Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters

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Os meus três amores - Tal como sou - Rebecca Winters Omnibus Bianca

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acrescentou: – E porque não quero que sejamos amigos.

      Ele ignorou a sua rejeição.

      – A que te referias quando disseste que tinhas falhado à tua irmã?

      – Não tenciono falar-te da minha irmã – respondeu ela, com o olhar aceso. – Enganas-te a respeito dela.

      Rachel era uma impostora. Apesar da sua fachada fria, era carinhosa e apaixonada no seu interior. Também era incrivelmente vulnerável. Independentemente do que se passara na sua família, sofrera muito.

      – Crystal disse que tinhas saído de casa. Porquê? A família é importante.

      – Sim. E eu sou a única família que os gémeos têm.

      Era uma teimosa. No entanto, demonstrava que queria proteger as crianças. Apesar de ele querer descobrir as suas fraquezas, não podia culpá-la por aquilo.

      – Conta-me porque saíste de casa – insistiu Ford.

      Ela inclinou a cabeça e uma madeixa de cabelo loiro caiu-lhe sobre os olhos. Com um movimento rápido de mão, afastou-a.

      – Sei o que estás a tentar fazer.

      Ele hesitou por um instante.

      – O quê?

      – A informação é poder – respondeu Rachel, traçando círculos na mesa com o copo de água, com o sobrolho franzido, concentrada. – Queres que te fale do meu passado para poderes usá-lo contra mim.

      Tinha razão.

      – Eu contei-te a minha história.

      – Com uma finalidade – indicou ela, olhando para ele. – Sem dúvida, devo acreditar que os gémeos beneficiariam da influência de um homem atenuada pela doçura de uma avó.

      – Talvez só estivesse a dar-te conversa.

      – Por favor. Vale tudo no amor e na guerra e tu és um guerreiro até à medula.

      – Muito inteligente – reconheceu ele, levantando o copo de água.

      – E porque me dá a sensação de que isso te surpreende?

      – Tudo em ti me surpreende – respondeu Ford, imperturbável.

      – Obrigada – agradeceu ela, encostando o seu copo ao dele e bebendo depois. – Tendo em conta que me consideras uma preguiçosa incapaz de manter uma relação, aceitá-lo-ei como um elogio.

      Ele riu-se, gostava da mistura de humor e de censura.

      – Tenho de admitir que tinha algumas ideias falsas. Não esperava a tua valentia, paciência e dedicação. No meu trabalho, pomos as emoções de lado para cumprir com o trabalho.

      Naquele momento, fora ele quem falara demasiado. Os olhos inteligentes de Rachel faziam-no falar com facilidade. Algo perigoso. Para evitar o seu olhar curioso, Ford levantou-se e levou os pratos para o lava-loiça.

      Ela parecia querer continuar a falar do assunto, mas, felizmente, a sua renitência habitual apareceu.

      – Estou muito cansado – declarou Ford, pensando que acabara de evitar uma bala. – O que te parece se lavarmos a loiça e formos para a cama?

      Capítulo 4

      Para a cama. Para a cama. Para a cama. As palavras ecoavam na divisão, trazendo imagens de pele nua, pernas entrelaçadas e bocas unidas.

      Eram palavras, no mínimo, perturbadoras. Sobretudo porque Rachel não se sentia incomodada por o imaginar nu.

      Envergonhada pela sua reacção, porque era evidente que ele não quisera dizer que iam para a cama juntos, Rachel evitou o seu olhar enquanto arrumava a mesa. No entanto, sentiu como corava. A sua raiva também aumentou, porque não estava a corar apenas devido à vergonha.

      Também corava de desejo, puro e simples.

      O facto de preferir estar sozinha habitualmente não queria dizer que não soubesse o que fazer com um homem.

      Ao aproximar-se da bancada, viu o relógio do forno: sete horas e três minutos.

      – Só são sete horas – comentou. Tinham acontecido tantas coisas nas últimas horas que parecia muito mais tarde. – É um pouco cedo para ir para a cama.

      Ele olhou para o relógio e sorriu ironicamente.

      – Só sete? Devo estar a sentir os efeitos da noite de ontem. Não te disse que quase não dormiram?

      – Sim – Rachel abriu a torneira do lava-loiça. Ela dormira bem na noite anterior graças a ele. – Porque não…? Oh…

      Deu um salto ao virar-se e encontrar-se com ele. Recuou instintivamente, mas escorregou na água que havia no chão e quase caiu.

      – Cuidado! – avisou Sullivan, agarrando-a mesmo a tempo. – Já te agarrei.

      Surpreendida ao voltar a encontrar-se nos seus braços, Rachel levantou o olhar e percebeu que estava a poucos centímetros de uns olhos azuis que olhavam para ela com desejo.

      Pestanejou e voltou a olhar para ele nos olhos, que olhavam para ela de modo inexpressivo.

      O olhar de Sullivan mudara tão depressa que Rachel se perguntou se realmente sentira alguma coisa ou se fora ela quem projectara o seu desejo sobre ele.

      – Lamento – desculpou-se, afastando-se.

      Ele deixou-a ir-se embora com demasiada facilidade. Repreendendo-se em silêncio, Rachel arregaçou as mangas da camisola e pôs as mãos na água.

      – Vieste até aqui de carro ou de avião? – perguntou, decidida a manter uma conversa para evitar uma situação violenta.

      – De carro – Sullivan começou a limpar os pratos.

      Ela olhou para ele pelo canto do olho. Segundo a sua experiência, os homens evitavam as tarefas do lar. Provavelmente, teria de agradecer à avó de Sullivan pela sua amabilidade.

      Rachel apreciou a sua ajuda, mas não a sua proximidade.

      – Assim seria mais fácil pôr as duas crianças no carro e levá-las para casa.

      Ele encolheu os ombros.

      – Esse é o plano.

      Respondera no presente, portanto não mudara de ideias a respeito dos gémeos apesar de pensar melhor dela. Desanimada, Rachel ficou em silêncio.

      Um gemido proveniente da sala interrompeu aquele momento. Os bebés estavam a acordar.

      – Eu vou.

      Sullivan passou ao seu lado para se dirigir para a sala e foi directo ao parque.

      –

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