Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters
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Um lar. Uma carícia a meio da noite. Uma família a que pertencer. As respostas provinham do mais profundo da sua alma, onde escondia as suas esperanças mais secretas, os seus sonhos.
Uma família. Rachel prometeu-se que lutaria para que Cody e Jolie soubessem o que era fazer parte de uma família.
Porque ela nunca teria achado que podia amar tanto alguém, nem em tão pouco tempo.
E ninguém, nem Sullivan, nem nenhuma outra pessoa, ia tirar-lhe aquilo.
Levantou a cabeça e agarrou na alavanca das mudanças.
De repente, a porta do carro abriu-se. Ela deu um salto e gritou.
Capítulo 3
Sullivan apareceu à porta do todo-o-terreno.
– Idiota! – gritou Rachel. – Assustaste-me! O que estás a fazer aqui?
– Vim… ajudar.
A tempestade levou parte da sua resposta, mas Rachel captou o essencial.
– As crianças? – gritou, preocupada.
Ele aproximou-se para lhe falar directamente ao ouvido.
– No parque. A dormir. Despacha-te para que possamos acabar isto e voltar para dentro.
Ela abanou a cabeça. Não ia passar por cima da alavanca de mudanças com aquele casaco enorme e as botas.
– Dá a volta.
Surpreendentemente, ele fê-lo sem discutir.
Rachel conduziu muito devagar até ao velho celeiro que servia de garagem. Deixou o todo-o-terreno com o motor ligado enquanto Sullivan lutava para abrir as portas enormes. Uma vez lá dentro, Rachel procurou uma manta velha e taparam o veículo.
– Podia tê-lo feito sozinha – declarou, ressentidamente.
– Guarda as unhas, gatinha. Isto não tem nada a ver com as tuas capacidades – declarou ele, sem deixar de segurar no seu lado da manta. – Sou demasiado educado para te deixar sozinha.
– Mas as crianças não estão bem sozinhas.
– Por isso é melhor trabalharmos juntos para podermos voltar para ao pé delas o mais depressa possível – argumentou ele, dando a volta ao carro. Vestira o impermeável amarelo de Rachel, que ficava justo.
Parecia forte, tranquilo, confiante e um pouco divertido enquanto tirava o seu saco do banco de trás.
Ela dirigiu-se para onde guardava o combustível para o gerador. Sentiu um aperto no coração ao ver que só teriam o suficiente para alguns dias.
Sullivan aproximou-se para pegar no combustível.
– É só isso?
Rachel sentiu-se irritada.
– Não costumo ficar sem combustível, mas estive um pouco distraída desde que os gémeos vieram viver comigo.
Todo o seu mundo mudara com a chegada de Cody e Jolie. Felizmente, a clínica veterinária dera-lhe uma baixa por maternidade para que se habituasse à sua presença e horário, mas tudo o resto mudara, até os seus artigos tinham sofrido as consequências.
Não se ocupara das suas tarefas habituais e, naquele caso, podia custar-lhe muito caro.
– É normal. Tiveste de fazer um grande esforço – assentiu ele, sacudindo a lata. – Para quantos dias chegará isto?
A sua compreensão deixou-a sem saber o que dizer.
– Para alguns dias. Um pouco mais, se tivermos cuidado. É provável que fiquemos sem electricidade, mas há muita lenha e propano. E um congelador bem recheado.
Se tivessem sorte, a tempestade de neve teria passado antes de ficarem sem combustível.
Ainda que, depois, as estradas demorassem outro dia ou dois a serem limpas. Demasiado tempo para estar com um homem que não tinha nada que invejar Brad Pitt e que tinha a mania de reagir como menos se esperava. E com dois bebés que ainda estavam inquietos depois de terem sofrido a maior tragédia das suas curtas vidas.
Que sorte!
– Então, teremos cuidado – declarou ele, com uma segurança que indicava que estava habituado a viver situações difíceis. – Precisamos de mais alguma coisa daqui?
– Sim – Rachel abriu um armário e tirou uma lanterna enorme.
Ele pegou na lanterna e saiu à frente dela, que esperou que ele fechasse as portas do celeiro.
Para ir para casa, tinha de lutar contra um muro de neve.
Com os dentes a bater e as mãos trémulas, Rachel esticou a corda que atara à cintura até ela ficar tensa, uma tarefa que foi muito difícil porque não conseguia sentir os dedos das mãos.
Sullivan também agarrou na corda. Rodeou Rachel com a sua força e o seu calor, ajudando-a a avançar.
Era difícil andar, o esforço era cansativo e o frio debilitava-a. Cada passo era uma batalha contra a natureza. O corpo de Sullivan protegeu-a do pior da tempestade e ajudou-a a continuar. Quando viu que chegavam ao canto do alpendre, sentiu-se realmente agradecida pela sua ajuda.
Faltara a luz. Rachel preocupou-se com os bebés, que estavam sozinhos em casa. Esperava que o fogo desse luz suficiente para que não estivessem assustados.
Parou e apontou para a lenha que havia ao lado da casa.
– Temos de encher o depósito de lenha! – gritou. – Talvez não possamos sair de casa durante vários dias.
Ele falou-lhe ao ouvido.
– Eu faço-o. Tu tens de entrar em casa.
– Ajudar-te-ei.
– Poupa-me os heroísmos. Se continuares a bater os dentes com tanta força, vais ficar sem eles.
Ajudou-a a chegar ao alpendre e deu-lhe o combustível e a lanterna. Ela aproximou-se para lhe dizer onde era a porta do depósito de lenha.
Ele assentiu.
– Entra em casa. Cuida dos bebés – e virou-se.
Rachel agarrou-o pelo braço.
– A corda – indicou, tentando desfazer o nó que tinha na cintura.
– Não precisarei dela. Estarei perto da casa.
Tentou ir-se embora, mas ela agarrou-o pelo casaco.
– Não. Leva a corda.
Em vez de