Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters
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De repente, percebeu algo: aquilo devia ser amor. Quando a tolerância eclipsava a exasperação, deixando que o afecto dominasse, não havia outra explicação.
Em algum momento dos últimos seis dias, apaixonara-se. E nunca antes sentira algo do género.
Era um sentimento que a aterrava.
Havia uma coisa que estava clara: se a pessoa com quem partilhava a tutela passasse por ali, ela lutaria com unhas e dentes para ficar com os seus sobrinhos.
– Pronto, crianças, vão ter de me aguentar e estou nas últimas. Mas ficarei convosco. E prometo-vos que saberão sempre que vos amo. Não terão de se preocupar com o facto de alguém se sentir obrigado a tolerar-vos. Agora somos uma família – sussurrou, com um nó na garganta.
Tirou as luvas de borracha e passou a mão pelo cabelo moreno de Cody. Continuava à procura da semelhança dos gémeos com a sua irmã e, de vez em quando, captava alguma expressão. Mas o cabelo e os olhos tão escuros deviam parecer-se com o seu pai, porque Crystal tinha os olhos castanhos e o cabelo castanho-claro.
Crystal era muito parecida com o seu pai e ela era parecida com a sua mãe. Rachel tinha o cabelo muito loiro e usava-o sempre curto. Tinha uns olhos entre azuis e verdes.
Um golpe inesperado na porta interrompeu os seus pensamentos.
Rachel ficou tensa.
– Quem pode ser?
Afastou uma madeixa de cabelo dos olhos, olhou para as duas crianças nuas e considerou ignorar a porta. Fosse quem fosse, não podia ter chegado em pior momento.
Jolie começou a chorar. Durante a semana que os gémeos tinham estado ao seu cuidado, Rachel aprendera que Cody gostava de estar nu, mas Jolie não.
Rachel era uma mulher solitária, que preferia os animais e as plantas à maioria das pessoas e que não costumava receber visitas, nem sequer dos seus vizinhos. Mas a pessoa que batia à porta queria entrar, porque insistiu.
Deixou os gémeos no berço, certificou-se de que não havia mais nada ao alcance de Cody e dirigiu-se para a porta, dizendo para si que já não era uma solitária. Viu um homem que tinha as mãos nos bolsos do casaco preto que vestia.
Hum. Seria Ford Sullivan a pessoa com quem partilhava a tutela das crianças? Era membro das Forças Especiais e o seu comandante dissera a Rachel que Sullivan, aliás Mustang, estava fora do país quando os gémeos ficaram órfãos, mas que estaria disponível assim que voltasse da sua missão.
Tanto lhe fazia se não voltasse.
Abriu a porta só alguns centímetros.
O homem era mais alto e largo de costas do que lhe parecera à primeira vista. Muito maior. Vestia calças de ganga e casaco de couro e usava óculos escuros, botas de motorista e barba de três dias. O céu estava cinzento e nevava, os flocos de neve caíam sobre os seus ombros largos e o seu cabelo escuro.
Pareceu-lhe um homem perigoso.
Rachel, que sentia fraqueza pelos filmes de acção, sentiu um calafrio ao vê-lo.
Fez figas para que fosse um motorista que ficara sem gasolina.
– Sim? – perguntou. Não lhe perguntou se podia ajudá-lo. Nem sorriu. Pensava que, se sorrisse, as pessoas entretinham-se mais e, a maior parte do tempo, preferia estar sozinha.
– Rachel Adams? – perguntou ele. Tinha uma voz profunda de barítono.
Ela voltou a sentir outro calafrio.
– Sim – mudou de posição, inquieta, e pensou que devia ter estacionado o todo-o-terreno no celeiro.
– Irmã de Crystal Adams?
Não podia ser um motorista. Rachel deitou a cabeça para trás e observou-o com mais calma.
– Suponho que é Ford Sullivan.
Ele assentiu.
– Sim, vim buscar os gémeos.
Furiosa, Rachel pôs-lhe a mão no meio do peito quando ele tentou atravessar a soleira da porta.
– Espere, tipo duro. Não o conheço. E, por enquanto, não gostei do que ouvi.
Sullivan não recuou nem um centímetro, mas Rachel sentiu como ficava tenso e semicerrava os olhos, como um aviso da sua força e determinação. Pôs a mão no casaco e tirou a carteira. Mostrou-lhe o seu cartão de identificação militar.
Ela sabia que as Forças Especiais eram um corpo de elite que trabalhava nos lugares mais complicados do mundo. Sabia por filmes e livros, mas era evidente que estava a considerar um trabalho de alta segurança.
Depois de um instante, ele retirou o cartão dos dedos gelados de Rachel.
– Senhora, vim de muito longe e está muito frio aqui fora.
Ela não queria deixá-lo entrar, sobretudo porque lhe dissera que viera para levar os gémeos. E porque queria ficar com eles, mas aquele homem tinha direitos legais que Rachel não podia ignorar.
Contrariada, desviou-se e deixou-o entrar. O oficial com quem falara dissera-lhe que Sullivan era um homem honesto. Muito bem.
Rachel suspirou e fechou a porta. Depois, cerrou os dentes ao vê-lo à frente da lareira. O seu corpo enorme fazia com que a sala dela, pintada de azul e cinzento, parecesse demasiado pequena.
E mais desordenada do que ela pensara. Os bebés tinham chegado com muitas necessidades. Arrumar a casa era um luxo, tal como dormir e tomar banho.
Os gritos de Jolie do quarto fizeram Rachel lembrar-se do que estivera a fazer antes de abrir a porta. Sorriu, divertida. Estivera a pensar que estava na guerra e ali estava um dos seus inimigos.
Aquele homem queria as crianças? Então, ia ajudar.
– Fico contente por estar aqui – comentou, tentando ignorar o desprezo com que Sullivan olhava em seu redor e segurando-o pelo braço para o levar para o quarto. – Porque os gémeos precisam de um banho.
Sullivan não resistiu. Tirou os óculos de sol, deixando à vista uns olhos azuis e inexpressivos, e pousou-os em cima da cama juntamente com o seu casaco.
Jolie parou de chorar imediatamente ao olhar para ele. Rachel não a culpava. A t-shirt de algodão que vestia marcava-lhe os peitorais duros e os ombros. Tinha os braços fortes e bronzeados. Aquecia o quarto melhor do que uma lareira.
Rachel não devia ter reparado naquilo, mas não conseguiu evitá-lo, sobretudo quando Sullivan se aproximou para limpar o queixo de Jolie.
– O que se passou? – quis saber.
Rachel explicou-lhe os costumes de Cody.
Sullivan