Poder e sedução. Michelle Smart

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Poder e sedução - Michelle Smart MINISERIE SABRINA

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apinhados uns em cima dos outros. Outras organizações tinham-se instalado em sítios diferentes e tinham acolhido quantidades parecidas de deslocados. Era um desastre de proporções inimagináveis.

      Daniele era irmão de Pietro Pellegrini, o grande filantropo humanitário. Pietro vira as notícias sobre o furacão e a devastação causada, ainda maior por causa da destruição de muitos hospitais, e decidira imediatamente que a sua fundação construiria um hospital multifuncional e à prova de desastres em São Pedro, a capital do país. Uma semana depois, morrera num acidente de helicóptero.

      Eva entristecera-se com a sua perda. Só estivera com ele algumas vezes, mas Pietro era muito respeitado entre as organizações humanitárias. No entanto, tanto ela como todos para quem trabalhava na Blue Train Aid Agency tinham ficado contentes por a família querer seguir em frente com a construção do hospital. Os habitantes da ilha precisavam urgentemente de mais instalações médicas.

      Francesca, a irmã de Pietro, transformara-se na nova impulsora do projeto. Eva gostara muito dela e admirara a determinação e dedicação da jovem. Também esperara admirar o irmão e gostar dele. Daniele, como Pietro, era famoso em todo o mundo, mas a sua fama devia-se à empresa de construção e às obras de arquitetura.

      No entanto, não gostara dele nem o admirara. Embora fosse famoso pelo seu bom humor e pela sua inteligência aguda, parecera-lhe arrogante. Vira a insatisfação no seu rosto quando fora buscá-la ao acampamento. Aceitara sair nessa noite com ele porque lhe assegurara que só queria que lhe explicasse que tipo de hospital devia construir. Levara-a de avioneta ao seu hotel exclusivo de sete estrelas na ilha paradisíaca e vizinha de Aguadilla, passara cinco minutos a fazer-lhe perguntas pertinentes e passara o resto da noite a beber muito, a fazer perguntas impertinentes e a seduzi-la descaradamente.

      Podia dizer que a única coisa que o salvava era o seu físico e a dimensão da sua conta bancária, mas como não se importava com o dinheiro e era imune aos homens, não havia nada que o salvasse.

      A cara que fizera quando ela rejeitara friamente o seu convite para que fosse para a suíte para beber um copo não tivera preço. Ficara com a sensação de que Daniele Pellegrini não estava habituado a ouvir a palavra «não».

      Ordenara ao motorista que a levasse ao aeródromo e nem sequer se despedira dela. Aquela fora a última vez que o vira até que entrara na tenda médica, há dez minutos, e o encontrara à espera dela. Pareceu-lhe evidente, assim que olhou para ele, que alguém lhe dera um murro na cara. Questionou-se quem fora e se seria possível encontrá-lo para lhe oferecer uma bebida.

      – Não sou enfermeira – indicara ela, quando lhe dissera que precisava de ajuda.

      Ele encolhera os ombros largos, mas não sorrira como ela recordava quando… tinham saído da primeira vez.

      – Preciso que pares a hemorragia. Tenho a certeza de que viste os outros a fazê-lo vezes suficientes para saber mais ou menos o que tens de fazer.

      Sabia bastante bem. Tinham-na contratado, sobretudo, como coordenadora e tradutora, mas ela, como a maioria do pessoal que não era médico, ajudara a equipa médica quando fora preciso. No entanto, isso não significava que se sentisse bem a tratar de um nariz e muito menos quando era de um multimilionário arrogante que usava um fato que, certamente, custaria mais do que o que o habitante médio de Caballeros, que tinha a sorte de ter um emprego, ganhava num ano.

      – Vou chamar uma das enfermeiras ou…

      – Não – interrompera ele. – Estão muito ocupadas. Trata da hemorragia e vou-me embora.

      Quase alegara que também estava muito ocupada, mas não o fizera ao perceber algo no seu comportamento. Nesse momento, quando estava a pôr-lhe o segundo penso, pareceu-lhe que ele estava furioso e compadeceu-se de quem fosse o objetivo da sua explosão.

      Pegou no terceiro e último penso e não pôde evitar reparar em como o seu cabelo brilhava. Se não soubesse que era característica familiar, que brilhava como o cabelo dos outros integrantes da família que ela conhecia, pensaria que viajava para todos os lados com um cabeleireiro e um estilista particular.

      Quando se sentia compreensiva, conseguia entender que o acampamento o incomodasse. Daniele vivia rodeado de luxo. Lá, só havia uma sujidade e uma miséria que não desapareciam, por muito que todos fizessem para o limpar. À frente dele, apercebeu-se de que as suas calças de ganga e a t-shirt estavam imundas e que o cabelo estava despenteado.

      Quem se importava com o seu aspeto? Aquilo era um acampamento de acolhimento e estavam todos prontos para fazer o que fosse preciso. Vestir-se segundo a moda seria completamente inadequado e incómodo. Era aquele homem odioso que fazia com que se sentisse suja e inferior.

      – Não te mexas – recordou-lhe, quando começou a mexer o pé outra vez. – Já estou quase a acabar. Vou limpar-te e poderás ir-te embora. Tens de deixar os pensos durante uma semana e lembra-te de não os molhar.

      Pegou num toalhete e limpou as gotas de sangue que tinham caído depois de lhe limpar o nariz e as faces. Então, uma onda do seu cheiro apoderou-se dela. Esqueceu-se de suster a respiração.

      Talvez fosse o cheiro mais maravilhoso que sentira, fazia com que pensasse em bosques frondosos e em fruta madura. Se alguém lhe tivesse falado de uma reação e de uns pensamentos tão românticos, ter-se-ia rido.

      Como era possível que um homem tão odioso e arrogante fosse tão bonito? Tinha mais talento no dedo mindinho do que ela podia aspirar a ter em toda a sua vida.

      Além disso, tinha uns olhos impressionantes, de uma cor castanha esverdeada, uns olhos que estavam fixos nela… e ficou presa pelo seu olhar até pestanejar, empurrar o banco para trás e se levantar com um salto.

      – Vou procurar um pouco de gelo para o olho – murmurou ela, disfarçando o nervosismo.

      – Não é preciso – replicou ele. – Não desperdices as tuas provisões comigo. – Daniele tirou a carteira do bolso interior do casaco e deu-lhe algumas notas. – Isto é para que reponhas o material médico que usaste comigo.

      Então, saiu da tenda sem se despedir ou agradecer. Eva, que ainda sentia o formigueiro na pele, olhou para as notas e viu que eram dez de cem dólares.

      – Tem de haver alguma alternativa. – Daniele serviu-se de outro copo de vinho tinto com os nós dos dedos brancos por causa da força com que agarrava a garrafa. – Podes herdar o património.

      A irmã Francesca abanou a cabeça.

      – Não posso e sabes. Sou do sexo errado.

      – E eu não posso casar-me.

      O casamento não era para ele. Passara a vida a evitá-lo, a evitar qualquer forma de compromisso.

      – Ou te casas e te encarregas do património ou passará para o Matteo.

      Daniele, ao ouvir o nome do seu primo traiçoeiro, perdeu o pouco domínio sobre si próprio que lhe restava e atirou o copo contra a parede.

      Francesca levantou uma mão para conter Felipe, o noivo e ex-soldado das Forças Especiais.

      – É o seguinte depois de ti – continuou Francesca. – Se não te casares e aceitares a herança, passará para o Matteo.

      Respirou fundo para se acalmar. O líquido vermelho que jorrava pela parede era

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