Tempo de esperança. Daphne Clair

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Tempo de esperança - Daphne Clair Sabrina

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      – Não estou a fugir – murmurou ela, sentando-se novamente no sofá. – Nunca fugi de ti.

      – Então, o que lhe chamas?

      – Foi uma decisão racional e sensata.

      – Sensata?

      Uma familiar mistura de sensações apoderou-se dela: desespero, tristeza, angústia, misturada com um profundo e inexplicável desejo.

      – Não achas que seja capaz de fazer algo sensato. Mas foi a melhor decisão da minha vida.

      Ele apertou o copo com força.

      – Era necessário ser tão dramática? Cortar todo o contacto, fazer jurar os teus padres que não me dissessem onde estavas, obrigar-me a que comunicássemos através do teu advogado, como se eu te tivesse maltratado…

      – Disse-lhes que não era assim – replicou ela, olhando para as mãos. – Não me trataste mal, Zito.

      – Ah, pensei que nunca voltarias a pronunciar o meu nome.

      O rosto de Roxane estava semi-escondido no seu longo cabelo escuro, mas tinha notado uma mudança no tom de voz do seu marido, que fez com que levantasse o olhar para os seus claros olhos verdes, interrogantes.

      Apenas encontrou uma expressão rígida e indecifrável, quase indiferente.

      – Não pensaste que se quisesse encontrar-te-ia de imediato?

      – Eu sei.

      Sabia que Zito podia pagar a vários detectives privados durante o tempo que fosse necessário.

      – Mas deixaste bem claro que não querias que te encontrasse – sorriu ele, sarcástico. – Ou esperavas que fosse a correr atrás de ti para te pedir que voltasses comigo?

      Às vezes fantasiava com essa ideia, que o seu marido voltaria para lhe pedir desculpas e fazer promessas… um homem diferente, um homem humilde. E que tudo, milagrosamente, iria correr bem. Este pensamento tinha-a ajudado a conciliar o sonho durante muitas noites.

      Mas seria fatal admiti-lo.

      – Não.

      Pareceu-lhe ver um brilho de emoção nos olhos azuis dele, mas de repente desapareceu. Talvez estivesse enganada.

      – Fico contente que assim seja – disse ele, metendo as mãos nos bolsos das calças.

      A roupa de Zito estava sempre impecável, muito cara. Não com o intuito de impressionar os outros.

      Ele estava a inspeccionar as paredes que Roxane tinha pintado de verde, com baratas reproduções artísticas.

      Então, olhou, para o sofá em segunda mão. Por um segundo, a sua atenção desviou-se para o tapete antigo pelo qual Roxane tinha pago muito dinheiro. O seu único capricho.

      – Não gostas da minha casa? – perguntou, desafiante.

      – Não está mal. Pequena, mas agradável.

      – Gosto das coisas pequenas.

      Zito olhou para ela, incrédulo.

      – É tua?

      – Minha e do banco.

      – Se precisas de dinheiro, poderias ter-me pedido. Através do teu advogado, se fosse preciso. Disse-lhe…

      – Não quero o teu dinheiro. Tenho um bom trabalho e posso pagar a hipoteca.

      – Hipoteca!

      Tinha falado como se fosse uma palavra feia. Roxane sorriu.

      – É isso o que fazem as pessoas normais para comprarem uma casa, Zito.

      – Não tens necessidade de comprar uma casa. Eu posso dar-te tudo o que quiseres… dei-te tudo, se bem me lembro.

      – Não tudo – disse Roxane em voz baixa. – Não me deste o que mais desejava.

      – Amava-te! – exclamou ele, furioso.

      – Eu sei, sei que me amavas. À tua maneira.

      Zito passou uma mão pelo cabelo, irritado.

      – Dei-te o meu coração e a minha alma, tudo o que tinha. Não sei que mais poderia dar-te.

      Claro que não sabia. Maurizio Riccioni apenas faz as coisas à sua maneira. E quase sempre com sucesso. Por que é que iria imaginar que a sua mulher não sucumbiria a essa profunda segurança em si mesmo?

      – Nem tudo foi culpa tua. Eu era demasiado jovem e deveria ter dito «não» quando me pediste em casamento.

      – E disseste – recordou ele.

      Sim, era verdade. A primeira vez que a pediu em casamento, demonstrou um certo bom senso. Mas a sua oposição não durou muito. De imediato, os seus medos foram dissipados perante a vontade de Zito.

      Inclusive, convenceu os seus pais, apesar deles não aprovarem que a sua filha casasse aos 19 anos.

      Zito esperou até que cumprisse os 20 e no dia do seu aniversário casaram na catedral de Melbourne, perante várias centenas de convidados.

      Mas, o casamento era algo mais do que um vestido branco e um ramo de flores. E o seu não tinha resistido ao desafio.

      – Deveria ter-te dito que não.

      – Obrigado – murmurou ele. – Mas eu podia convencer-te de todas as formas.

      – Estás tão seguro de ti próprio…

      – Eu nunca te magoei, Roxane. Se tivesse sido um marido terrível, compreenderia que me tivesses abandonado.

      Então, aproximou-se do seu escritório e olhou para os papéis.

      – São coisas privadas – protestou Roxane. Ele pegou num envelope e voltou-se, interrogante.

      – Roxane Fabian? – Roxane encolheu os ombros.

      – É o meu apelido.

      – Mas disseste que gostavas do meu.

      – Não me importou… Não era tão importante.

      – Para mim era.

      Mas ter o seu apelido tinha sido importante para ela. Seguramente, era algo simbólico.

      – Por que é que pensavas que eras o meu dono? – Zito soltou uma gargalhada.

      – Se realmente pensavas assim, eras demasiado jovem.

      Ou demasiado tonta, parecia insinuar.

      – Então, não pensavas isso.

      A

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