Os meus três amores - Tal como sou. Rebecca Winters

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Os meus três amores - Tal como sou - Rebecca Winters Omnibus Bianca

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é que mentira, que preferira o seu bem em vez do da sua filha. Stella Adams podia ter dado a Rachel as coisas que Dan lhe negara: tempo, atenção e carinho. Mas Stella preferira não o fazer.

      E Rachel nunca a perdoara por isso.

      Passou-se por água, fechou a torneira e saiu da banheira. Enrolada numa toalha enorme, foi para o quarto.

      Rachel aprendera bem a lição durante a sua infância e não ia mudar como adulta. Antes de lhe partirem o coração, preferia estar sozinha. Tinha relações, mas nenhuma prosperava. Por culpa dela. Ela não queria arriscar-se a deixar que alguém que amasse a rejeitasse.

      Outra vez.

      Infelizmente, a sua relação com a sua irmã também sofrera por causa daquilo. Mas, ao contrário do que Sullivan dissera, tinham forjado uma nova relação depois da morte dos seus pais.

      Rachel recusava-se a acreditar que Crystal tivesse fingido que não tinham essa relação.

      Entrou na sala com umas meias grossas e uma camisola velha e parou para verificar se os bebés continuavam a dormir antes de ir para a cozinha. Imaginara que Sullivan teria aberto algumas latas de sopa, mas não fora assim. O cheiro a cebola e tomate fez com que o seu estômago se queixasse.

      – Cheira bem!

      Ele levantou o olhar, estava a untar pão com manteiga.

      – Sim – respondeu, com segurança. – É esparguete, pensei que precisávamos de algo consistente.

      Enquanto ela tomava banho, ele mudara de roupa. As calças de ganga e a t-shirt cinzenta realçavam a sua masculinidade. Aquela roupa informal marcava ainda mais os seus ombros largos, as suas coxas musculadas e o rabo firme.

      Uma madeixa de cabelo escuro caía-lhe sobre a testa. Rachel lutou contra o desejo de a afastar e de sentir o seu toque suave nos dedos.

      Ainda recordava como se sentira bem nos seus braços, portanto dirigiu-se para o frigorífico e tirou uma alface. Precisava de ocupar as suas mãos com algo e os seus pensamentos também.

      – Porque não tomas um duche enquanto se torra o pão? – perguntou Rachel. Enquanto se vestia, tomara uma decisão. Quanto menos tempo passasse com ele, melhor. Não seria uma tarefa fácil, tendo em conta que estavam presos numa casa de um só quarto, mas tinha de tentar. – Eu prepararei a salada.

      Ele lavou e limpou as mãos.

      – Parece-me bem.

      Sullivan abriu o forno e baixou-se para pôr lá o pão com alho.

      As hormonas de Rachel, que costumavam estar sempre sob controlo, revolucionaram-se. A única coisa que lhe apetecia era aproximar-se dele, pôr as mãos nos bolsos das suas calças e apertar.

      Felizmente, ele ergueu-se antes de ela ter tempo de o fazer.

      Ela pigarreou.

      – Vou buscar uma toalha.

      – Obrigado – ele agarrou na toalha e desapareceu na casa de banho.

      Rachel suspirou aliviada. Aquele homem ocupava demasiado espaço numa divisão. Só a sua presença carregava o ambiente. A recente viagem mental de Rachel ao passado recordava-lhe exactamente porque tinha de se manter afastada dele. Tinha muito a perder e nada a ganhar.

      Ele procedia de um mundo diferente e só estaria ali o tempo suficiente para destruir a sua vida.

      Ouviu um gemido e foi à sala. Jolie estava a mexer-se no parque. Rachel enrolou-a numa manta e deu-lhe palmadinhas nas costas até ela voltar a adormecer. Cody não se mexeu.

      Estariam melhor com Sullivan do que com ela? Ele mencionara que tinha uma família grande, muito unida. Exactamente o que ela sonhara quando era criança.

      Mesmo assim, só de pensar nisso, parecia que estava a trair aquelas crianças que tanto amava.

      Ouviu que fechavam a torneira do duche e entrou em acção. Tirou o pão quando ainda estava dourado e, depois, preparou a salada de alface, cebolinhas e tomates.

      Quando Sullivan saiu da casa de banho, mais uma vez vestido com as calças de ganga e a t-shirt, já tinha posto a mesa.

      – O jantar está pronto!

      – Óptimo! – Ford passou os dedos pelo cabelo molhado antes de puxar uma cadeira para que Rachel se sentasse.

      Ela franziu o sobrolho ao ver o seu gesto e olhou para ele com cautela.

      – A quem estás a tentar impressionar? – perguntou-lhe. – Isto não é um encontro.

      Porque é que era tão atraente quando se queixava?

      – É culpa da minha educação. A minha avó ainda acredita nas gentilezas de antigamente.

      – Obrigada. A tua avó educou-te?

      Ele assentiu enquanto se sentava também.

      – Desde que tinha oito anos.

      – Hum…

      – E criou os meus cinco irmãos desde que os meus pais morreram num acidente de viação.

      Ela olhou para ele nos olhos e, depois, voltou a desviar o olhar.

      – Lamento muito.

      Muito bem, Rachel parecia menos susceptível, mas continuava a pôr fim às conversas. Ford teve a sensação de que tinha jeito para evitar as discussões.

      Observou como levava o garfo à boca e tentou não pensar em como se sentira quando a tivera entre os seus braços. Se a situação tivesse sido diferente, já teria começado a cortejá-la. Mas naquele contexto, qualquer avanço traria sofrimento. Não fazia sentido complicar a situação por se deixar levar pela atracção que sentia por ela.

      O que não significava que fosse permitir que Rachel fingisse que ele não estava ali.

      – Se te aborrecer, diz-me – comentou.

      E então aconteceu algo maravilhoso. Os lóbulos das orelhas dela ficaram vermelhos! E embora visse a agitação nos seus olhos, Rachel esforçou-se para continuar com a conversa.

      – Deve ter sido uma infância muito difícil.

      – Foi difícil perder os meus pais, mas a avó amava-nos e ficámos juntos. Isso era muito importante – apoiou os cotovelos na mesa. – Não és muito faladora, pois não?

      Ela engoliu um bocado de esparguete.

      – Não.

      – Porquê?

      Ela ficou em silêncio. Era evidente que não queria responder à pergunta, mas ele esperou.

      Rachel acabou por suspirar. Decidiu responder.

      – Em geral, porque prefiro estar sozinha.

      –

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