Atração De Sangue. Victory Storm

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Atração De Sangue - Victory Storm

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Eles.

      O cardeal Montagnard. Dublin. O cardeal Siringer.

      Tantos, demasiados pensamentos passavam a grande velocidade na minha mente.

      Pensava na escola. Estava a recuperar a biologia e ainda tinha que receber a nota do relatório de história.

      Para além disso, continuava zangada com a Patty por ter dito a todos que estava noiva do Ron.

      Que sentido tinha tudo isto, se no dia seguinte estarei, sabe-se lá onde?

      Não voltaria a ver o Kevin. Porquê levar tão a peito o seu casamento com a Clara, se eu não ia estar presente na mesma.

      Talvez estarei morta em maio. Não me tinha esquecido que alguém me procurava, depois de ter morto um homem. Era óbvio que tinha reservado para mim o mesmo final cruel.

      Eles.

      Eles, quem?

      Ainda ninguém me tinha explicado quem era esta gente e o que queria de mim.

      Tentei pela enésima vez.

      «Por favor, expliquei-me porque está a acontecer isto tudo e quem são eles?».

      A tia olhou-me com os olhos cheios de tristeza e desespero. Também o padre Dominick olhou-me angustiado.

      «Olha, tu és uma rapariga especial» a tia iniciou com esforço.

      «Em que sentido?».

      «Nasceste em circunstâncias especiais, inesperadas e ainda em parte desconhecidas. Só o cardeal Montagnard sabia a verdade e quando a tua mãe morreu, ele decidiu tomar conta de ti. Desde o nascimento mostraste graves problemas de saúde por causa da tua anemia, mas ele fez de tudo para ajudar-te a sobreviver e ao fazê-lo notou que havia algo em ti maravilhosamente inesperado. Não disse a ninguém o que era, mas decidiu fazer-te crescer num ambiente protegido. Posteriormente, revelou ao cardeal Siringer, o chefe da Ordem da Cruz Ensanguentada, o teu nascimento e disse apenas que eras a solução para o seu problema».

      «Qual problema?».

      «Ser-te-á revelado no tempo certo, mas fica sabendo que o teu nascimento trouxe muita confusão na Ordem. O cardeal Montagnard mandou regressar do Zimbabwe Cecília, um antigo membro da Ordem, encarregando-a de criar-te, enquanto o cardeal Siringer exigiu um controlo externo, o padre August. Só cheguei mais tarde, quando a Cecília pediu uma ajuda amiga capaz de apoiá-la» interveio o padre.

      Então não era verdade que quando a minha mãe morreu, a tia encontrava-se em Portugal, pensei.

      «Sabes, nunca tinha tido uma filha e tinha medo de errar contigo, além que o padre August criticava todas as minhas escolhas e dizia que tinha sido um erro teres sido confiada a mim, porque me tinha apegado demasiado a ti e isso não me permitia ser objetiva. Dominick era um velho amigo meu e confiava cegamente nele. Além disso, conhecia a Ordem e as suas leis, assim decidiu envolver-se com o objetivo de dar-te uma determinada educação religiosa» contou a tia.

      Agora percebo porque nunca tinha gostado do padre August.

      Tinha sempre a sensação que me controlava e a tia não se sentia confortável na sua presença.

      Mas, de momento, o que me deixava mais perplexa era o motivo de tanto secretismo, sobretudo da parte da minha tia, que apesar de tudo era a prima da minha mãe.

      Mencionei-o à tia, que me olhou com uma expressão ainda mais angustiada.

      «Bastou-me ter-te nos braços por apenas um minuto, que percebi o quanto te adorava. Eras a criatura mais doce e bela do mundo. Todas as vezes que me sorrias, a escolha de abandonar os votos para estar contigo, tornava-se menos penosa. Apercebi-me que podia ser feliz assim, mesmo servindo o Senhor de forma diferente. Todavia...» iniciou a tia, mas as palavras não lhe saiam.

      «Todavia ela não é realmente tua tia, ainda que te ame como uma mãe ama o próprio filho» o padre Dominick terminou por ela a frase com um ar de sofrimento.

      Fiquei petrificada.

      A tia Cecília não era minha tia?

      Tudo, menos isto.

      Isto era demasiado.

      Não consegui pronunciar nenhuma palavra.

      Estava transtornada.

      Olhei a minha tia, ao meu lado, no banco posterior do carro, que chorava baixinho, repetindo continuamente: «Perdoa-me».

      Pareceu-me entrar em transe, num estado de semiconsciência.

      Todas as minhas certezas caíram por terra.

      Passaram-se horas.

      Permaneci naquele estado até chegarmos a Dublin ao final da tarde.

      Lembro-me apenas que o carro parou mesmo em frente a um hotel, o Jolly Hotel.

      O homem da receção nem nos perguntou pelos documentos, entregou-nos simplesmente as chaves dos quartos.

      Eu e a tia fomos levadas para o quarto 112, enquanto o padre Dominick dirigiu-se sozinho para a porta 115.

      O quarto era pequeno com papel de parede amarelo, tal como as cortinas e as cobertas.

      Havia duas camas de solteiro. Sentei-me sobre a que estava ao fundo, perto da janela.

      Posei a minha mala no chão e observei a estrada iluminada pelos postes de luz, no exterior da janela.

      «Tens fome?» perguntou-me a tia, fazendo-me saltar de susto. Depois de me revelar que não era minha tia, não me tinha dirigido mais a palavra.

      «Não, obrigada».

      «Tens a certeza? Não comeste nada, nem mesmo no autogrill onde paramos para almoçar» mencionou preocupada.

      Apeteceu-me perguntar-lhe porque se interessava tanto por mim, uma vez que eu não lhe era nada, mas não o fiz.

      Abanei a cabeça.

      Ambas sem jantar, metemo-nos por baixo dos cobertores, apesar de ainda ser muito cedo.

      Não tinha sono nenhum.

      A minha mente estava cheia de pensamentos, mas aquele que me martelava a cabeça era: a tia, ou melhor, a irmã Cecília.

      Se isto for sequer o seu verdadeiro nome.

      Passei uma hora a quebrar a cabeça à procura de um sentido, de uma lógica sobre todo aquele assunto.

      Vinte e quatro horas atrás fazia zapping sentada no sofá da sala, enquanto a tia reorganizava a cozinha e agora estava numa cama desconfortadíssima, num quarto de hotel ridículo, com uma mulher talvez desconhecida.

      Isto tudo não fazia sentido.

      Quero de volta a minha casa e a minha tia.

      Apercebia-me que tinha sido mais belo viver na completa ignorância

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