Uma Orquidea Para Chandra. Barbara Cartland
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–Mas, papai, não vê que essa viagem será muito penosa? O senhor será forte o suficiente para empreendê-la? Para poder cavalgar pelas montanhas?
Como o pai não respondesse, prosseguiu:
–Sei que o senhor já fez isso no passado… mas era muito mais moço.
–Ainda não estou senil– replicou o professor, rispidamente–, não vejo nenhum motivo para não tornar a fazer o que fiz inúmeras vezes no passado.
Pela expressão do pai, compreendeu que ele estava enlevado pela ideia daquela viagem, e não adiantava tentar dissuadi-lo. Em vez disso, o melhor que teria a fazer para auxiliá-lo era supri-lo de todo amor e conforto. Aproximou-se dele e beijou-lhe a testa.
–Será muito emocionante, papai. Gostaria de poder ir com o senhor.
–Eu também, querida. Para ser franco, sentirei sua falta.
Chandra sabia que era verdade. Ele a sentiria, não só porque se habituara a ser cuidado por ela, mas por confiar no trabalho que faziam juntos.
–Sei que se arranjará sem mim– disse ela em voz alta, para inspirar-lhe confiança–, só que existe uma dificuldade… o que eu vou viver, enquanto o senhor estiver fora?
Julgou que seu pai lhe diria que não desejava ser importunado com raiz banalidades, mas ele respondeu:
–É evidente que não ouviu o que o Lord Frome me disse ao sair do escritório.
–O que foi, papai?
–Disse: “Esqueci de mencionar, professor, que insisto em pagar muito bem pelos seus serviços. Eis aqui um cheque de seiscentas libras, e haverá um outro da mesma importância para quando voltar com o manuscrito, e nele começar a trabalhar”.
–Mil e duzentas libras! Mal posso acreditar, papai!
–Parece uma quantia enorme– retrucou o professor–, mas enquanto isso… haverá despesas, e evidentemente ignoramos quanto tempo levarei para traduzir o manuscrito.
No momento, Chandra estava disposta a dispensar tudo aquilo como desnecessário. O que importava era poder pagar as contas na aldeia, e também que Ellen e ela sobreviveriam enquanto seu pai estivesse fora. Enlaçou o pescoço dele, dizendo muito animada:
–Isso é realmente maravilhoso, papai! Estive justamente pensando, ao voltar da aldeia, como poderia dizer-lhe que o Sr. Dart, pediu-me para que pagasse alguma coisa por conta de nossa dívida tão antiga.
–Agora pode pagar tudo!– respondeu ele–, e também aos outros negociantes aos quais estamos devendo.
–Temos muitas dívidas– observou Chandra com um sorriso, sabendo o quanto seu pai era desligado dessas coisas–, mas agora está tudo ótimo. Vou correndo contar a Ellen.
Ellen fora criada de sua mãe. Depois que ela morrera, passara a cuidar dos dois. No momento encontrava-se na cozinha preparando sanduíches de pepino, os prediletos do professor, e fervendo água para o chá. Sua expressão demonstrava que ela estava preocupada com os problemas domésticos.
– Ellen, o que pensa disso?– perguntou Chandra, ao entrar na cozinha.
–O que penso, Chandra? Que está atrasada para o chá, e que temos uma visita.
–A visita já foi, mas deixou um cheque de seiscentas libras!
–Ora, Chandra. Não quero saber de suas brincadeiras. A falta de dinheiro não é assunto para caçoadas.
–Não estou brincando! Estou rindo porque é verdade, Ellen! Quem nos visitou foi Lord Frome, e deixou um cheque de seiscentas libras como pagamento, para que papai vá com ele para o Nepal.
Ellen largou a faca de pão e olhou para Chandra, como se ela tivesse perdido o juízo. Disse, logo em seguida:
–Ir para o Nepal? Sabe que isto é impossível!
–É verdade, Ellen. Papai concordou em ir. Aliás, é o que ele mais deseja na vida! Você acha que será demais para ele esta viagem?
–Não só é demais, como poderá até provocar a morte dele… isso é o que vai acontecer! Não concorda comigo?
Como Chandra não respondesse, ela continuou:
–Sua mãe me disse, inúmeras vezes, que essas viagens demoradas para os países bárbaros acabariam por matar o professor antes do tempo. Como pensa que ele possa sair por aí vagabundeando, nesta época de sua vida?
Chandra pareceu ficar impressionada.
–Bem que pensei que pudesse ser demais para ele, mas está tão emocionado com a ideia, e decidido a ir. Imagine só, Ellen. Agora podemos pagar todas as dívidas. Ainda esta tarde, o Sr. Dart perguntou-me se poderia dar alguma coisa por conta, e eu lhe disse que falaria com papai, mas sabia que não havia nenhuma esperança de saldar essa dívida. E agora temos dinheiro!
–O dinheiro não é tudo, Chandra!– observou Ellen, tornando a cortar fatias de pão–, seu pai é um homem doente, embora não queira admiti-lo.
Chandra sentou-se perto da mesa.
–Se ele não for, teremos que devolver o dinheiro a Lord Frome, e então como vamos viver?
–Não sei, e isso é um fato. Sei que seu pai não está bastante forte para subir montanhas. Sua mãe sempre me disse que aquelas febres o haviam deixado tão fraco quanto uma criança, e que atacaram o coração dele.
–Você está me assustando, Ellen.
–Alguém tem que ter a cabeça no lugar nesta casa!– assim falando, colocou as sanduíches num prato e pegou a bandeja já arrumada com uma toalha de renda e um lindo aparelho de chá. Ellen sempre fazia tudo como quando a mãe de Chandra era viva.
Carregando a bandeja, Ellen foi na frente e Chandra a seguiu. Foi só quando chegaram ao vestíbulo que ela se adiantou para abrir a porta do escritório.
Seu pai estava sentado do mesmo modo como quando o deixara, e um sorriso pairava em seus lábios demonstrando o quanto estava feliz por tudo aquilo.
–Aqui está seu chá, professor– disse Ellen, colocando as coisas numa mesa ao lado dele.
–Obrigado, Ellen. Espero que Chandra já lhe tenha contado as notícias emocionantes.
–São realmente emocionantes– respondeu ela–, mas já imaginou o quanto exigirão de suas forças?
–Estive pensando que será uma das viagens mais excitantes que empreendi em toda a minha vida– disse satisfeito.
–Estive calculando, professor– continuou Ellen, como se ele não tivesse falado–, que há quase dez anos, o senhor partiu numa viagem desse tipo. Caso se lembre, foi para Sikkim.