Pintar Com O Dragão. Olga Kryuchkova

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Pintar Com O Dragão - Olga Kryuchkova

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o ajudar nos seus trabalhos. Claro que não lhe entregava trabalhos difíceis, mas confiava-lhe sem problema a tarefa de misturar as tintas, e deixava-a fazer os esboços de detalhes secundários.

      ... A Ōi suspirava. Estava uma noite de verão abafada, e não conseguia dormir. Olhava com inveja a sua irmã a dormir, a menina pensava:"Também gostava de ser assim, de adormecer rapidamente a qualquer altura sem qualquer problema independentemente do clima. A Tatsujo dorme que nem uma pedra faça chuva ou faça sol! Como é que ela consegue?"

      A Ōi tinha um olhar saudoso ao observar o quarto, iluminado apenas pelo luar, que conseguia passar pelo shogi entreaberto13. Com o passar dos anos pouca coisa mudou na casa: o interior continuava a ter uma natureza mais do que modesta e a única decoração que embelezava as paredes eram as pinturas de Hokusai. No quarto das raparigas, duas pinturas adornavam as paredes uma com borboletas e pássaros, pintadas pelo seu pai.

      Claro que a Ōi gostaria de ter um quarto e roupas mais luxuosas, isto é para além das pinturas. No entanto, a sua famíla não tinha possibilidades para mais. Obviamente que a família não vivia em pobreza, mas também não podiam exceder-se.

      E foi com estes pensamentos que Ōi se deixou dormir. E que sonho estranho ela teve. Foi como se de repente se tivesse levantado do seu futon e se visse a ela própria. Por um momento ficou petrificada devido à sua confusão, ao tentar perceber o que estava diante dos seus olhos. Olhou cuidadosamente à sua volta: estava no seu quarto, onde a Tatsujo dormia e murmurava em sonhos:

      "Sotaro, fico bonita neste vestido de casamento?"

      Isto era algo que a sua irmã faria. Já estava a sonhar com o casamento, tanto em sonhos como na realidade.

      Ōi, ao ver tudo isto, disse atarantada:

      "Que estranho, está tudo como sempre esteve. Então porque é que me vejo a mim mesma?"

      De repente a menina sentiu um calafrio. Sentiu-se assustada, e sentiu o interior do seu corpo a gelar desconfortavelmente.

      "Será que morri mesmo no meu sonho?" murmurou ela.

      "Ōi não te preocupes estás viva," disse uma voz do lado de fora do shogi. "Neste momento estás no Mundo dos Sonhos."

      "No Mundo dos Sonhos? Quem está aí?" a menina ficou curiosa e amedrontada ao mesmo tempo.

      Ela espreitou para o lado de fora, mas não viu ninguém.

      "Quem és tu?" ela repetiu a pergunta.

      E veio a seguinte resposta "Sou eu o Shotaro,".

      "Shotaro? Eu estou a sonhar contigo? Onde é que tu estás?" A Ōi animou-se.

      O seu falecido amigo nunca antes lhe tinha aparecido em sonhos desde a sua morte. E a Ōi estava um pouco zangada.

      "Eu estou aqui em cima," suou a voz.

      A menina olhou à sua volta, como se não acreditasse. Mas continuava a não encontrar ninguém, olhou para cima e gritou surpreendida.

      "Tu, tu!" murmurava ela, bastante confusa.

      Claro que estava surpreendida... Em vez do rapaz, a Ōi viu um pequeno dragão. Como era de esperar, o corpo era alongado, coberto por escamas brancas e prateadas, da cabeça saíam uns chifres, e um longo bigode adornava a sua face. Os olhos eram enormes e cheios de significado, como se fossem humanos.

      "Shotaro? Tu tornaste-te um dragão?" disse a menina depois de conseguir controlar a sua excitação.

      "Sim," confirmou o dragão com a voz do menino. "Depois de morrer, fui parar ao Submundo. É aí que as almas dos falecidos são julgadas: as más vão para o inferno, renascem como animais, ou pobres, isto dependendo da gravidade dos seus pecados. As pessoas boas, vão respetivamente para o céu ou renascem como outras pessoas em boas famílias ou ainda outros seres conscientes. No tribunal decidiram que eu fui uma boa pessoa, por isso renasci como um dragão. Ōi não vais acreditar, mas nesta vida o deus dragão Ryūjin é o meu pai.

