Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters
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– Olhe, não vou renunciar aos bebés sem lutar por eles, mas estou cansada, suja e faminta. Não estou preparada para discutir o assunto. E o senhor também não estará enquanto não passar algum tempo com os gémeos. Portanto, troquemos as chaves e vemo-nos amanhã.
Ele hesitou por um instante.
Finalmente, deu-lhe as chaves do seu carro e aceitou as dela.
– Espero que perceba o que está a fazer – replicou Sullivan, entrando no todo-o-terreno e pondo o cinto. – A honra e a integridade não me transformam num cavalheiro – fechou a porta e pôs o veículo a trabalhar. Depois, abriu a janela. – Sou um soldado. Os soldados nunca abandonam os seus homens.
Rachel observou como o carro desaparecia pelo caminho e rezou para que não tivesse cometido o maior erro de toda a sua vida.
Capítulo 2
Ford estacionou à frente do quarto do seu hotel, apoiou as costas no banco e fechou os olhos. Saíra da casa de Rachel Adams há vinte horas e já estava disposto a voltar lá com a cabeça baixa e o rabo entre as pernas.
Que humilhante!
Usando toda a prática que aprendera nos oito anos que passara no exército, arriscou-se a mexer-se para olhar para os bebés, que estavam no banco de trás. Jolie, tão limpa como a sentara, dormia com o gorro e abraçada ao biberão. Cody, que perdera o gorro e os sapatos há muito tempo, tinha a face suja de molho de tomate e uma batata frita na mão.
Conseguira adormecê-los há uma hora.
Acomodou-se no banco. Tencionava ficar ali, sem se mexer, enquanto os bebés estivessem a dormir.
Só a sua teimosia é que o impedira de voltar para casa de Rachel há várias horas. Como é que ela conseguira fazer tudo sozinha durante seis dias?
Telefonara para casa para que a avó e outros membros da família, e amigos, lhe dessem algum conselho, mas nada parecia funcionar com os gémeos. Nada do que fizera, dissera ou cantara, sim, também cantara, funcionara.
Era evidente que as crianças queriam voltar para Rachel.
E ele também queria voltar para ao pé dela e isso não tinha nada a ver com as curvas doces que se escondiam por baixo da sua t-shirt cheia de manchas. Muito bem, mentia. Nenhum homem teria podido permanecer alheio ao seu corpo esbelto, mas o seu rabo e o seu peito não tinham nada a ver com aquilo. Enganara-se com ela. Tinha de admitir que ela tratara das crianças durante seis dias com paciência e devoção.
Não conseguira dormir mais de duas horas naquela noite. E ela estivera assim durante seis noites. Não era de estranhar que os seus bonitos olhos azuis esverdeados estivessem toldados pelas olheiras.
Era uma mulher lutadora. Uma fera loira, decidida a interpor-se entre ele e as suas crias. Mas, mesmo assim, não conseguiria ganhar.
Evidentemente, descuidara para cuidar dos bebés. Ford sentiu o instinto protector, em vez de pensar em como convencê-la de que as crianças estariam melhor com ele.
Dissera-lhe que um soldado nunca abandonava um homem e era a verdade. Não podia deixar os gémeos de Tony aos cuidados de outra pessoa.
Ficou tenso e olhou pela janela exactamente quando o xerife local aparecia à frente dele. Ford levantou uma mão e saiu do carro.
– Agente – começou Ford, cumprimentando o homem, que parecia muito limpo vestido com o seu uniforme. Segundo a sua placa, era o xerife Mitchell. – Como posso ajudá-lo?
– Senhor – respondeu o xerife, cruzando os braços e apontando para o todo-o-terreno de Rachel. – Algum problema?
– Não – respondeu Ford, deixando as mãos à vista para que o outro homem não se sentisse ameaçado. Será que o dono do hotel o chamara? Fora duas vezes ao seu quarto para dizer que os outros clientes estavam a queixar-se dos choros das crianças. – Nenhum problema.
A última coisa que queria era meter-se em confusões com os agentes locais.
– Este veículo pertence a Rachel Adams – comentou o xerife Mitchell, olhando pela janela de trás. – Estas são as crianças dela.
– Sim – o que é que Rachel estava a fazer? Será que se arrependera de o ter deixado levar as crianças? – Ela telefonou para se queixar?
– Não precisamos que ninguém nos telefone para nos preocuparmos com os cidadãos de Scobey.
– Tenho a certeza de que apreciam a sua diligência – replicou Ford, que crescera numa cidade pequena e sabia a autoridade que tinha o xerife nelas.
– O que está a fazer na nossa cidade?
– Isso é entre mim e a senhora Adams – respondeu ele, que não tencionava contar-lhe nada.
– Ouvi dizer que houve queixas devido aos choros dos bebés.
Ford estava a começar a ficar sem paciência. Abriu a porta do lado de Cody e apontou lá para dentro.
– Julgue por si próprio, estão bem. Ainda estão a habituar-se à perda dos seus pais. Têm o direito de chorar.
– Suponho que sim – comentou o xerife, ajustando as calças e espreitando para olhar para as crianças. Satisfeito, voltou a endireitar-se. – O que estão a fazer aqui fora?
Ford franziu o sobrolho ao ver que Cody começava a mexer-se. Fechou a porta com cuidado.
– Não dormiram bem. Dei um passeio para os acalmar.
– Está bem. Vou deixá-lo ir – anunciou Mitchell, que parecia decepcionado por não ter podido deter Ford. – Mas tenha cuidado, Rachel Adams não está sozinha em Scobey.
– Há aproximadamente uma hora que não pára de nevar – indicou Rachel, franzindo o sobrolho enquanto olhava pela janela. O céu estava coberto e o vento soprava com força. Esperava que o mau tempo não impedisse Sullivan de lhe devolver os gémeos. Talvez devesse telefonar-lhe e dizer-lhe para voltar o mais depressa possível.
– Posso parar por lá a caminho de casa – ofereceu-se Sam Mitchell. – Para me certificar de que está bem – telefonara-lhe para a avisar de que uma frente fria estava a avançar rapidamente.
Já mencionara que vira Ford Sullivan na cidade. De certeza que fora ao hotel à procura dele.
– Mitch, estou bem. Não precisas de vir.
Acabara com ele há quase dois anos, mas o xerife continuava a meter-se nos seus assuntos com a esperança de que voltasse a surgir a paixão entre ambos.
– Acho que estão a sentir saudades tuas na clínica.
– Hum…
– O cão da senhora Regent, Poopsy, mordeu alguns rapazes.
– Oh…