Mais do que um filho secreto. Кейт Хьюит
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Antonio voltou a deixar o pano no carrinho e virou-se para ela com um sorriso travesso nos lábios.
– Bom, já acabei. Onde estávamos?
Maisie corara até à raiz do cabelo e Antonio reparou na mudança de cor com grande interesse. Tal como reparara em como respondia ao toque do seu dedo. E ele também respondia, sentindo um desejo virulento… e algo mais profundo. Falava a sério quando dissera que era boa e generosa. Nesse momento, parecia a pessoa mais honesta e amável que alguma vez conhecera e desejava tanto aquilo como o seu corpo. Bom, quase tanto.
– Onde estávamos exatamente? – perguntou ela, num tom desafiante.
Antonio esboçou um sorriso.
– Eu acho… – murmurou, enquanto passava o dedo pela sua face acetinada –, que estávamos aqui.
Maisie fechou os olhos e cerrou os dentes, como se o toque fosse desagradável. Mas Antonio sabia que não era assim porque tremia.
– Porque me fazes isto? – perguntou, num sussurro, tratando-o por tu.
– Ainda não te beijei.
Abriu os olhos, atónita, apesar de tudo o que acontecera.
– Ainda?
– Ainda, mas sabes que é apenas uma questão de tempo. E desejas tanto isto como eu, Maisie. Quero esquecer a dor e a tristeza e só quero recordar… isto. – Suavemente, para que pudesse afastar-se se desejasse, Antonio puxou-a para ele. As suas ancas chocaram e os seus seios esmagaram-se contra o peito dele. Sentiu-a a tremer e viu que tinha os olhos esbugalhados.
Uma parte dele, uma parte importante, queria afundar os dedos no cabelo ruivo e saquear a sua boca. Perder-se no esquecimento da luxúria.
Mas não podia fazer isso. Maisie era demasiado encantadora para ser tratada com tanta brusquidão, de modo que levou o seu tempo, observando-a enquanto ela se habituava ao seu toque e sentindo a mudança nos seus corpos e no ar. A sedução transformou-se em antecipação, em expectativa.
– És encantadora – murmurou, enquanto enredava um caracol entre os dedos, puxando-o suavemente. – Muito, muito encantadora.
– Tu também – murmurou ela, com uma gargalhada trémula. – Mas deves saber como és bonito.
Ele riu-se. Havia algo deliciosamente refrescante na sinceridade dela.
– Talvez possas demonstrar-mo.
– Não saberia como fazê-lo.
Antonio voltou a puxar o caracol.
– Poderias beijar-me.
Um rubor encantador espalhou-se pela sua cara.
– Não… não posso.
– Claro que podes.
– Não saberia como – repetiu Maisie, sentindo que a cara lhe ardia.
– Então, tenho de fazer o trabalho todo?
– Não tens de o fazer. Eu não te pedi nada.
Antonio sorriu. Estava a desfrutar tanto da conversa como da antecipação deliciosa do beijo.
– Estou a pedir-to – declarou. – De facto, exijo-o.
– O quê?
– Beija-me, Maisie.
Observou-o com os olhos esbugalhados. Poderia ter pensado que se sentia ofendida, mas o brilho desses olhos cor de esmeralda dizia outra coisa.
– Olha para a minha boca como se fosse uma montanha que tivesses de escalar – observou, brincalhão. Mal se tinham tocado, mas era difícil continuar com esse jogo. O desejo transformara-se numa corrente, numa tortura, e depressa seria avassalador.
– É que eu… Enfim, não sou assim tão aventureira.
– Mas queres beijar-me.
Era uma afirmação, não uma pergunta. Porque sabia que era assim. Viu-o no tremor do seu corpo, na dilatação das suas pupilas, em como deitava a ponta da língua de fora para a passar pelos seus lábios rosados.
– Sim…
– Não pareces muito certa.
– Não estou habituada a estas situações – disse Maisie, deixando escapar um risinho incrédulo. – Sinto-me como se estivesse num romance.
– Então, desfruta da viagem – sugeriu Antonio, pensando por um instante que talvez devesse avisá-la de que era apenas uma noite, um momento breve de prazer. Mas não queria arrefecer o ambiente e, além disso, ela devia sabê-lo. As relações não começavam com dois desconhecidos num andar de escritórios às duas da madrugada. Maisie parecia inocente, mas não era tola.
– Desfrutar da viagem – repetiu ela, saboreando cada palavra como se fosse um bom vinho. – É algo que nunca fiz.
Antonio arqueou as sobrancelhas.
– Não?
– Não, nunca.
– Então, chegou o momento.
Maisie levantou o olhar, decidida.
– Talvez devesse – murmurou, pondo-se em bicos dos pés para tocar nos seus lábios, um toque leve como uma pena. Antonio ficou imóvel e ela afastou-se, olhando para ele com o sobrolho franzido. – Não… não gostaste?
– Claro que gostei – apressou-se a dizer ele. – Mas como posso sentir-me satisfeito com um lanchinho quando o que quero é o jantar, o banquete todo? – replicou, depois, enquanto inclinava a cabeça para procurar os seus lábios. Aquele jogo prévio era delicioso, algo que nunca fizera com outra mulher. – Beija-me outra vez, Maisie.
E ela fê-lo, pondo uma mão no seu ombro. Era um beijo trôpego e hesitante e, por alguma razão, perfeito. Antonio segurou-a pela cintura com as duas mãos e sentiu-a a tremer e excitada. Contudo, parou, esperando que Maisie desse o passo seguinte.
E fê-lo. Voltou a beijá-lo, tocando nos seus lábios como uma borboleta tímida. Antonio capturou a sua boca então, saqueando o interior sedoso com a língua.
O sangue acelerava nas suas veias. Quisera ir devagar, ser civilizado e ter o controlo, mas todos os seus planos ficaram estragados quando Maisie se entregou tão generosamente. Devagar, empurrou-a para o sofá e deitou-a nele com cuidado enquanto ela o observava com os olhos brilhantes.
– Antonio…
– Desejas isto, Maisie? – perguntou-lhe, receando que tivesse pensado melhor.
– Sim… – confirmou ela, num tom inseguro.