Uma Orquidea Para Chandra. Barbara Cartland
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–Quando eu as li há alguns anos, não eram bastante antigas para serem realmente valiosas. Pelo menos, segundo a opinião de um colecionador.
–Isso foi há dez anos– insistiu Ellen.
–Está bem, Ellen! Há dez anos!– concordou o professor–, mas ainda estou bastante jovem para ir até o Nepal.
–Espero que pense assim, quando chegar lá, professor, àquela terra perigosa e sem conforto!
Ellen manifestou-se asperamente, e como se não pudesse continuar a falar sem dizer coisas das quais se arrependeria, depois retirou-se impulsivamente.
–Coitada da Ellen...– disse o professor sorrindo–, sempre quis mimar-me, tal qual sua mãe. Você é mais razoável, querida. Compreende que esta é a oportunidade de minha vida e nada me fará perdê-la.
–Entendo, papai, e devo admitir que eu mesma me sinto entusiasmada com o tal “Manuscrito Lótus”.
–Você vai traduzi-lo! Talvez ele venha ser a única obra em sânscrito que realmente conquiste o espírito do mundo moderno!
Chandra sabia quão insignificante era o interesse despertado pelo trabalho de seu pai. Para ela significava beleza, pensamentos inspiradores, que poderiam estimular e enaltecer as mentes daqueles que o compreendiam. Para muitos, suas obras representavam apenas “velhos livros empoeirados”.
Acariciando a cabeça de Chandra, ele falou:
–Tem sido uma boa filha para mim, desde que sua mãe morreu. Ter você comigo me ajudou muito.
–Estou muito contente com isso, e apesar do que Ellen possa dizer, o senhor deve fazer a viagem. Vai se sentir tal qual Jasão à procura do Velocino de Ouro, pois mesmo que não o encontre, haverá a emoção da busca.
Chandra observou um novo brilho no olhar do pai, e ele pareceu-lhe mais jovem. Pensou, então, que ao envelhecer, o que importa é a esperança; ela é melhor do que qualquer tônico que possa ser receitado.
Beijou o pai e disse:
–Vou até o sótão buscar as coisas que mamãe e eu guardamos quando o senhor voltou da viagem a Sikkim. Devem estar perfeitas, pusemos bastante naftalina. As roupas devem servir, afinal, o senhor não engordou tanto assim.
–Não. Ainda sou magro e não será difícil para um cavalo carregar-me pelas montanhas.
–Quero que o senhor faça um diário durante a viagem. Embora tenha sido deixada para trás, eu vou sentir que viajei com o senhor quando ler suas memórias.
–Está bem. Você não poderia ir mesmo. Não é o tipo de viagem conveniente para uma mulher.
–Não foi o que disse quando mamãe insistiu em acompanhá-lo a Sikkim. Não se esqueça de que também fui com você à Índia, e aquele verão estava quentíssimo.
–Sim, apesar da idade, você esteve ótima.
Já na porta, ela parou e disse baixinho:
–Suponho que não adianta perguntar a Lord Frome se posso acompanhá-lo? Afinal, alguém tão importante quanto o senhor tem o direito a um auxiliar. Se quiser, posso ser sua criada particular…
–Passei a vida inteira sem nenhum!– respondeu ele rindo–, gostaria muito de ter você como auxiliar, mas seria uma perda de tempo perguntar isso justamente a Frome.
–Porquê… justamente a Frome?
–Por ter a reputação de inimigo das mulheres. Já ouvi várias histórias a esse respeito. Dizem que começou a viajar pelo mundo por sofrer de um mal de amor.
–Que coisa fascinante! E o senhor sabe quem lhe causou esse “mal de amor”?
–Não tenho a mínima ideia– respondeu o professor–, tudo que sei é que ele é um homem orgulhoso, impetuoso, e que raramente se preocupa em tornar-se simpático, pelo menos no que se refere às mulheres.
–Há quanto tempo o conhece, papai?
–Há muitos anos, e nossos caminhos se cruzaram em várias ocasiões. Lembro-me, de tê-lo encontrado na Índia, quando sua mãe me acompanhou. Ela não o apreciava.
–E por quê?– perguntou Chandra, interessadíssima.
–Julgava-o dominador, agressivo. Talvez ele fosse, naquela época.
–E agora?
–Já não precisa ser agressivo, mas é dominador por si mesmo.
–Está descrevendo-o de modo muito eloquente! Continue!
–Realmente, não sei mais o que lhe dizer– respondeu o pai–, Lord Frome recebeu seu título ainda muito jovem, mas não costuma usá-lo. Prefere ser chamado Damon Frome, salvo quando deseja prevalecer-se dele para fazer o que quer. Creio que foi o que fez, para conseguir entrar no Nepal.
–E por que esse interesse especial por um idioma tão antigo como o sânscrito?
–Não faço ideia!– respondeu o pai, sacudindo os ombros–, é certamente um interesse estranho para um homem tão jovem; não há dúvida de que, no passado, colecionou inúmeros manuscritos extraordinariamente valiosos. A maioria veio do Tibete e, como você sabe, durante todos estes anos, Lord Frome me enviou uma grande quantidade para traduzir.
–E uma vez traduzidos, o que o Lord faz com eles?
–Ele os publica, e eu recebo uma certa quantia dos direitos dos livros vendidos.
–Parece-me ser um tanto misterioso. Que idade tem ele, papai?
–Uns trinta e poucos– disse o pai, encolhendo os ombros–, é desses homens que poderia ter qualquer idade, mas calculo que seja ainda bastante jovem, pois quando o conheci era apenas um menino.
–E é rico?
–Creio que é muito rico. A maioria dos homens de sua idade se diverte frequentando clubes sociais e de hipismo, tentando ganhar o prêmio Derby ou praticando iatismo em Cowes.
–Oh, papai! O senhor é tão engraçado! Comporta-se como se vivesse com a cabeça nas nuvens, mas quando entra no assunto, sabe muito mais sobre o mundo social do que aparenta.
–Um mundo que não me interessa! Sua mãe, teria se divertido nele, quando éramos jovens, embora eu não pense que lhe tenha feito falta.
–Ela não sentia falta de nada quando estava com o senhor. Se o senhor lhe tivesse pedido para morar na Lua, ela iria viver lá muito feliz!
–É verdade– concordou ele–, embora tenhamos passado por muitas privações, sempre conseguimos zombar da vida, porque nos sentíamos felizes estando juntos.
–Eu também, não se esqueça!– lembrou-o Chandra num tom carinhoso.
–Sei