Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes

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Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes

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resposta. Os segundos tornaram-se horas, e a angústia apossava-se de mim. Bruscamente, larguei a mão de Aidan, e o encarei com raiva.

      — Com licença! — e corri ao meu quarto, trancando-me.

      Como num lampejo, toda essa história me veio à mente, quando vi Aidan naquela piscina em Monte Carlo. Desde aquele dia desagradável, não tinha estado com ele, pois, poucas semanas depois decidi morar com meus pais em Mônaco para cuidar da minha mãe. Ele mandou-me flores, quando soube do falecimento dela, e o cartão era o reflexo do que sentia sobre a dor da morte da minha mãe e o vexame no meu aniversário:

      “Sinto muito pela sua mãe. Sinto muito pelo que aconteceu no dia do seu aniversário. Gosto de você! Aidan”.

      E ele estava ali, diante de mim.

      — Gaius, Gaius! Oi? — disse meu irmão.

      — Sim — respondi, forçando um sorriso.

      — Parece distante, maninho.

      — Não. Não estou. Tudo bem.

      Fiz sinal ao garçom e pedi mais um Kir na tentativa de evitar iniciar uma conversa com Aidan, embora soubesse que era impossível, pois só estávamos nós três à mesa. Marcus percebeu meu desconforto e, logo, perguntou-lhe como estava seu pai. Eles dois sempre foram bom de papo, então os deixei conversarem. Instantes depois, comentei:

      — Acho que vou mergulhar.

      — Você trouxe calção de banho? — perguntou Marcus.

      — Se você quiser, Gaius, pode usar o meu. Na minha suíte tem tudo de que precisa — disse Aidan antes que eu respondesse.

      — Você está hospedado aqui, Aidan? Por que não ficou na nossa casa? Papai gosta tanto de você — indagou meu irmão.

      Aidan enrubesceu e olhou para mim.

      — É que eu não sabia que você estava aqui, meu amigo. E acho que Gaius não iria querer me receber.

      Olhei-o com ódio. Como ele pôde dizer isso? Que cínico, meu Deus! Pensei.

      — Não se preocupe, Aidan. Nossa casa é muito grande. Nem iríamos nos encontrar. Com licença — respondi, debochado, levantando-me e saindo da mesa.

      — Você quer que eu o acompanhe até a... — ofereceu-se ele.

      E, antes que ele terminasse a frase, intervi:

      — Não precisa! Vou sozinho!

      Dei alguns passos em direção ao hall do hotel, mas ainda consegui ouvir o comentário deles dois:

      — É, meu amigo, você se apaixonou por um garoto bem bravinho — disse meu irmão.

      — E você acha que eu já não percebi? — respondeu Aidan.

      Ouvi as risadas. E eu mesmo ri.

      Ao entrar na suíte, dei de cara com A ponte japonesa pendurado na parede acima da cama. Que bálsamo! Adoro Monet, meu Deus! E com a televisão ligada também. Que desleixado! Pensei. Caminhei vagarosamente até o banheiro, apreciando a clássica decoração inspirada no estilo Luís XVI. Dois pequenos abajures, um de cada lado da cama, uma cortina de tecido grosso de cor pastel e com bordas vermelho escuro, duas poltronas aveludadas brancas e um tapete de cor dourado envelhecido, que cobria o assoalho de madeira fina, ofereciam um ar imponente ao ambiente. No banheiro, o aroma do Givenchy Gentleman me recepcionou. Será que ele só usa Givenchy porque está em Mônaco? Não importa. Pensei. Precisava de um calção. Procurei nas gavetas e achei dois, um preto de cintura larga, e um branco, de cintura ajustável. Não poderia usar o preto, era largo demais e eu iria me perder lá dentro. Sobrou-me o branco. Ainda bem que estou de cueca preta. Pensei. Tirei minhas roupas e sapatos e dispus tudo sobre a cômoda do espelho. Vesti o calção e ajustei a cintura. Realmente estou muito magro. Papai está certo. Tomei um dos pares de sandálias de dedo que estavam ao chão do banheiro e virei-me para sair. Foi quando me assustei. Oh, meu Deus! O que ele está fazendo aqui? Não acredito que estava me olhando trocar de roupa! Que ódio! Que ódio, meu Deus! Pensei. Aidan estava parado na porta da suíte, olhando-me. Meio desconcertado, com a voz gaguejando, sem decidir se seus olhos paravam em minha cintura ou em meu rosto e, coçando sua barba suavemente, disse:

      — É que... eu não lhe disse que... que o calção estava na gaveta do banheiro. Você saiu tão rápido da mesa e... e eu não tive tempo. Fiquei com medo de não achar.

      — Não se preocupe, Aidan. Eu achei — comentei, com indiferença, caminhando em direção à porta.

      — Espere! É melhor levar uma toalha e um protetor. Você tem a pele muito branca. A piscina é coberta, mas entra sol. Eu vou pegar.

      Ele passou por mim em direção ao banheiro, e eu fui ao lugar onde ele estava. Depois, entregou-me uma toalha branca e um protetor solar, comentando:

      — Se você quiser, posso passar nas suas costas.

      — Peço para o meu irmão. Obrigado — e dei as costas para sair, quando ele segurou meu braço e me virou de frente para ele.

      — Olha, Gaius! Sei que as coisas ficaram estranhas entre nós depois do seu aniversário, mas quero que saiba que sinto muito pelo que aconteceu naquela noite. Não foi minha intenção constranger você, eu só... — falou, olhando-me com cara de arrependido.

      — Você só bebeu demais e tentou forçar uma história que não existe entre nós, Aidan! E, por favor, largue o meu braço — completei, irritado, olhando-o nos olhos.

      Depois que ele me soltou, dei as costas, saí da suíte e caminhei em direção ao elevador, que ficava no final do corredor. Quantos quadros bonitos, meu Deus! Este hotel tem bom gosto! Pensei. Ao lado do elevador, um grande espelho refletia a imagem de Aidan, fechando a porta da suíte e encarando minhas costas. Ele vestia somente um calção branco, seus cabelos castanhos estavam molhados e bagunçados, e seus olhos estavam cheios de luxúria. Tenho certeza, meu Deus! Ele quer fazer sexo comigo. Pensei.

      Chegando à piscina, vi meu irmão ao celular. Estendi o protetor diante dele e sentei-me de costas. Marcus falava sobre negócios, enquanto espalhava o protetor solar primeiro em meus ombros, depois no meio das costas, e, por último, já perto das nádegas. Que mãos fortes têm o meu irmão! Pensei. Dei um tchauzinho a ele e mergulhei. Havia poucas pessoas na piscina, talvez três ou quatro casais, mais dois homens e algumas crianças. A água estava morna, e eu nadava de uma ponta a outra, quando uma câimbra me paralisou.

      — Não acredito! Ai que dor, meu Deus! Está doendo demais! — exclamei.

      A dor era insuportável, e eu fiquei paralisado no meio da piscina na esperança de ela me deixar. Mas não passava e eu fazia cara feia, quando vi que dois homens me olhavam, curiosos.

      — Oi! Você está bem? — perguntou-me um homem de olhos pretos.

      Como não respondi, eles foram em minha direção.

      — Oi! O que você tem? — perguntou-me outro homem, mais jovem que o primeiro, e com a pele queimada pelo sol.

      — É que

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