Mestres da Poesia - Mário de Andrade. Mário de Andrade
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Há estilos consagrados para Pacaembus!
Que os nossos antepassados foram homens de truz!
Não lhe bastam velas? Para que mais luz!
Temos nossos coros só no tom de dó!
Para os desafinados, doutrina de cipó!
Usamos capas de seda, é só escovar o pó!
Diariamente à mesa temos mocotó! .
Per omnia saecula saeculorum moinhos terão mó!
Anualmente de sobrecasaca, não de paletó,
Vamos visitar o esqueleto de nossa grande avó!
Glória aos iguais! Um é todos! Todos são um só!
Somos os Orientalismos Convencionais!
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(perturbadas com o fabordão,
recomeçam mais alto, incertas)
Magia das alvoradas entre magnólias e rosas...
Apelos do estelário visível aos alguéns...
— Pão de ícaros sobre a toalha extática do azul!
Os tuins esperanças das nossas ilusões!
Suaviloquências entre as deliquescências
Dos sáfaros, aos raios do maior solar!...
Sobracemos as muralhas! Investe com os cardos!
Rasga-te nos acúleos! Tomba sobre o chão!
Hão-de vir valquírias para os olhos-fechados!
Anda! Não pares nunca! Aliena o duvidar
E as vacilações perpetuamente!
AS SENECTUDES TREMULINAS
(tempo de minuete)
Quem são estes homens?
Maiores menores
Como é bom ser rico!
Maiores menores.
Das nossas poltronas
Maiores menores
Olhamos as estátuas
Maiores menores
Do signor Ximenes
— O grande escultor
Só admiramos os célebres
E os recomendados também!
Quem tem galeria
Terá um Bouguereau!
Assinar o Lírico?
Elegância de preceito!
Mas que paulificância
Maiores menores
O Tristão e Isolda
Maiores menores
Preferimos os coros
Dos Orientalis —
mos Convencionais!
Depois os sanchismos
(Ai! gentes, que bom!)
Da alta madrugada
No largo do Paiçandu!
Alargar as ruas...
E as instituições?
Não pode! Não pode!
Maiores menores
Mas não há quem diga
Maiores menores
Quem são esses homens
Que cantam do chão?
(a orquestra súbito emudece, depois
duma grande gargalhada de Timbales)
MINHA LOUCURA
(recitativo e balada)
Dramas da luz do luar no segredo das frestas
Perquirindo as escuridões...
A traição das mordaças!
E a paixão oriental dissolvida no mel!...
Estas marés da espuma branca
E a onipotência intransponível dos rochedos!
Intransponivelmente! Oh!...
A minha voz tem dedos muito claros
Que vão roçar nos lábios do Senhor;
Mas as minhas tranças muito negras
Emaranharam-se nas raízes do jacarandá...
Os cérebros das cascatas marulhantes
E o benefício das manhãs serenas do Brasil!
(grandes glissandos de harpa)
Estas nuvens da tempestade branca
E os telhados que não deixam à chuva batizar!
Propositadamente! Oh!...
Os meus olhos têm beijos muito verdes
Que vão cair às plantas do Senhor;
Mas as minhas mãos muito frágeis
Apoiaram-se nas faldas do Cubatão. .
Os cérebros das cascatas marulhantes
E o beneficio das manhãs solenes do Brasil
(notas longas de trompas)
Estas espigas da colheita branca
E os escalrachos roubando a uberdade!
Enredadamente! Oh!...
Os meus joelhos têm quedas muito crentes
Que vão bater no peito do Senhor;
Mas