse que é o último lançamento da marca para os homens. Imaginei que você ainda não tivesse — completou ele.
E não tinha.
— Obrigado, Aidan! Gostei muito! — disse, dando-lhe um beijo demorado no rosto, enquanto ele apertava minha cintura contra a dele, suavemente.
O presente não impressionou somente a mim. Núbia, minha cunhada, aproveitou o momento para alfinetar meu irmão.
— Nossa, Gaius! Que presente, hein? Também gostaria de ganhar um desses de vez em quando.
Nossas risadas deixaram Marcus constrangido, mas ele conseguiu se safar elegantemente:
— Claro, meu amor — comentou ele, dando um gole no champanhe, levemente envergonhado.
Núbia era uma mulher de pouco mais de trinta anos. Tinha uma estatura mediana, cabelos curtos e pretos, que combinavam com seus olhos escuros. Sua pele clara e o corpo conservado, resultado de horas de ginástica na academia e de uma alimentação balanceada, faziam dela uma mulher bela e sexy. Tinha bom gosto para se vestir. Não trabalhava, e passava parte do dia cuidando do meu sobrinho, que sofria de asma, e precisava de atenção. A beleza dela com a de Marcus faziam deles um casal admirável.
Estávamos ali, comemorando meu aniversário, enquanto bebíamos, comíamos alguns aperitivos servidos pelos garçons, e falávamos amenidades, entre uma risada e outra. Havia um clima amistoso e descontraído entre nós. Lembro-me que comentava que ainda me sentia imaturo para ir à faculdade, pois não sabia o que queria fazer. Era apaixonado por fotografias, e pensava em trilhar esse caminho profissionalmente. Não queria apressar-me, afinal estava fazendo apenas dezessete anos e ainda tinha tempo para discernir o que fazer da minha vida. Papai sempre tentou me levar para o mundo dos negócios, da administração, dos escritórios, mas, vendo a vida do meu irmão, nunca me senti atraído. E, realmente, papai nunca conseguiu o que queria. Enquanto falava, fui interrompido pela campainha.
— É Richard! Com licença — disse, dando as costas a Marcus e Aidan, caminhando até a porta.
— Meu amigo, que bom que veio. Vejo que trouxe alguém com você. Quem é? — perguntei, enquanto o abraçava.
— Este é Pablo. Este é Gaius. A festinha está animada. Nós queremos beber — respondeu, entrando no apartamento com seu amigo Pablo.
O garçom recebeu os casacos deles, e eu os levei até o meu irmão.
— Pablo, este é o meu irmão Marcus, a esposa dele, Núbia, e um amigo da família, Aidan. Bom, Richard todos vocês já conhecem, não é? — comentei, descontraidamente, fazendo as devidas apresentações.
Aproveitei que todos estavam conversando e fui em busca do garçom, e pedi:
— Por favor, desligue a música e me traga uma taça de champanhe.
Pedi a atenção de todos para o discurso.
— Um minuto, por favor. Hoje é um dia muito especial para mim...
Uma voz estridente se sobressaiu à minha, interrompendo-me. Era Aidan, visivelmente bêbado.
— Peço a todos que escutem o que eu tenho a dizer: Hoje é um dia muito importante para nós que somos amigos de Gaius. Afinal, quem não se lembra dos seus dezessete, não é? Bom, às vezes é melhor não lembrar.
As gargalhadas o interromperam, mas ele continuou mirando em meus olhos e discursando:
— Desejamos toda a felicidade do mundo a você, pois o amamos e lhe queremos bem.
Neste momento, caminhou em minha direção.
— Não é segredo para muitos aqui que gosto de você. Nunca escondi o que sinto, e sabe disso. Lamento que seus pais não estejam aqui para ouvir o que tenho a dizer. Mas quero falar diante do seu irmão: eu amo muito você, e quero passar todos os dias da minha vida ao seu lado.
Ele segurou minha mão, olhou-me com os olhos marejados e perguntou:
— Gaius, você quer namorar comigo?
Não sabia se socava a cara de felicidade de Richard ou o rosto de bobo apaixonado de