Mestres da Poesia - Mário de Andrade. Mário de Andrade
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Os cérebros das cascatas marulhantes
E o benefício das manhãs gloriosas do Brasil!
(harpas, trompas, órgão)
AS SENECTUDES TREMULINAS
(iniciando uma gavota)
Quem é essa mulher!
É louca, mas louca
Pois anda no chão!
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(num crescendo fantástico)
Ódios, invejas, infelicidades!...
Crenças sem Deus! Patriotismos diplomáticos!
Cegar!
Desvalorização das lágrimas lustrais!
Nós não queremos mascaradas! E ainda menos
Cordões “Flor-do-abacate” das superfluidades!
Os tumultos da luz!... As lições dos maiores!...
E a integralização da vida no Universal!
As estradas correndo todas para o mesmo final!...
E a pátria simples, una, intangivelmente
Partindo para a celebração do Universal!
Ventem nossos desvarios fervorosos!
Fulgurem nossos pensamentos dadivosos!
Clangorem nossas palavras proféticas
Na grande profecia virginal! .
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!
Cravos! mais cravos para nossa cruz!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(Tutti. O crescendo é resolvido
numa solene marcha fúnebre)
Para que escravos? Para que cruzes?
Submetei-vos à metrificação!
A verdadeira luz está nas corporações!
Aos maiores: serrote; aos menores: o salto...
E a glorificação das nossas ovações!
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(num clamor)
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!
Cravos! mais cravos para nossa cruz!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(a tempo)
Para que cravos? Para que cruzes?
Submetei-vos à poda!
Para que as artes vivam e revivam
Use-se o regime do quartel!
É a riqueza! O nosso anel de matrimônio!
E as fecundidades regulares, refletidas...
E os perenementes da ligação mensal...
AS SENECTUDES TREMULINAS
(aos miados de flautim impotente)
Bravíssimo! Bem dito! Sai azar!
Os perenementes da ligação anual!
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(berrando)
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!
Cravos! mais cravos para nossa cruz!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(da capo)
Para que cravos? Para que cruzes?
Universalizai-vos no senso comum!
Senti sentimentos de vossos pais e avós!
Para as almas sempres torresmos cerebrais!
E a sesta na rede pelos meios-dias!
Acordar às seis; deitar às vinte e meia;
E o banho semanal com sabão de cinza,
Limpando da terra, calmando das erupções...
E a dignificação bocejal do mundo sem estações!...
Primavera, inverno, verão, outono...
Para que estações?
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(já vociferantes)
Cães! Piores que cães!
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
Vós, burros! malditos! cães! piores que cães!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(sempre marcha fúnebre, cada vez mais forte porém)
Para que burros? Para que cães?
Produtividades regulares. Vivam as maleitas!
Intermitências de polegadas certas!
Nas arquiteturas renascença gálica;
Na música Verdi; na escultura Fídias;
Corot na pintura; nos versos Leconte;
Na prosa Macedo, D’Annunzio e Bourget!
E na vida enfim, eternamente eterna,
Concertos de meia à luz do lampeão,
Valsas de Godard no piano alemão,
Marido,