Uma esposa para o príncipe. Maya Blake
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– Isso depende.
– Depende do quê?
Ele limitou-se a sorrir, mas o sorriso provocou um fogo no seu ventre.
Maddie estava quase exigir uma resposta quando alguém abriu a porta do carro.
– Vai descobri-lo no momento certo. Boa noite, menina Myers.
Desde que se vira obrigada a abandonar os seus estudos de psicologia infantil e voltar para casa para cuidar do pai, as noites de Maddie estavam repletas de preocupações. Não dormir era algo habitual e o rangido do estrado de quinta categoria sob o colchão era o acompanhamento das suas ansiedades.
No entanto, nessa noite outros pensamentos, outras imagens davam voltas à sua cabeça e o que o impedia de dormir era uma estranha mistura de emoções. Incredulidade por ter conhecido um príncipe a sério, um príncipe lindo que parecia saído do grande ecrã. Fúria porque estava a ameaçá-la. Desejo? Não, não ia pensar nisso.
E ansiedade.
Era evidente que o príncipe tinha um grande poder sobre o seu meio-irmão, apesar da atitude desafiante de Jules. Atrever-se-ia a negar-lhe o que Jules lhe tinha prometido?
Este último pensamento manteve-a acordada até que por fim saltou da cama antes que o despertador tocasse às seis.
O seu pai já se tinha levantado, embora não estivesse vestido, quando chegou à cozinha. Maddie parou à porta, contendo o fôlego enquanto o examinava. Estava raquítico, resultado de uma falha renal causada pelos fortes analgésicos em que se viciara quando a sua próspera imobiliária falira dez anos antes.
Tinha escondido os seus vícios durante anos para manter as aparências e agarrar-se a uma esposa que esperava um verdadeiro estilo de vida e exigia que o seu marido lho proporcionasse.
Uma sobredose tinha posto tudo em claro três anos antes, mostrando o surpreendente dano que Henry Myers fizera ao seu corpo. E também tinha sido o princípio de muitas promessas de deixar as drogas, de muitas recaídas, e da ruína em que se metera.
Por fim, passar de uma vida acomodada a cuidar de um viciado num apartamento diminuto num dos bairros mais pobres de Londres fora demasiado para a sua mãe.
Anos atrás, o seu pai tinha sido um homem rico e admirado pelos seus colegas. Maddie tinha sido uma menina mimada e alegre, com uma mãe mais interessada em comprar-lhe vestidos do que em dar-lhe afeto e um pai carinhoso, embora sempre ocupado.
Mas a sua vida tinha dado uma volta após um telefonema de Priscilla Myers, quando Maddie estava na universidade. Estava farta, tinha-lhe dito. Tinha de voltar para casa para cuidar do seu pai porque ela já não podia mais e não estava disposta a continuar a viver na pobreza. No seu tom não havia vergonha nem sentimento de culpa por abandonar o marido e filha. Partira sem olhar para trás e sem deixar morada.
Maddie tentou conter a angústia enquanto entrava na cozinha.
– Levantaste-te muito cedo – disse-lhe.
O pai encolheu os ombros.
– Não conseguia dormir.
– Queres tomar o pequeno-almoço? Torradas e chá? – perguntou-lhe ela, tentando animar-se.
O pai evitava o seu olhar, sinal de que os demónios do vício estavam novamente a apertá-lo. Sentiu o coração encolhido. Se pudesse, tiraria o dia e ficaria em casa para oferecer-lhe o apoio de que precisava.
– A senhora Jennings virá dentro de um momento – disse-lhe, tentando sorrir. – Ela far-te-á o almoço se tiveres fome.
O seu pai não disse nada e Maddie tentou não se sentir culpada. O desespero tinha-a levado a pagar à vizinha um pequeno salário para cuidar dele umas horas por dia e o seu pai sabia-o.
Depois de o terem tirado da lista de transplantes duas vezes, por culpa das recaídas, recorrera a todo o tipo de tretas para o vigiar, mas os últimos exames revelavam que em poucas semanas poderia ter uma falha renal grave.
Os médicos tinham-lhe dito que não aprovariam a operação a não ser que estivesse limpo durante pelo menos seis meses e, por agora, não tinha recaído, mas precisava de dinheiro para pagar a operação; um dinheiro que dependia de que cumprisse o acordo com Jules Montagne. Correção, Jules Montegova, meio-irmão do príncipe Remirez Alexander Montegova.
A imagem do imponente homem de olhos cinzentos fez com que sentisse um calafrio na espinha.
Horas depois, quando acabou de atender os clientes do pequeno-almoço no café em que trabalhava, Maddie começava a estar realmente preocupada.
Normalmente, Jules enviava-lhe uma mensagem à noite, antes de ir para a cama, dizendo-lhe onde e quando voltariam a ver-se. E, quando a meio do dia continuava sem saber nada dele, a sua preocupação converteu-se em autêntica ansiedade.
Não queria desbaratar preciosos minutos do telemóvel com ele, mas tinha a impressão de que algo se passava. Tanto dependia desse acordo com Jules que não poderia deixar passá-lo, por isso decidiu ligar durante a hora de descanso.
– Santo Deus, é o príncipe Remirez! – exclamou Di, uma colega que estava a limpar as mesas.
Maddie quase soltou a dúzia de garfos que tinha nas mãos.
– O quê?
Di, boquiaberta, apontou para a rua, à porta do café. E ali estava o homem em que tinha pensado durante demasiadas horas à noite, examinando o menu do café com o mesmo desdém que tinha mostrado pelo seu bairro na noite anterior.
O sol de março abriu caminho por entre as nuvens nesse momento, sublinhando o seu altivo rosto. Estava convencida de ter exagerado ao considerá-lo perfeito na noite anterior. Agora, com o sol a acariciar-lhe as espetaculares feições, Maddie não tinha a menor dúvida de que o herdeiro do trono de Montegova era um magnífico exemplar masculino da cabeça aos pés.
– Conhece-lo, Di? – perguntou, afastando o olhar daqueles traços cativantes.
A sua colega arregalou os olhos.
– Por favor! Todas as mulheres do mundo sabem quem ele é. O seu irmão Zak também é lindo. Mas nem imagino o que andará por aqui a fazer. Ai, meu Deus, que ele vai entrar!
Maddie voltou-se, rezando para que Di estivesse enganada. Não estava ali por ela, não podia ser. Na discoteca, sendo a acompanhante do irmão dele, era fácil explicar o interesse fugaz de um príncipe por ela… mas ali, entre talheres de plástico e comida barata, era difícil entender por que o homem mais atraente do mundo a vinha procurar.
Mas por que outra razão iria ali?
Di continuou a dar à língua enquanto Maddie, de costas para a porta, fingia ocupar-se da arrumação dos talheres.
Um momento depois fez-se silêncio no café e ouviu os firmes passos do homem que parecia pensar ser o dono do universo.
– A menina Myers…
«Ai, Deus». Não tinha imaginado o impacto da sua voz. E também não tinha