Pintar Com O Dragão. Olga Kryuchkova

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Pintar Com O Dragão - Olga Kryuchkova

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completamente fictícia.

       Capítulo 1 . Ōi e o Casamento dos Ratos

      No décimo nono ano do reinado do Imperador Kōkaku (1798, reinado do 119 imperador).

      Na ilha de Honshu, na sua parte mais a leste está localizada a cidade de Edo1. Tinha uma riqueza histórica. Era uma vez, um terreno pantanoso onde é atualmente a cidade. E sítio onde o Rio Sumida banhava uma baía chamada "Edo", que significa "portão da baía" ou "boca do rio".

      No longínquo século XII, há cerca de seiscentos anos atrás, um governante local construiu uma pequena fortificação nesta zona. Contudo, a história oficial da cidade de Edo começou mais tarde, trezentos anos mais tarde (1456). Quando um governante dessa época pertencente ao clã dos Uesugi chamado Ōta Dōkan, ordenou a construção de um pequeno castelo para se defender dos seus inimigos. Foi à data do término da construção deste castelo que se atribuiu a fundação da cidade de Edo.

      Gradualmente, a cidade e o castelo foram crescendo. No entanto, doze anos após a sua formação oficial (1468), Ōta Dōkan foi assassinado, e assim Edo rapidamente caiu em desgraça. Pouco transformada, a cidade tinha mais de cem anos.

      Mas como todos sabemos, mais tarde ou mais cedo tudo acaba. E pouco mais de um século depois2, estas terras foram anexadas aos títulos de3 Tokugawa Ieyasu. À época, o castelo erigido por Ōta Dōkan estava deplorável. Os locais tinham-se fixado em pequenas povoações à volta do castelo. A cidade nem tinha uma muralha para se proteger!

      Ieyasu Tokugawa, sendo ele uma pessoa de mente aberta e inteligente, rapidamente percebeu que a cidade de Edo representava grande vantagem económica e estratégica. Assim sendo, começou por impulsionar a cidade e restaurar o castelo.

      Nove anos mais tarde, quando no futuro se tornou Tokugawa shogun4 a segunda pessoa mais poderosa do país. Edo transformou-se numa cidade cheia de vida. De forma a assegurar o controlo sob os seus territórios, Ieyasu ordenou a construção de cinco estradas principais a partir de Edo. Cada uma destas estradas ligava a cidade às principais estradas do império.

      Ao tornar-se num Shogun (em 1603), Tokugawa decidiu fazer de Edo a sua residência. Nos anos seguintes dedicou-se exclusivamente a expandir e a aperfeiçoar o castelo de Edo. O centro da cidade foi construído tendo por base o modelo da capital Heian. Esta por sua vez foi construída seguindo os exemplos clássicos das antigas capitais chinesas.

      (Heian era chamada de capital da paz; o seu outro nome é Miyako.) A capital foi desenhada de acordo com o plano urbanístico chinês em "xadrez". Na parte Nordeste, as primeiras linhas de casas de Heian, que estão mais próximas do Mikado (Imperador) pertencem ao tribunal aristocrático. Elas elevam-se entre a primeira e segunda linha onde as ruas de Konoe, Nakamikado e Ōimikado se intersetam juntamente com as grandes estradas de Higashi no Toin, Nishi no Toin e Horikawa. Quanto mais afastadas da primeira linha fossem as casas, menos posses tinha o seu proprietário. Na parte Oriente e Ocidente de Heian havia dois mercados com a mais variada gama de produtos. E ainda havia mais dois templos na parte Sul. As restantes edificações religiosas localizavam-se fora de Miyako. Na parte central da cidade estava a avenida de Suzaku. Se observada pelos olhos de um pássaro durante um voo a cidade assemelhava-se a um retângulo.

      Resultante desta situação, a área que envolvia o castelo também sofreu alterações: os pantanos estão cobertos e as colinas niveladas.

      Vários materiais de construção foram trazidos através do canal que ligava a baía ao centro da cidade.

      Bem como, a ponte de Nihonbashi construída alguns anos mais tarde, que significa "Ponte Japonesa" foi considerada lugar de destaque pelo país. Por ordem dada por Tokugawa, durante séculos todas as distâncias eram calculadas através desta ponte.

