A esposa do Siciliano. Kate Walker
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– Megan…
Dessa vez, o seu tom era como uma advertência que piorou a situação. Megan apenas conseguia abanar a cabeça, incapaz de encontrar as palavras para lhe responder.
– É o teu pai? Estás preocupada com os problemas que ele tem na empresa?
– Ele contou-te? – inquiriu, surpreendida.
– Claro que me contou. Acima de tudo, sou amigo dele.
– E pediu-te que o ajudasses…? Vais ajudá-lo?
Estava a começar a recuperar um pouco de força nas pernas e parecia que o seu cérebro voltara a funcionar. Se Cesare estava disposto a ajudar o seu pai, ajudá-lo a sair da quase inevitável falência, então, uma das suas preocupações deixava de existir.
– Vais ajudá-lo?
Mas foi o rosto masculino que lhe deu a resposta. Distanciou-se dela mentalmente, antes de o fazer fisicamente.
– Não – respondeu com suavidade.
– Não? – repetiu ela, incapaz de acreditar no que estava a ouvir. – Negaste-lhe ajuda? Não posso acreditar…
– Acredita – interrompeu-a bruscamente, infeliz com o rumo que a conversa estava a levar. – O teu pai falou-me dos seus problemas. Infelizmente…
– É uma desgraça, mas parece que não tens nada a ver com isso – adiantou ela com tal cinismo que o fez pestanejar. – Tens dinheiro para o ajudar. O valor que ele precisa não é nada comparado com a tua fortuna.
Megan levantou-se e dirigiu-se até ele, desesperada. A fúria que sentia dentro de si provocava-lhe um diferente brilho nos olhos verdes.
– Claro que tenho dinheiro para o ajudar.
– Que grande amigo que tu és!
Cesare suspirou, impaciente.
– Meggie… – disse com toda a calma. – Não teria sido de grande ajuda. O teu pai sabe disso.
– Mas eu não! Vais ter que me explicar. E pára de me tratar por Meggie. Podias fazê-lo quando eu era miúda, mas já não sou nenhuma criança. Sou uma mulher com vinte e dois anos de idade e com uma carreira. Cresci muito ultimamente.
– Não tenho a menor dúvida.
Cesare olhou-a dos pés à cabeça com os seus olhos escuros. Desde as calças de ganga justas à t-shirt, detendo-se provocantemente na curva dos seus seios. Sem querer, Megan pensou nas mudanças que sentira no seu corpo durante as últimas semanas.
– Chamo-me Megan e agradecia que te lembrasses disso.
– Claro – respondeu ele com um sorriso.
– Estás a gozar comigo?!
– Não me atreveria – retorquiu, sério.
A mudança de humor na sua voz e o brilho nos seus olhos, atingiram-lhe o coração.
Aquele homem era demasiado atraente! Estava furiosa porque, naquele instante, não queria encontrar nada atraente nele.
Especialmente naquele momento.
Mas quando Cesare sorria daquela maneira…
Megan apressou-se a recompor-se, repreendendo-se a si mesma. Aqueles eram pensamentos muito perigosos e debilitavam-na quando o que mais necessitava era ser forte.
– Talvez o meu pai entenda, mas eu não. Podes explicar-me?
«Não», respondeu Cesare para si mesmo. Não lhe podia explicar porque o prometera a Tom Ellis. Aquele homem conseguia ser estupidamente orgulhoso. Não aceitava a ajuda de um amigo para salvar a empresa, mas se fosse o seu futuro genro…
– Se a Meggie se casar contigo – dissera, – então, aceito o teu dinheiro. Nesse caso, seria um assunto de família. De outra forma, não pode ser.
Tom pedira-lhe que não comentasse sobre aquele assunto com a filha, mas a sua lealdade para com o amigo viu-se perturbada devido aos sentimentos que nutria pela mulher que tinha à sua frente.
Saberia ela o dano que lhe provocava ao olhá-lo daquela maneira?
Mas o pior de tudo era a maneira instintiva, quase básica, com a qual o seu corpo reagia na presença de Megan. Tinha cada sentido em alerta e o pulso batia com toda a força. Desde que entrara no quarto que tivera que lutar contra o impulso de a agarrar e beijar, devorando-a com a boca.
Mas agir devido àquele impulso teria sido a coisa mais estúpida que podia fazer. Provavelmente, Megan teria saído do quarto a correr.
– Cesare… – disse ela num tom severo. – Explica-te!
– O teu pai está numa situação um pouco complicada – adiantou cuidadosamente. – O estado do mercado acaba de destruir o valor dos investimentos que ele fez e a empresa está a ter problemas.
– Então, porque é que não o ajudas?
– Porque não estou no mundo dos negócios para comprar empresas arruinadas!
Ao ver o rosto dela, arrependeu-se imediatamente da desculpa que escolheu.
– Não é um bom negócio, Megan.
Apesar de o fazer pelo seu amigo se este o deixasse.
– Ah! E os negócios vêm sempre em primeiro lugar, não é? – perguntou ela com amargura.
– Não teria chegado aonde estou senão fosse assim.
– Não… claro. Mas agora que estás onde estás, parece que perdeste todo o sentido da amizade. Costumavas ser uma pessoa melhor, Cesare.
– Não ia servir de nada, Megan.
Cesare já não aguentava mais aquela situação.
– O teu pai caiu muito e ele sabe disso. Não pode dar-se ao luxo de contrair outro empréstimo, já deve demasiado.
– Está… está assim tão mal? Estás a dizer-me que o meu pai está arruinado?
Não precisava de lhe confirmar, pois podia ver-se-lhe na cara.
– Oh, não!
Sentiu as pernas a tremer, estas ameaçavam não aguentar o seu peso: com um movimento ágil, Cesare tomou-a nos braços e apertou-a contra o seu corpo.
– Está tudo bem, carina – disse ele com a voz rouca e sedosa. – Estás a salvo, não vais cair.
«A salvo», repetiu Megan para si, um pouco zonza. Sim, por fim, sentia-se a salvo. Pela primeira vez naquelas desgraçadas seis semanas, não se sentia sozinha e perdida. Era como se a força de Cesare lhe chegasse através dos seus braços.