Uma esposa para o príncipe. Maya Blake

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Uma esposa para o príncipe - Maya Blake Sabrina

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dor, raiva, amargura e sentimento de culpa. A dor de perder um ser querido nunca desaparecia, como a raiva por uma vida terminada demasiado cedo, por todos os planos que nunca chegaram a bom termo. E a amargura pela crueldade do destino…

      Tinha sido tudo culpa dele e agora tinha de carregar aquela pesada cruz.

      – Serias rei e estarias casado se Celeste não tivesse morrido – disse a mãe.

      Um lembrete desnecessário que levou Remi a cerrar os dentes.

      – Sei isso muito bem, mãe – murmurou, num tom gelado. – Mas diz-me uma coisa, onde vou arranjar uma noiva em três meses?

      A mãe abriu uma gaveta e tirou um papel.

      – Ainda tenho a lista de candidatas que fizemos há cinco anos.

      – Há cinco anos não me rebaixei a escolher uma esposa dessa lista feita por conselheiros e não penso fazê-lo agora.

      – Mas desta vez não há tempo e talvez seja a melhor solução. Eu casei-me por amor, tu estiveste quase a casar-te com a escolhida do teu coração… e olha onde isso nos levou!

      Remi observou a palidez da mãe sob a maquilhagem, as rugas de stress em redor dos olhos. Ele tinha-se encarregado de mais deveres oficiais no último ano, mas podia ver que o cargo de rainha também tinha sido cansativo para a sua mãe.

      A coroa, temporária ou não, era realmente muito pesada. Uma coroa que em breve estaria na sua própria cabeça.

      Mas antes que pudesse dizer algo, a sua mãe recuperou a compostura.

      – Não vou ficar de braços cruzados a ver tudo o que ergui nos últimos dez anos a afundar-se só porque a tua sensibilidade não te permite cumprir o teu dever. Irás a Londres, separarás o teu meio-irmão dessa mulher e irás trazê-lo para casa. Depois escolherás uma noiva e anunciarás o teu casamento uma semana antes do festival do solstício. Durante o festival, fixaremos a data do casamento, que acontecerá três meses após o noivado. Assim terás seis meses para habituar-te à ideia.

      – Mãe…

      – Chegou a altura de ocupares o teu lugar no trono, Remirez. Sei que não me falharás.

      Um minuto depois, Remi saía do escritório. E, como previra antes de entrar, tudo tinha mudado.

      Mais cinco semanas.

      Maddie Myers conteve o desejo de tirar o telemóvel para ver as horas e saber quanto tempo faltava para que aquele pesadelo terminasse.

      Não deveria ter aceitado uma proposta tão absurda, mas as suas opções eram muito limitadas e, quando um luxuoso Lamborghini lhe bateu de lado e agravou as suas desgraças, fazendo-a deixar cair as compras que tinha pago com o último dinheiro que lhe restava, teve de aceitar que a situação era desesperada.

      Por sorte, conseguira escapar do horrível incidente apenas com um par de hematomas, uma pontada de dor nas costelas e um braço dolorido.

      Na verdade, tinha a certeza de que fora o susto de quase ter sido atropelada a levá-la a aceitar a proposta de Jules Montagne. Estava desesperada e quando o proprietário do Lamborghini lhe ofereceu uma solução para os seus problemas…

      Nesse momento estava a pensar vender um dos seus rins, portanto aparecer-lhe um tipo cheio de dinheiro parecera-lhe uma resposta às suas preces. Embora ainda tivesse demorado quarenta e oito horas a aceitar a proposta. Provavelmente porque ele não tinha deixado claro o motivo por que precisava dela. Se aprendera algo na vida era a olhar antes de saltar; a confiança cega já não era um dos seus defeitos.

      Tinha pensado que a sua mãe estaria presente para ajudar a família que ela mesma dilacerara. Tinha confiado no seu pai de cada vez que ele lhe dizia que tinha controlado os seus vícios. E Greg… esse fora o pior de todos.

      Quando Jules Montagne lhe fizera um ultimato: «Sem fazer perguntas», o instinto dissera-lhe para sair a correr. Mas por muitas vezes que revisse a sua conta bancária ou procurasse entre os seus pertences com a esperança de encontrar algo que pudesse penhorar, o resultado era o mesmo.

      Restava muito pouco tempo ao seu pai e não tinha outro remédio senão retribuir o telefonema de Jules. Naturalmente, a sua ajuda não era gratuita, por isso estava vestida como uma cara acompanhante, a ouvi-lo falar com o seu círculo de aristocratas enquanto bebiam litros de champanhe caríssimo na sala VIP de uma discoteca.

      Maddie tinha deixado para trás a eterna questão de «porque é que a vida é tão injusta comigo» e, depois do abandono da mãe, também tinha deixado de pensar que tinha alguma esperança.

      – Sorri! – incentivou-a Jules. – Olhas para o teu copo como se alguém tivesse morrido.

      Ela esboçou um sorriso falso, contendo o desejo de começar a gritar. Não, ninguém tinha morrido, mas o homem que uma vez tinha sido o seu forte e orgulhoso pai, um homem agora tristemente abatido, morreria a não ser que ela interpretasse o seu papel e arrecadasse o pagamento prometido.

      Setenta e cinco mil libras.

      O custo exato da operação aos rins em França.

      A quantia que Jules aceitara pagar-lhe se fingisse ser a sua noiva durante seis semanas.

      Maddie levantou o olhar e deparou-se com os olhos metálicos do seu falso noivo, o homem que mal lhe dirigia a palavra quando se afastavam dos paparazzi que os perseguiam a cada momento.

      – Sorri, chérie – insistiu Jules, com um brilho vítreo nos olhos, antes de continuar a conversar e a rir com os seus amigos.

      Maddie exalou um suspiro de alívio, fazendo uma expressão de dor ao sentir uma pontada nas costelas, e perguntou-se se conseguiria sobreviver àquilo.

      Na primeira vez em que que tinham saído juntos, um jornalista fizera perguntas sobre a família de Jules, especificamente o que pensava «a rainha» do seu comportamento. Maddie quisera saber a que se referia, mas Jules limitara-se a recordar-lhe a regra de não fazer perguntas.

      Embora precisasse de dinheiro desesperadamente, a possibilidade de tornar-se membro de uma família real enervava-a e não tinha a intenção de responder às perguntas dos repórteres. Jules sugerira que levasse auriculares com a música no máximo e foi isso que decidiu fazer. Afinal, não poderia responder a perguntas que não tinha ouvido.

      A sua aparente antipatia devia ter suscitado muitas críticas nas redes sociais, mas o lado positivo de ter vendido o seu computador portátil para comprar comida ou só usar telemóvel para chamadas de emergência permitia-lhe uma abençoada ignorância. Era melhor não saber o que diziam dela.

      E, assim, ali estava, firmemente instalada no país das maravilhas, sem saber por que se fazia passar pela noiva de um homem bonito, caprichoso e talvez membro de uma família real que viajava com dois guarda-costas.

      Jules pediu outra meia dúzia de garrafas de Dom Perignon e depois fez um gesto a um dos seus guarda-costas, com o qual desapareceu nas traseiras da discoteca.

      A suspeita de ter-se aliado a um homem que tinha tomado o mesmo caminho que o seu pai foi suficiente para que se levantasse da cadeira. Não sabia o que faria se encontrasse Jules a tomar drogas, mas não conseguiria conter a raiva.

      Estava

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