Uma Orquidea Para Chandra. Barbara Cartland
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–Claro! Isso mesmo! Examinei a maioria dos que ele apresentou à Sociedade Real Asiática e ao Departamento da Biblioteca da Índia.
–E eu também– retrucou Lord Frome–, são coleções extraordinárias, e as gerações futuras deveriam sentir-se imensamente gratas pelas pessoas que neles trabalharam.
–Duvido!...– murmurou o professor, mas o outro continuou:
–Atualmente, existe um oficial da colônia britânica como residente britânico no Nepal. Foi uma sorte, ele ter convencido o Primeiro-Ministro, de que devia autorizar-me a entrar no país juntamente com um auxiliar. Admitindo que não pretendemos nos demorar muito, uma vez lá, creio que será possível alongar nosso limite de tempo.
–Está tornando tudo mais fácil do que eu esperava– observou o professor.
–Nada é fácil quando se está lidando com o Oriente. Teremos apenas que fazer as coisas gradualmente. O primeiro passo já foi dado, com a permissão de visitar o Nepal durante um tempo limitado.
–Os nepaleses não criarão dificuldades com a remoção de seus tesouros?– perguntou o professor.
–Duvido que saibam o valor deles, não em termos de dinheiro, naturalmente, mas a sua importância intelectual. Não preciso dizer-lhe, professor, que se encontrarmos o “Manuscrito Lótus”, conforme o chamamos, toda a humanidade inteligente se beneficiará posteriormente desse grande achado!
–Não nos resta senão rezar, para que seu informante não tenha sido iludido por informações falsas.
–Tenho um pressentimento, e costumo segui-los, de que vamos encontrar o manuscrito! E ele será trazido para cá, a fim de que o senhor possa realizar seu trabalho de pesquisa e tradução.
Lord Frome devia ter se levantado, pois Chandra ouviu o ruído de uma cadeira sendo empurrada, escutando depois:
–Parto esta noite, professor, e espero que possa juntar-se a mim, o mais depressa possível, em Bairagnia.
–Como poderei fazer isso? Não planejei nada!
–Tomei a liberdade de reservar uma cabine no navio Bezwada, que vai zarpar de Southampton, na próxima quarta-feira. Quando o senhor chegar a Bombaim, já deverei ter partido para o norte, mas o esperarei em Bairagnia.
Fez uma pausa, e Chandra presumiu que estivesse sorrindo ao dizer:
–Sei que já andou muito a cavalo, professor… espero que não tenha abandonado esse exercício ao viver aqui na Inglaterra.
–Está dizendo que precisarei montar para entrar no Nepal?
–Isso mesmo, a estrada de ferro termina em Bairagnia. Depois, leva-se dois dias cavalgando por uma região montanhosa antes de chegar à “estrada”, se é que assim possamos chamá-la, a que vai dar a Katmandu.
–Não poderá ser pior do que a viagem que fiz a cavalo para o Tibete, há dez anos. Às vezes imagino como não morri congelado ou me perdi nas tempestades de neve que quase me impossibilitavam de encontrar o caminho.
–Um passo em falso e estaria no precipício!– acrescentou Lord Frome, rindo–, o Nepal não é assim tão ruim, embora seja chamado “o teto do mundo”.
–Tranquiliza-me, milorde– observou o professor–, eu ando muito bem a cavalo.
–Aqui está sua passagem para o navio e dinheiro suficiente para as despesas da viagem. Um de meus empregados o esperará em Bombaim, com as passagens do trem. Ele vai viajar com o senhor e cuidar para que tudo lhe seja satisfatório.
–Sempre soube que o senhor é um homem prático e um viajante muito eficiente, milorde– observou o professor.
–Realmente sou– replicou Lord Frome, num tom um tanto duro.
–Faço meus planos com bastante antecedência, e se não forem impedidos por qualquer imprevisto, tudo corre calmamente.
–Vou esperar ansiosamente pela nossa grande aventura no Nepal– disse o professor–, e como o senhor sempre é bem-sucedido, milorde, espero que desta vez não se dececione.
–Duvido muito– replicou Lord Frome.
Chandra escutou os dois atravessarem o escritório dirigindo-se para o vestíbulo. Compreendeu que seu pai estava acompanhando o Lord até a porta de entrada.
Pensou em juntar-se aos dois, mas desistiu. Tinha a impressão de que ele não se interessava pela vida particular de seu pai, e tampouco fazia questão de conhecê-la.
Lord Frome não se preocupara por estar interrompendo a vida familiar do professor, se é que sabia de sua existência, ao ordenar aquela partida, quase que imediata para o Nepal.
Pela sua voz autoritária, deduziu que devia ser um homem habituado a dar ordens sem admitir réplicas. Evidentemente, sabia que o professor ficaria emocionadíssimo ao ouvir falar do manuscrito raro e até o momento desconhecido.
Contudo, poderia ter mostrado um pouco de humanidade, desculpando-se pelo transtorno que estaria causando a um homem idoso, tendo que abandonar sua casa na Inglaterra sem um aviso prévio de alguns dias.
Ao ouvir bater a porta de entrada, Chandra saiu da sala de visitas escura. O pai estava voltando para o escritório. Em seu rosto transparecia uma expressão de deslumbramento.
–Papai…– ele porém, a interrompeu.
–Pôde escutar o que foi dito, Chandra? Presumi que o fizesse na sala vizinha.
–Sim, papai. Estive ouvindo.
–Imagine! O “Manuscrito Lótus”! Sempre ouvi falar e sonhei com ele desde menino. Jamais pensei que o veria… que pudesse tê-lo em minhas mãos!
–Não pode ter certeza de que o encontrará, papai. Por favor, conte-me algo a seu respeito.
O professor deixou-se cair numa poltrona de couro desbotado e gasto, mas a mais confortável da sala.
–Segundo se supõe, o “Manuscrito Lótus”, como é conhecido na linguagem comum entre os estudiosos dos textos orientais, foi escrito por um dos discípulos de Buda enquanto ele ainda vivia. Nele estão narradas explicações, que não constam de quaisquer outros livros. Por ser tão sagrado para os adeptos de Buda, foi escondido logo após sua morte para evitar que caísse em mãos impróprias.
–Onde o esconderam?– perguntou Chandra.
–Pelo que sei, foi levado de uma lama para outra, carregado pelas montanhas e rios! Sempre foi tratado com grande reverência, contudo não permaneceu em nenhum lugar por muito tempo.
Graças aos seus estudos sobre o Oriente, Chandra sabia que isso era típico daqueles homens santos que sempre suspeitavam que algo de tão precioso pudesse ser roubado ou, o que era pior, dos inimigos de sua religião que desejassem destruir o