      Claro que a menina já tinha ouvido falar do deus dragão Ryūjin. Este era considerado uma divindade de boa índole, governava o elemento água, patrono do Japão. Por vezes, para defender o Japão ele iniciava furacões para destruir exércitos inimigos.

      Quando o Ryūjin se transformava num ser humano, ela mostrava-se como um homem de idade vestindo roupas de um imperador chinês. Para além disso de acordo com a lenda, ele tinha uma pérola mágica que controlava as ondas. Muitas vezes era retratado juntamente com a sua pérola. Mas ao mesmo tempo, a imagem de Ryūjin era sempre um pouco diferente da anterior. Neste caso era retratado com uns longos cabelos e barbudo. E nos seus ombros estava um polvo ou então um pequeno dragão.

      Também se pensava que Ryūjin tivesse poderes sob dragões marinhos e outras criaturas aquáticas. Acredita-se que é detentor de uma enorme fortuna e é a criatura mais abastada do mundo. Ryūjin vivia num lindo palácio de cristal, Ryūgū-jō, que se encontra no fundo do mar.

      Por vezes, Ryūjin vinha até à superfície transformado num homem. E era bastante atencioso para as lindíssimas mulhes que viviam na terra. Como resultado destes encontros, nasceram crianças com cabelos negros, olhos verdes e habilidades mágicas.

      Embora o Lorde dos mares fosse chamado de Ryūjin, o seu verdadeiro nome era Ōwatatsumi. Foi através destes nomes que surgiram as lendas da antiguidade "Kojiki" e "Nihon Shoki". Só muito mais tarde as pessoas o começaram a chamar de Ryūjin.

      Havia várias lendas relacionadas com o Deus do Mar. Por exemplo, uma delas conta como dois dos netos do supremo Deus do Sol, um pescador e um outro caçador, decidiram trocar os seus ofícios. Mestre eles querem trocar será que podem?

      O caçador tentou pescar, mas perdeu o anzol encantado do irmão no mar. Como forma de recompensar o seu irmão pela sua perda, ofereceu-se para forjar quinhentas espadas iguais à sua, e depois mil anzóis. Mas o pescador não concordou com tal decisão.

      Entristecido o caçador sentou-se à beira-mar, sem saber bem como recuperar o anzol do seu irmão do leito marinho. Subitamente, o Deus das Marés apareceu e perguntou-lhe o que o tinha deixado tão aborrecido? Ele contou a sua história ao Deus das Marés. Ao ouvi-lo ele encontrou uma solução de imediato. O Deus das Marés acenou-lhe com um cesto especial, lá colocou o caçador pouco afortunado, e deixou-o cair até ao fundo do mar.

      Na sua caminhada pelo fundo do mar chegou até ao palácio do Deus do Mar. Onde conheceu a filha deste, a lindíssima Princesa Toyotama. E apaixonaram-se. Ao saber disto o Deus do Mar anunciou o casamento. Mandou colocar centenas de mesas e convidou todos os habitantes marinhos para a festa.

      Depois disso o caçador viveu com a sua amada mulher num clima de amor e harmonia durante três anos, esquecendo-se completamente do porquê que o levou até ao fundo do mar. Foi então que se lembrou de tudo e contou toda esta história ao Deus do Mar. Que a ouviu e ordenou aos peixes que o encontrassem e devolvessem. Rapidamente encontraram o tão estimado artefacto.

      Foi aí que o Deus do Mar lhe entregou duas pérolas ao seu genro: que controlavam as marés. E ensinou-o a usá-las. Também ensinou ao Caçador um feitiço especial que este poderia usar para reassegurar o seu irmão caso alguma coisa corresse mal.

      Depois disto o Caçador montou-se nas costas de um crocodilo e foi para casa. Ao chegar a terra, o caçador fez as pazes com o seu irmão o Pescador. Pouco depois chegaram

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