Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes

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Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes

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encaixaram seus ombros sobre meus braços abertos, um de cada lado, ajudando-me a sair da piscina. O homem de olhos pretos segurou-me nos braços e me levava em direção às cadeiras de sol, quando Aidan avistou-nos de longe e correu ao nosso encontro.

      — O que houve? O que você tem? — perguntou, ansioso.

      — Não foi nada. Ele só teve uma câimbra respondeu calmamente o homem que me carregava, enquanto me deitava na cadeira.

      De costas para mim, Marcus continuava ao celular e não viu nada do que acontecia.

      — Obrigado! Por favor, você pode chamar meu irmão? É aquele que está ao celular — pedi ao homem de pele queimada, que parecia ter menos de vinte anos.

      — Está sentindo alguma coisa? — perguntou-me o de olhos pretos.

      — É que está doendo muito — agarrei a perna na tentativa de fazer parar a dor e comecei a chorar.

      — Ei! Calma. Olhe! Eu sou fisioterapeuta. Vou fazer uma massagem e, logo, vai passar. Certo?

      Aidan, rapidamente, trouxe um óleo para a pele, e o homem massageava minha perna, enquanto conversava comigo. Dizia-me ele que ter câimbra em piscinas é normal, e, também, que certos alimentos ajudam a evitá-las, e ficou a citar alguns. Sorridente, afirmou que iria pedir à minha mãe para cuidar melhor da minha alimentação. Naquele instante, fitei-o.

      — Minha mãe morreu há alguns meses — comentei baixinho.

      Ele enrubesceu e se desculpou pelo comentário:

      — Eu não sabia. Sinto muito.

      Era tarde demais, pois o choro havia se apossado de mim.

      Marcus e o outro homem chegaram e encontram Aidan agachado, tentando me consolar, o fisioterapeuta em pé, e eu, chorando.

      — Ei, maninho. O que foi? O que houve? — perguntou meu irmão, beijando-me o rosto, tentando me acalmar.

      — Eu... eu quero ir embora — disse eu, e enxugava as lágrimas com as mãos, tentando não tremer o queixo.

      Aidan explicava que eu tive uma câimbra na piscina e que aqueles homens me ajudaram.

      — Olhe, maninho. Foi só uma câimbra. Já vai passar. Calma, certo? — repetia Marcus, acarinhando-me os cabelos.

      Meu irmão apresentou-se aos homens que me ajudaram e franziu a testa ao olhar para o fisioterapeuta. Então, falou:

      — Conhecemo-nos de algum lugar? — olhando-o, curioso.

      Foi quando uma surpresa invadiu meus ouvidos.

      — Acho que estive no apartamento do Senhor em Nova Iorque com Richard no aniversário dele. Sou Pablo, e este é o meu irmão Juan.

      Parei de chorar no mesmo instante. Olhei para eles dois e pensei: O quê? Que mundo pequeno, meu Deus!

      Ao lado da piscina, um espaço aberto permitia que respirássemos o ar daquele entardecer. O sol se escondia lentamente diante de nossos olhos. A noite dava as caras em Monte Carlo, e os últimos raios do crepúsculo só poderiam ser apreciados por mais alguns instantes antes de ela firmar-se por completo. A tarde aquecida dava lugar ao vento refrescante e agradável da noite. Mais parecia vento de verão, mas não era, pois estávamos no inverno. Lembro-me bem que aquela mescla de vento, pôr do sol e chegada da noite tornou-se mágica para mim. Aquilo me despertou sensações e desejos. No dia seguinte àquele é que descobri que eu não estava inebriado de alguma força sobrenatural e sob os efeitos das belezas da natureza. Era bebida mesmo. Eu estava quase bêbado! Mas como foi bom estar relaxado naquele dia, e melhor ainda foi o que aconteceu à noite! Que noite! Que noite, meu Deus! Depois do incidente com a minha perna e da feliz coincidência de todos nós termos nos reencontrado, meu irmão, civilizado como era, convidou Pablo e Juan para sentarem conosco. Horas de conversa e muitos drinks foram o suficiente para que meus olhos faiscassem diante do belo Pablo. Ele era latino, nascido no México. Os cabelos pretos e lisos chamavam a atenção, quando iam de encontro ao vento. A barba por fazer e o sorriso travesso eram um charme à parte. E o corpo? Que corpo, meu Deus! Era alto, forte, de pele queimada e exibia uma tatuagem pouco acima da axila esquerda. Todas as vezes que ele levava as mãos ao cabelo por causa do vento, eu tentava adivinhar que tatoo era aquela. Como ele se sentou perto de mim, e do outro lado da mesa estavam Marcus, Juan e Aidan, conversando empolgadamente, nós ficamos mais à vontade. De início, falávamos amenidades. Contou-me ele que, no dia do meu aniversário, poucas horas antes de ir ao apartamento do meu irmão, quase tinha sido atropelado na Times Square, mas, felizmente, nada de grave houve. Disse, ainda, que estava morando em Nova Iorque havia pouco tempo, e que estava gostando de trabalhar como fisioterapeuta. Falávamos sobre os bons lugares de se frequentar em Manhattan, e também sobre como era a vida dele no México. Entre drinks e risadas, um pensamento me invadiu: Será que ele é gay? Não vou dizer nada comprometedor, pois acho que não é. Mas que é um homem bonito, é! Ele é tão masculino! A certeza viria poucos instantes depois.

      — Sua perna está melhor? — perguntou ele, olhando-me com aqueles olhos pretos e brilhantes.

      — Sim. Não está mais doendo.

      — Deixe-me ver — pediu, tomando minha perna, apoiando-a em sua coxa.

      Levemente, ele apalpava minha panturrilha direita, enquanto me olhava e perguntava se doía. A cada “não” que eu respondia, ele subia as mãos um pouco mais e suavizava a voz.

      — Dói aqui? ... E aqui? ... E aqui?

      E continuou perguntando até o sorriso tomar conta de nós dois e eu perceber que ele estava me fazendo um carinho e me olhando com desejo em vez de me examinar.

      — Que olhos, meu Deus!pensei e falei.

      E ele ouviu.

      — Você gosta dos meus olhos? — perguntou-me, sorrindo, meio envergonhado, com a voz baixa.

      — Gostorespondi, baixinho, mirando bem em sua pupila.

      Uma tossida nos desconcentrou. Era Aidan, olhando-nos. Que inferno! Ele está aqui, e de cara feia! Tirei minha perna da coxa do Pablo e pensei: Nunca vi Aidan falando espanhol. Ele é holandês e mora em Nova Iorque desde pequeno. Não deve saber nada da língua latina. Resolvi arriscar a conversar com Pablo em espanhol. E, mentalmente, agradeci à minha mãe e as professoras particulares que tive durante toda a infância, por me ensinarem a falar fluentemente três línguas antes dos dezessete anos:

      Pablo, vou aproveitar que você é mexicano e praticar meu espanhol. Acho que ele não vai entender nada do que dissermoscomentei, diminuindo a voz para que Aidan não escutasse.

      Pablo, que já tinha presenciado o vexame de Aidan no dia do meu aniversário, e, naquele dia, a cara feia dele para nós a tarde inteira, entendeu o que quis dizer.

      Sim! Como você quiser. Posso lhe dizer uma coisa? — respondeu ele, diminuindo a voz, em espanhol.

      Sim! — disse, curioso.

      Quero beijar você desde

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