Poder e sedução. Michelle Smart
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O mordomo, que saíra do terraço sem que ela se apercebesse, voltou com uma bandeja com dois copos e duas garrafas de água.
– Não sabia se queria com ou sem gás e trouxe as duas – indicou. – Quer mais alguma coisa antes de servir o jantar?
– Não, obrigada.
– Outro uísque para mim – pediu Daniele. – Traz a garrafa.
– Como queira…
Uma vez sozinhos, Daniele apontou para a mesa.
– Senta-te. Para poupar tempo, pedi pelos dois. Se houver alguma coisa de que não gostes, o cozinheiro pode fazer outra coisa.
Eva indignou-se. Não se importava de comer de tudo, mas a presunção dele era outra afronta.
– O que pediste?
– Sopa de brócolos e queijo e lombo Wellington depois. Pensei que terias saudades da comida inglesa.
Atónita, sentou-se à frente dele.
– Ter saudades da comida inglesa? Sou dos Países Baixos…
– És holandesa?
Quase sorriu com a surpresa dele, mas não porque achava graça, por lhe parecer irónico. Passara uma noite a seduzi-la descaradamente, mas não se preocupara com fazer perguntas. Fora apenas uma mulher que o atraíra e com quem quisera ir para a cama. Presumira que se sentiria tão honrada por a ter escolhido que o seguiria até à sua suíte e se deitaria na sua cama.
– Nasci e cresci em Roterdão.
– Achava que eras inglesa – replicou ele.
– Acontece com muita gente.
– Não tens sotaque.
– Os ingleses notam, mas tu és italiano.
O mordomo trouxe a garrafa de uísque e perguntou a Eva se queria algo mais forte para acompanhar a comida. Ela abanou a cabeça e fixou os olhos em Daniele.
– Acho que é melhor manter a cabeça limpa esta noite.
Daniele esboçou um sorriso sombrio. Também deveria manter limpa a cabeça, mas, depois dos últimos dias, gostava da ideia de se intumescer. Além disso, o uísque ajudaria a aguentar a conversa.
– Que mais línguas falas?
Eva falava tão bem em inglês que não pensara que não fosse dessa nacionalidade. Quando a conhecera, fizera de tradutora para ele e para o seu desprezado primo Matteo. Sabia pouco de espanhol, mas a tradução entre eles e as autoridades de Caballeros parecera-lhe irrepreensível.
– Falo inglês, francês e espanhol com desenvoltura e o italiano aceitavelmente.
– Demonstra-me – desafiou-a, em italiano.
– Porquê? – perguntou ela, também em italiano. – Estás a tentar pôr-me à prova?
– Chamas a isso aceitável? Disseste-o com uma pronúncia quase perfeita.
– Não considero que tenha desenvoltura até conseguir ver um filme na versão original e sem perder nada – replicou ela, outra vez em inglês. – Falta-me muito para fazer isso em italiano.
– Então, podemos falar em italiano agora, vai fazer-te bem.
Ela abanou a cabeça.
– Disseste que tinhas de falar de algo importante comigo. Falas inglês tão bem como eu e prefiro não perder nada na tradução, o que te daria vantagem.
– Não confias em mim?
– Não.
– Admiro a tua sinceridade.
Era algo muito raro no seu mundo. A família era implacavelmente sincera com ele, mas, desde que se tornara uma autoridade do mundo da arquitetura e ganhara os seus primeiros mil milhões, graças ao seu trabalho e a uns investimentos acertados, não conhecera uma só pessoa que o contrariasse ou lhe negasse alguma coisa.
O mordomo voltou ao terraço com o primeiro prato. Pousou as tigelas e um cesto com pãezinhos entre eles. Eva inclinou a cabeça para os cheirar e assentiu com a cabeça.
– Cheiram muito bem.
– Acabaram de sair do forno, mas também os temos sem glúten, se preferir – comentou o mordomo.
– Não sou intolerante ao glúten, mas agradeço a oferta.
Eva era a primeira mulher com quem saíra nos últimos três anos que não era intolerante ao glúten ou não seguia alguma dieta desatinada. Era estimulante e outra das muitas diferenças entre ela e as mulheres com quem saíra. Além disso, notava-se fisicamente. Para começar, tinha curvas e uns seios abundantes. Eva Bergen era sensual e desejava vê-la com roupa… feminina.
Quando ficaram sozinhos outra vez, ela pegou num pãozinho e partiu-o com as mãos.
– De que querias falar?
– Vamos comer primeiro, falaremos depois.
Ela pousou o pãozinho.
– Não. Vamos falar enquanto comemos ou acharei que tentaste enganar-me outra vez.
– Não te enganei no nosso último encontro – defendeu-se ele.
– Deixei muito claro que não ia ser um encontro e transformaste-o nisso. As perguntas que me fizeste sobre o hospital podiam ter sido feitas em cinco minutos a beber um café.
– E qual é a diversão disso?
– O meu trabalho não é divertido… senhor Pellegrini – acrescentou ela.
– Daniele.
Dissera uma dúzia de vezes, durante o primeiro encontro, para não lhe chamar assim. Não pensara que não gostaria dos seus cuidados. O seu apelido e o seu físico sempre tinham sido como um íman para as mulheres. Desde que começara a receber elogios como arquiteto e a ganhar dinheiro, todas as mulheres tinham olhado para ele com um brilho de admiração nos olhos, até conhecer Eva. Embora tivesse havido um brilho de interesse quando os seus olhares se tinham encontrado pela primeira vez. Fora o primeiro arrebatamento de desejo desde a morte do irmão. Perdera todo o interesse pelas mulheres durante os dois meses que tinham passado desde a morte de Pietro. O sexo contrário ficara tão à margem que essa descarga de eletricidade entre Eva e ele fora como uma lembrança de que continuava vivo.
Depois desse primeiro brilho, o comportamento dela fora sereno e profissional e presumira que se devia ao ambiente em que estavam. Também presumira que, se a tirasse desse buraco infernal que era Caballeros e a levasse a um sítio tão pitoresco como Aguadilla, ela relaxaria, mas enganara-se.
Apesar das descargas de eletricidade que sentira nessa noite, ela permanecera fria e inexpressiva e as suas tentativas de a lisonjear