O conde de castelfino - Paixões mediterrâneas. Christina Hollis
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Alguns minutos depois, dispunha-se a comer e, pela primeira vez na villa Castelfino, afastou um prato porque não sobrara nada e não porque lhe provocasse náuseas. Foi então que se apercebeu de que começava a sentir-se bem como não se sentia há anos.
Para além da nova dieta, num único dia tinha dormido mais do que dormia normalmente numa semana.
Mas então recordou a realidade: o seu pai tinha morrido, o futuro de centenas de hectares de terreno e de milhares de pessoas em todo o mundo dependia dele como novo conde de Castelfino. O seu negócio poderia ser ampliado agora, como tinha planeado.
Suspirando, saiu para o terraço, para admirar a propriedade. Todas aquelas terras eram agora suas, sua responsabilidade. Até alguns dias antes, o seu vinhedo tinha ocupado apenas uma pequena parte da propriedade, mas isso ia mudar. Tudo ia mudar. As suas noites de excessos tinham ficado para trás. A partir daquele momento, o negócio vitivinícola ocuparia todo o seu tempo. Assim, poupar-se-ia a ter de pensar num aspecto do seu título nobiliárquico, que pesava sobre ele como a nuvem de cinzas de um vulcão.
Não queria ser o último conde de Castelfino, mas também não queria ver uma criança a sofrer, porque esse era ainda um sabor amargo na sua boca.
Mas nunca tinha olhado realmente para a paisagem que havia diante da sua janela. Talvez porque, simplesmente, sempre tinha estado ali. Agora, todos os vinhedos, oliveiras e carvalhos eram dele.
E então viu Megan Imsey a empurrar um carrinho de mão cheio de ferramentas. Um chapéu de palha escondia a sua cara, mas Gianni conseguia ver que estava a divertir-se. Devia dirigir-se para o jardim amuralhado. Era o último projecto do seu pai, uma extravagância de estufas suficientemente cara para os deixar na ruína.
Porque é que Megan ia para ali, quando já lhe tinha deixado claro o que pensava dos planos do seu pai? E que tipo de pessoa trabalhava quando não tinha de o fazer?
Gianni sorriu. Só tinha de pensar nas vezes em que ele arregaçava a camisa para trabalhar. Graças a essa atitude, tinha conseguido uma boa reputação como produtor de vinho em poucos anos. Tinha-o feito como fazia tudo na sua vida: se se queria uma coisa, o melhor era fazê-la nós mesmos.
Questionou-se então se a menina Imsey teria um interesse semelhante em controlar tudo. Aquele poderia ser o momento perfeito para o descobrir. Fazia um dia lindo e sentia-se sortudo…
O sol da Toscana batia nas costas de Meg. Dizer que fazia calor era dizer pouco. Sob a camisa branca, as jardineiras e o chapéu de palha, usava uma camada de protector solar porque era de compleição pálida, mas estava cheia de calor.
Ela estava sempre disposta a trabalhar, mas a villa Castelfino tinha uma novidade que a tornava especial. Cem anos antes, um antepassado de Gianni tinha construído um jardim coberto ao lado da casa para que a sua esposa inglesa não sentisse a falta da casa dela. Não se tinha feito nada com ele em todos aqueles anos, até que o pai de Gianni tivera a ideia de construir estufas de última geração para plantas exóticas e especiais. Os novos complexos estavam quase acabados, mas, naquela manhã ensolarada, interessava-lhe mais a parte do jardim que ainda estava intacta. A melancolia atraía-a e, sorrindo, abriu a porta de madeira e entrou num hectare de paraíso.
Tinha passado os últimos meses a planeá-lo e a acompanhá-lo, durante as suas viagens a Itália. E no meio do jardim secreto havia um palácio de vidro… Ainda era necessário dar-lhe alguns retoques, mas o edifício principal estava quase acabado. Naquela manhã, com o telhado de vidro aberto para aproveitar a brisa, parecia um galeão com a maior vela içada. Na verdade, não conseguia entender que Gianni não gostasse do projecto e questionou-se como iria convencê-lo a continuar em frente.
Não queria sequer imaginar que pudesse querer interromper o projecto das estufas e a sua auto-estima frágil não precisava de um novo golpe.
Para se animar, dedicou a sua atenção à horta, que em tempos tinha produzido alimentos para toda a villa. Décadas de negligência tinham-na transformado num baldio de ervas daninhas e árvores de fruto dispersas, com os ramos a crescer em todas as direcções. Parou o seu carrinho de mão à sombra de uma delas, ao lado de um pequeno lago artificial, e depois voltou para trás para fechar a porta, porque não queria ser incomodada. Uma vez feito isso, colocou o seu cantil no lago, para que a água permanecesse fresca, e começou a trabalhar.
Tinha de delimitar novos canteiros para as flores e devia fazê-lo rapidamente. Quanto maior fosse o impacto em Gianni Bellini, mais fácil seria que a deixasse ficar ali. Ou assim esperava.
Mas fazia um calor insuportável. Meg hesitou, perguntando-se se teria coragem para tirar a roupa, mas decidiu que não havia ninguém ali e que trabalhar em roupa interior não era pior do que trabalhar de biquíni. Se tivesse cuidado para não se queimar com o sol, nunca ninguém saberia.
Impulsivamente, tirou a camisa e as jardineiras, e continuou a trabalhar. Quando o sol queimava demasiado, voltou a pôr-se à sombra e bebeu um gole do seu cantil. Estava a levantar-se para verificar como tinha ficado a demarcação dos canteiros, quando uma voz familiar a sobressaltou.
– É assim que se vestem as jardineiras inglesas, Megan?
Meg virou-se e o seu coração parou durante um segundo. Era Gianni, o verdadeiro, não a versão exausta que tinha visto no dia anterior. Naquele dia, parecia o sedutor que tinha conhecido em Chelsea e isso alarmou-a tanto como a tinha alarmado a sua fúria.
– O que está a fazer aqui? – perguntou-lhe, tentado tapar-se com as mãos.
– Vivo aqui, lembras-te?
– Sim, eu sei, mas… Pensei que…
– Pois, pareces tê-lo esquecido.
– Não pensei que alguém pudesse entrar aqui. A porta estava fechada e eu tenho a única chave. Como é que entrou? – perguntou-lhe Meg, a vergonha misturava-se com a raiva.
Gianni aproximou-se da árvore, em cujos ramos tinha pendurado as jardineiras e a camisa, e, com as roupas na mão, aproximou-se dela. Mas demorou o seu tempo. Era evidente que estava a fazê-la esperar de propósito, mas Meg não estava com humor para brincadeiras.
Assim que ficou suficientemente perto, tirou-lhe a roupa da mão e vestiu-a, enquanto Gianni a observava, com expressão brincalhona.
– Como disse, eu vivo aqui – disse-lhe, tirando uma chave do bolso. – Tenho uma cópia de todas as chaves desta casa.
Descalça, mas já decente, Meg replicou:
– Isso não explica porque é que entrou aqui sem avisar.
– Queria ver-te, Megan.
Nervosa ao ver o brilho dos seus olhos, desviou o olhar. Todo o tipo de esperanças começava a nascer no seu interior e não queria que Gianni se apercebesse.
– Espero que se sinta melhor, senhor Bellini.
– Sim, estou melhor – ele sorriu. – Mas chama-me Gianni, por favor.
O coração de Meg deu um salto dentro do seu peito… Até que pensou que, certamente, ofereceria aquele tratamento a todos os empregados.