Magia, Caos & Assassinato. January Bain
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— Por que você está sem fôlego? — ela perguntou desconfiada. Ela escolheu uma roupa laranja néon justa que cobria um pouco das partes importantes, com o cabelo preso em um coque atraente. Até mesmo laranja ficava bom nela, contanto que eu não ficasse do lado dela. Só precisava que alguém usasse verde e ficaríamos iguais ao único semáforo localizado no final da Rua Principal.
— Estou bem. Vamos.
O salão de dança do Botas e Renda era virando a esquina. Assim que saímos da parte de trás do café, a batida pesada da bateria e das botas no chão de madeira reverberou nas solas finas das minhas sandálias de tiras e na minha corrente sanguínea. Meus passos ficaram mais leves.
Corpos quentes pressionados, a fragrância de pipoca fresca e a promessa de cerveja gelada permeava o ar do bar quando entramos. Se o pulso de uma pessoa não acelerasse, era melhor chamar o legista.
Eu me inclinei e gritei na orelha de Ivana sobre o som de Estrela cantando no palco sobre um homem infiel, sua voz encantando a multidão como de costume. — Você reserva uma mesa e eu vou pegar a cerveja.
Ela assentiu e fez seu caminho pela multidão. Eu quase esperava ver linhas perfeitamente alinhadas de dançarinos em ambos os lados enquanto ela caminhava.
No bar, pedi duas garrafas de cerveja e um grande balde de pipoca a Darcy. Enquanto esperava que meu barman favorito de cabelos ruivos trouxesse nosso pedido, eu balancei com a música, observando o ambiente. Não que eu pudesse ver muito. O lugar estava sendo tomado por pelo menos um quarto dos residentes do Lago Nevado. Nossa cidade cresceu de forma substancial no verão, auxiliada por um esquema de publicidade inteligente que vendia uma oportunidade de minerar ouro de verdade no riacho que atravessa o lado sul da cidade, onde apenas eram encontrados pontos coloridos o suficiente para manter o interesse. Eu suspeitava que tia T.J., uma enorme defensora de todas as coisas locais, jogava pedaços de ouro de tolo no riacho na calada da noite.
— Aqui está, querida. A pipoca é de graça para uma moça tão bonita. — Darcy colocou meu pedido em uma bandeja, acrescentou um sorriso encantador e esperou que eu pegasse o dinheiro. Procurei na minha bolsa e lhe entreguei uma nota de vinte. Enquanto ele pegava o troco na caixa registradora, peguei um punhado de pipoca amanteigada e coloquei na boca. Humm.
— Boa noite, senhora.
Comecei a engasgar na massa de núcleos macios, e dei um rápido gole na cerveja.
— Oi, xerife — eu disse com um sorriso enorme, olhando bem, bem para cima, para o lindo rosto áspero do oficial Ace Collins. Ele estava vestido em um par de jeans desbotados que abraçava seus quadris magros e uma camisa branca de estilo country com o botão superior aberto para expor a pele lisa de seu pescoço e seu peito largo. Ele emitia uma confiança tranquila e um ar de mistério que homens intrigantes conseguiam com facilidade.
— Sou um policial. Embora xerife realmente tenha um bom som. — Ele tinha que se inclinar na minha direção para que eu pudesse ouvi-lo sobre a multidão barulhenta. A fragrância da colônia passou pelo meu nariz. Eu a respirei. Eu não tinha ideia da marca, tive que cheirar novamente, mais profundamente dessa vez.
— Você pegou seu veículo, certo?
— Claro. Só tive que usar uma buzina a ar para afastar o monstro.
— Tia T.J. usa a gaita de fole. Funciona muito bem. Em ursos e humanos.
Ele riu, dentes branco-pérola cintilando contra a pele bronzeada. Ele esfregou seu queixo esculpido recém-barbeado. Exibido. Ele deixou o chapéu em casa esta noite. Seu grosso cabelo escuro brilhava sob as luzes, penteado para longe da testa. Sim, Johnny Cash estava aqui. Meu corpo formigou com antecipação.
— Me diga por que você não me apresentou a este doce pedaço de policial, Encanto? Eu não troquei suas fraldas o suficiente para merecer algum respeito? — A voz da tia T.J. gritou no meu ouvido direito, causando um zumbido instantâneo. Ela não teria trocado uma fralda mesmo que sua vida dependesse disso.
— Nós só chegamos na cidade quando tínhamos oito anos. Acho que todas estávamos bem além do estágio de fraldas.
— Que seja. Então, qual é o seu nome, bonitão? Sempre quis ter um grande homem da lei. — Ela passou por mim, jogando a cabeça para trás para olhar o mais novo membro da nossa comunidade, então pensativamente lambeu os lábios para dar ênfase, caso suas palavras não tivessem sido claras o suficiente. Revirei os olhos, desejando poder desaparecer através do piso de tábuas largas.
— É melhor desfrutar da sua última noite de liberdade antes que a vovó chegue em casa e coloque essa bunda no lugar — murmurei para minha tia. Vovó Toogood era um bastião de decência e jogo limpo em quem eu confiava para manter a paz em mais ocasiões do que eu poderia contar. Ela era difícil de encarar.
Tia T.J. fingiu que não me ouviu, mas Ace levantou uma sobrancelha especulativa na minha direção.
— Venha, querido, vamos dançar! — Minha tia puxou seu parceiro recém-encontrado, como um barco de reboque arrasta um transatlântico naufragado antes de desaparecer na multidão. Fiz o sinal da cruz na parte superior do corpo, orando para que ele soubesse dançar.
Peguei a bandeja e fiz meu caminho até Ivana, depositando a cerveja e a pipoca na mesa em frente a ela.
Ela agradeceu, pegando a garrafa de cerveja e ignorando alegremente o copo alto fornecido. Dois tipos de mulheres, aquelas que gostam de ser ultrajantes, e aquelas que não gostam. Enquanto ela inclinava a cabeça para trás deixando o fluido fresco âmbar fluir pela garganta e ganhando os olhares de todos os homens próximos, eu coloquei a minha tranquilamente no copo.
— Eu tenho novo dever — ela gritou sobre o barulho, colocando a cerveja meio vazia na mesa com um barulho determinado.
— Sim? — Levemente curiosa, prestei pouca atenção nela enquanto observava minha tia arrastar seu grande policial ao redor da pista de dança como um boi premiado. Ivana nos conseguiu uma localização privilegiada. Eu não queria saber o que ela fez para conseguir esse lugar. Eu assenti para Estrela que cantava no palco elevado. A franja branca de seu traje brilhava contra sua pele bronzeada, seu cabelo loiro enrolado em longos cachos que saltavam quando ela se movia. Meus pés simplesmente não podiam resistir à música do two-step4, batendo os pés na batida debaixo da mesa.
— Minha missão — encontrar Encanto homem atraente.
Eu cuspi o gole de cerveja que eu acabara de tomar, limpando a boca com a parte de trás da minha mão. Acenei para ela, balançando a cabeça vigorosamente. — Não precisa. Estou bem. Nada de homem atraente, por favor.
— Nada de homem? — Ela fez beicinho, seus olhos estreitando perigosamente. Então o rosto dela se iluminou com um novo entendimento. — Mulher então, sim?
— Não! — Eu gritei. — Definitivamente sem homem ou mulher atraente para mim. Fique fora disso. Por favor.
A banda chegou ao fim de sua música, algo que eu queria ter percebido dez segundos antes. Agora estava tão quieto que eu podia ouvir um rato peidar.
O Sr. Homem da Lei Bonitão sentou