O conde de castelfino - Paixões mediterrâneas. Christina Hollis

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O conde de castelfino - Paixões mediterrâneas - Christina Hollis Ómnibus Geral

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      As lembranças continuavam a ser como uma ferida aberta e, de repente, sem pensar, abraçou-o. Não conseguiu evitá-lo. Mas a reacção de Gianni foi igualmente instintiva, afastando-a educadamente.

      – Não, estou bem. Por favor, não…

      – Está bem, sei que o preocupa que os empregados estejam a olhar, mas não fará nenhum favor a ninguém nesse estado de cansaço. Tem de descansar e, a menos que o faça, acabará também no hospital. E então quem cuidará da villa Castelfino e de toda a gente que vive aqui?

      Ele olhou para ela, com expressão enigmática. Gianni Bellini estava por barbear, exausto, mas, mesmo assim, era totalmente irresistível. Pensou então em todas as fantasias que tinha tido com ele. Tinha passado tantas noites a recordar a sua cara, o seu sorriso, o seu encanto… E, agora que estava ali, ao seu lado, ficava corada até à raiz dos cabelos!

      – Porque está a fazer isto, menina Imsey? Acabou de chegar… Porque lhe importa o que se passa comigo? Eu sou um homem frio e prático, qualquer pessoa poderá dizer-lho. E, quando cancelar todos os projectos absurdos do meu pai, não haverá trabalho para si aqui.

      Meg arqueou um sobrolho, surpreendida. Os planos do conde tinham-lhe parecido muito sensatos. Aquele era o emprego dos seus sonhos, mas, se não houvesse lugar para ela nos novos planos de Gianni, talvez estivesse na altura de lhe dizer algumas verdades.

      – Não posso permitir-me que não me importe. Sou empregada da villa Castelfino, mas, pelos vistos, o senhor é a única pessoa que parece saber que vim trabalhar para cá, de modo que é importante que me preocupe consigo, se quiser receber o meu salário, signor Bellini. E existe sempre a possibilidade de que mude de ideias e continue com os planos do seu pai.

      A expressão de Gianni passou de resignação a desagrado.

      – Devia ter imaginado. Com as mulheres, tudo se cinge ao dinheiro. E ainda me perguntam porque é que não me caso!

      Aquela resposta foi uma chamada de atenção para Meg. Na vida real, estava a ser um homem muito diferente do que ela tinha inventado. E, sem ilusões a respeito de Gianni, a única coisa que podia esperar era manter o seu emprego. Para além das razões práticas, os seus pais tinham-se despedido dela no aeroporto com tantas esperanças… Não queria dar-lhes um desgosto, voltando para casa sem ter conseguido nada.

      – Não é só dinheiro, signor Bellini, é também sensatez. A minha família depende de mim. O negócio está a correr bem agora, mas toda a gente sabe como podem mudar as circunstâncias a qualquer momento.

      Gianni assentiu com a cabeça, mas não disse nada.

      – Por isso, preciso deste emprego – continuou Meg. – O seu pai decidiu que viveria no pavilhão que há ao lado da estufa. Já vim cá algumas vezes, portanto, sei onde fica. Não precisa de se preocupar comigo, não serei um problema para ninguém. E podemos falar disto mais tarde… Devia descansar.

      – Não, tenho de estar desperto.

      Mas parecia tão beligerante como só podia estar alguém privado de sono durante vários dias.

      – Claro que sim, por isso, deve dormir um pouco. Não se preocupe, eu sei mais ou menos como funciona esta casa. Os seus empregados mantê-lo-ão informado de tudo – disse-lhe, falando com ele como faria com uma criança. – O seu pai disse-me que só contratava pessoal capaz.

      Gianni olhou-a nos olhos. E depois, de forma inesperada, voltou a agarrar a sua mão para a levar aos lábios. O beijo que depositou nos seus nós dos dedos provocou um calafrio que a deixou sem ar e nos olhos dele via a mesma promessa que recordava do seu primeiro encontro.

      – Sim, é verdade – murmurou. – Agora, dou-me conta.

      Gianni seguira as instruções de Meg por uma questão de cansaço. Estava tão cansado que o seu corpo tinha assumido o controlo da sua mente, de modo que subiu para o seu quarto e, como se estivesse em piloto automático, tirou os sapatos e caiu sobre a cama.

      Quando acordou, o sol batia-lhe nos olhos e a fome fazia com que o seu estômago protestasse ruidosamente. Pegando no telefone, telefonou para a cozinha para que lhe trouxessem alguma coisa para comer. «Megan tinha razão», pensou. «Precisava de descansar e devia ter dormido durante horas.»

      Vinte minutos depois, de banho tomado, barbeado e sentindo-se ligeiramente mais humano, dirigiu-se para a sala de jantar da sua suíte, onde lhe tinham servido o pequeno-almoço, embora o seu relógio biológico lhe dissesse que deveria estar a jantar.

      Mas não parecia. De facto, não se parecia com nada que tivesse aparecido no menu da propriedade Castelfino nos seus trinta e dois anos de vida.

      – Isto tem muito bom aspecto – murmurou, pegando num exemplar de La Repubblica.

      – Está muito bom, signor Bellini. A chefe de jardinagem ofereceu-nos esse menu esta manhã – respondeu o mordomo.

      Gianni estava prestes a perguntar a quem se referia, mas então reparou numa coisa…

      – Este jornal é de segunda-feira. O que aconteceu ao jornal de domingo, Rodolfo?

      – O pessoal tinha instruções estritas para não o incomodar, signor Bellini.

      Gianni observou a bandeja, com expressão perspicaz. Em vez dos croissants e das salsichas de sempre, havia várias saladas e um prato de vidro com uma coisa que parecia um bolo.

      – Isto parece um trifle inglês… Não via isto desde que andava na escola. De onde saiu?

      – A chefe de jardinagem sugeriu algumas mudanças no seu menu, signor Bellini.

      – Era o que ia perguntar-te há pouco. Eu não sabia que tínhamos uma chefe de jardinagem – disse Gianni, suspeitando o que tinha acontecido. A rapariga inglesa que tinha aparecido na propriedade tinha feito o seu ninho assim que ele se virara.

      – A menina Imsey chegou recentemente, signor Bellini.

      – Bom, não te preocupes, não ficará aqui muito tempo. Estou mais interessado em habilidades práticas do que em títulos académicos. Quem se esconde da vida numa biblioteca, tem sempre medo do trabalho árduo – Gianni estava convencido do que dizia, mas a expressão de Rodolfo voltou a fazê-lo recear. – Não me digas que te deixaste enganar por aquele sorriso e aqueles olhos azuis… Aquela rapariga só está interessada numa coisa: no salário. Disse-mo ela mesma.

      O mordomo não parecia ter pressa em ir-se embota. Era evidente que tinha mais alguma coisa a dizer.

      – Mais alguma coisa?

      O homem tossiu suavemente.

      – Talvez lhe interesse saber que a cozinheira não está de muito bom humor, signor.

      Gianni estava a servir-se de uma salada, mas parou ao ouvir aquelas palavras. Saber que Megan conseguia irritar a sua velha e orgulhosa cozinheira fê-lo sorrir.

      – E isso não tem nada a ver com a nova chefe de jardinagem, pois não?

      – Receio que sim, signor Bellini.

      –

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