Conta-me os teus segredos - Contrato nupcial. Susan Fox P.
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O barulho da taberna tornou-se intenso. Conseguiu ouvir pedaços da conversa das pessoas que estavam sentadas na mesa atrás dele e não gostou nada. Indirectas misturadas com testosterona e álcool. Decidiu que enquanto aqueles homens não se fossem embora, ele não deixaria Grace sozinha.
– Ouve, Grace, pensei nisso e talvez coma uma sandes de carne.
Tomou nota sem dizer nada. Mas quando se aproximou da mesa de trás e, depois, foi para a cozinha, Mike ouviu um dos homens a fazer um comentário.
– Colega, é muito boa. O que eu podia fazer com uma égua como ela!
Mike enfureceu-se ao ver o que ela tinha de suportar. Grace regressou exactamente naquele momento para lhe servir a sua sandes.
– Pedi a Jack para pôr molho picante – informou, sorrindo levemente.
Ele sorriu sinceramente, surpreendido por ela se lembrar daquele pequeno detalhe depois de tantos anos.
– Obrigado por te lembrares.
– Conheço-te há muito tempo, Mike. Já te esqueceste?
Claro que ele não se esquecera. Ela sempre fora muito amável com ele, desde jovens. E ele preocupara-se mais com ela do que com qualquer outra pessoa na sua vida. Fora por essa razão que fugira do seu lado. Ficara aterrorizado.
Agarrou-a pela mão antes de ela se ir embora.
– Sabes que não me esqueci. Posso sempre contar contigo, Grace.
O sorriso dela apagou-se levemente e ele perguntou-se o que dissera para a entristecer.
– Já volto – prometeu ela, afastando a sua mão.
Então, Grace foi servir os homens que preocupavam Mike.
– Aqui tens, querida, fica com o troco – ofereceu um deles, entre os risinhos de outros. – E o que te parece se me deixares convidar-te para tomar o pequeno-almoço amanhã?
Mike virou-se e olhou para o homem escandaloso que falara, que não devia ter mais de vinte e três anos.
Quando Grace não disse nada e simplesmente pôs o dinheiro no bolso, pararam de se rir. Mike virou-se ao ver que Grace se dirigia para o balcão.
– Ouve, falei a sério quando te convidei para o pequeno-almoço, querida – insistiu o rapaz. – Tenho uma nota de vinte para ti se aceitares.
Aquilo estava a ir demasiado longe. Mike levantou-se e dirigiu-se para a mesa dos homens, agarrando no que ofendera Grace pela gola da camisa e levantando-o.
– Não sabes quando deves calar-te – avisou, calmamente.
Todos ficaram em silêncio na taberna. Sabiam que não deviam meter-se com Mike, já que era muito firme quando se zangava. Estavam à espera para ver o que acontecia.
– Lamento muito, companheiro – desculpou-se o rapaz. – Não tencionava importunar.
Mike esperou um momento para depois deixar o rapaz no chão. Reparou como Grace olhava para ele, mas não se importou.
Quando se virou, viu que ela continuava a olhar para ele. Estava pálida e os seus olhos reflectiam uma mistura de medo e de gratidão.
Ele perguntou-se quando se apaixonara por ela de uma maneira tão intensa. Naquele momento, faria o que quer que fosse para a proteger. Soube que, acima de todas as coisas, queria que ela fosse dele. Estivera a pensar várias vezes no que ela lhe dissera, que não queriam as mesmas coisas. Mas perceberam que queriam o mesmo. Ele queria assentar e constituir uma família. O que nunca tivera, pois passara de uma casa de acolhimento para outra.
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