      Consequentemente, os Shogun atraíram a chegada de cientistas, artesãos, artistas e escritores a Edo. E assim, a cidade foi crescendo e tornando-se o centro cultural do país. Quando comparada à Europa, Edo na sua dimensão superava grandes metrópoles como Londres ou Roma.

      Posteriormente (em 1645) foram divididos os vários distritos da cidade. A entrada para cada um dos distritos era feita por vários portões, que estavam fechados desde a meia hora do porco até de madrugada5. O motivo destas medidas era evitar motins durante a noite, mas também para dificultar atividades criminais da máfia que existia em Edo.

      Para além disso, tal como qualquer outra cidade com vários edifícios os fogos eram uma recorrente em Edo. Havia sempre um grande incêndio a cada três anos. Deste modo, para resistir ao destrutívo elemento do fogo, formou-se o primeiro grupo de bombeiros durante o reinado do terceiro shogun Tokugawa Iemitsu6. Por fim, os cidadãos começaram a ajudar a apagar os fogos e como resultado surgiram novos grupos de bombeiros rapidamente. No entanto, esta medida não ajudava a solucionar o problema por completo.

      A outra patologia, para além dos fogos, que o Japão padecia tal como outras cidades era os sismos. Infelizmente, era impossível as pessoas resistirem ao seu poder destrutivo.

      E claro que era em Edo o famoso distrito de Yoshiwara da Luz-vermelha. É de notar que durante o reinado do primeiro shogun Tokugawa Ieyasu, a prostituição de homens e mulheres estava amplamente disseminada pelo Japão. O que levou a que o segundo Tokugawa shogun, Hidetada7, criasse um decreto especial no décimo segundo ano do seu reinado (em 1617). De acordo com este decreto, a prostituição era ilegal fora e em especial dentro dos distritos fechados. Sendo estes Shimabara em Heian, Shinmachi em Osaka e Yoshiwara em Edo. Em Yoshiwara, mais de metade das cortesãs japonesas oficiais pertencentes à corte de yūjo trabalhava em Yoshiwara.

      Em Yoshiwara, mais de metade das cortesãs oficiais japonesas de yūjo estavam referenciadas. Muitas mulheres foram parar ao distrito da Luz-vermelha quando eram ainda crianças: foram vendidas pelos pais com idades entre os sete e os doze. Algumas tiveram mais sorte e tornaram-se aprendizas de cortesãs de sucesso de classe alta. E quando as raparigas terminavam os seus estudos, elas próprias tornavam-se cortesãs.

      Contudo, muitas mulheres de Yoshiwara sofriam com doenças sexualmente transmissíveis. Muitas das yūjo tinham sífilis entre outras maleitas terríveis.

      Para as yūjo, deixar Yoshiwara só era possível de duas formas: ou eram compradas por um homem rico para ser sua mulher ou concubina ou se uma mulher as comprasse. Claro que a última hipótese só acontecia se a mulher fosse uma yūjo muito bem-sucedida. Embora fosse raro acontecer: muitas trabalhadoras dos bordéis morriam cedo devido a doenças sexualmente transmissíveis ou de abortos mal sucedidos antes do final dos seus contratos. Tipicamente, o contrato com um bordel findava em cinco ou dez anos, mas muitas mulheres tinham dividas exorbitantes que as prendiam lá para o resto da vida.

      Afinal as raparigas tinham de pagar não só o valor da divida pela qual foram compradas. Tal como o total acumulado dos gastos durante a sua aprendizagem no bordel enquanto eram aprendizas. Até que começassem a trabalhar e dar lucro, as raparigas eram da total responsabilidade do bordel. Era lhes providenciada roupa e comida. E todas estas despesas eram eventualmente somadas à sua divida inicial juntamente com uma taxa de interesse.

      Comprar-se a si própria não era tarefa fácil. Para além disso os serviços das cortesãs eram pagos pelos clientes ao proprietário do bordel. Estes por sua vez ficavam com a maior parte dos lucros para si. Visto que, manter um bordel não era tarefa fácil. Era preciso comprar aprendizas, comprar bebidas e comida para os clientes. E ainda pagar todos os gastos com a alimentação das aprendizas e trabalhadoras do bordel. Todas estas despesas eram deduzidas dessa percentagem dos lucros que iam para as raparigas. Deste modo, elas nunca

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