Guerreiro Dos Sonhos. Brenda Trim
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— Não há dúvida de que foi um ato mau. A morte dele não deveria ter acontecido — declarou Zander.
A veemência em sua voz a fez se voltar para ele. Ela sustentou os olhos dele por vários segundos, sentindo que ele a cativava. Parecia que ele examinava a sua alma.
A voz de Orlando rompeu a conexão, e ela respirou fundo, sem perceber que havia prendido a respiração.
— Ele se comportou de forma diferente nos dias que antecederam sua morte?
— Não, nada diferente. Dalton foi trabalhar naquela manhã, como de costume. — Se ela soubesse que ele nunca mais voltaria para ela, teria o mantido em casa. Pelo menos, teria feito amor com ele mais uma vez.
— Esta pergunta é difícil e não a faço por ser insensível, mas tenho que perguntar — qualificou Santiago. — É possível que ele estivesse tendo um caso? Ou você? Um cônjuge ou namorado ou namorada ciumenta teria motivo para machucá-lo.
A visão dela se pontilhou de vermelho, enquanto a raiva, fora de controle, rapidamente explodia. Ela se levantou e cerrou os punhos.
— Como se atreve a entrar na minha casa e acusar meu marido de ter um caso? — gritou Elsie. — Você não sabe nada a nosso respeito. Nenhum de nós teve um caso. Vocês não são meus amigos. Saiam da minha casa — cuspiu ela, esforçando-se para não puxar a faca, que estava enfiada em sua bota, da bainha. Eles poderiam não virar cinzas, mas ela causaria alguns danos.
Santiago se levantou e colocou as mãos para cima, com as palmas voltadas para fora, em um gesto de paz. Enquanto isso, Zander fechava a distância entre eles e segurava os ombros dela com suas mãos grandes e quentes.
— Elsie. Santiago, embora fizesse apenas o seu trabalho, falou de modo inoportuno. Ele sabe, assim como Orlando e eu, que não houve traição. Por favor, entenda que perguntar é parte de não deixar nada sem examinar.
Cailyn aproximou-se de Elsie e passou o braço em volta da cintura dela.
— El, querida, respire fundo. Esses simpáticos cavalheiros não fazem ideia do quanto você e Dalton se amavam. Você os acusou de não fazerem seu trabalho, então não fique com raiva quando eles o fizerem.
Ela estava com a cabeça abaixada, sem desejar encontrar o olhar de ninguém, enquanto os minutos silenciosos se passavam. Cailyn e Zander estavam certos. A pergunta a deixou nervosa, fazendo-a explodir como fogos de artifício. Finalmente, ela voltou a ser razoável e ergueu a cabeça.
— Sinto muito. Você está certo, é claro. Esse é um assunto delicado para mim. Odeio que as pessoas sempre achem que tem que haver algo assim quando não há outra explicação. Existem coisas neste mundo que desafiam a explicação e são capazes de fazer mal sem motivo — respondeu Elsie respondeu. Mais do que qualquer coisa, ela queria confidenciar para aqueles homens sobre vampiros. Os SOVA precisava de forças como as deles.
As mãos de Zander apertaram seus ombros quase dolorosamente.
— Nem tudo é como parece. Não se arrisque. Você agora é parte de nós.
Orlando olhou por cima do ombro de Zander sorrindo largamente.
— Sim, na alegria ou na tristeza, você agora faz parte da família. Somos um grupo heterogêneo, mas faríamos qualquer coisa por você.
Ela se sentia impotente, mas retribuiu o sorriso dele enquanto uma sensação de que sua vida havia mudado de forma irrevogável tomou seu interior. Era enervante e sua reação foi se fechar, até que percebeu que a sensação de tragédia que geralmente acompanhava seus episódios preditivos estava ausente. Era uma ótima mudança para a tristeza e melancolia habituais.
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* * *
Horas depois, os passos de Zander não vacilaram enquanto ele alcançava o patamar da grande escadaria de Zeum, em busca de seus irmãos e dos Guerreiros das Trevas. Graças à tecnologia moderna, as venezianas automáticas desciam antes do amanhecer e cobriam as grandes janelas panorâmicas, protegendo os vampiros do sol. Sua espécie não era mais relegada aos aposentos no porão durante o dia.
Ele avistou Rhys cruzando o grande saguão, entrando na sala de guerra com uma garrafa de vinho. Ele devia ter dado uma passada em sua enorme adega no porão.
— Onde estão os outros? — vociferou ele, fazendo o guerreiro pular.
Rhys girou, voltando-se para a escada em um movimento gracioso, pronto para lutar contra qualquer ameaça. A garrafa de vinho era uma arma mortal em suas mãos hábeis. Sua postura relaxou assim que avistou Zander.
— Pela Deusa, amo, você precisa fazer algum maldito barulho antes. Acho que Kyran, Breslin e Bhric estão na sala de mídia e estou me juntando a Gerrick na sala de guerra agora. O que foi?
— Isso aí é vinho para você e Gerrick? Um pequeno interlúdio, agradável e aconchegante? — provocou Orlando, que vinha atrás de Zander.
Zander fechou a cara para o guerreiro. Normalmente, gostava do humor de Orlando, mas estava tenso pela luxúria não liberada, causada após estar perto de Elsie por horas. Sem mencionar que havia uma nova ameaça para eles, complicada pelo fato de que Zander cobiçava um membro do grupo vingador. Ele foi capaz de coletar partes dos pensamentos de Elsie sobre os SOVA. Ainda estava chocado que a pequena de cabeça quente fazia parte de tal grupo.
— Oras, O, com ciúmes porque não incluímos você? Você é bem-vindo para se juntar a nós, mas pegue sua própria garrafa.
— Seu idiota. Houve um progresso que tem implicações para todo o reino — respondeu Orlando e toda a aparência de seu bom coração havia desaparecido.
— Pegue Gerrick e junte-se a nós na sala de mídia, agora! — A pulsação de Zander acelerou e sua tensão aumentou. Seus músculos estavam tão retesados que podiam se quebrar.
— Sim, amo. — assentiu Rhys em sinal de reconhecimento e desapareceu na sala de guerra.
Zander desceu o corredor sob as escadas gêmeas e entrou na cozinha, que estava vazia àquela hora do dia. Estava grato por ser assim, porque não queria compartilhar essas informações com ninguém fora de seu círculo íntimo. O conselho da Aliança e todo o Reino precisavam ser informados, dado que essa notícia afetava a todos, mas agora ele tinha muitas coisas que precisava resolver.
Depois da cozinha ficava o pátio fechado, mas ele também não viu ninguém ali. Seu olhar deslizou sobre as almofadas verde-limão do sofá de vime e pousou no chão de ladrilhos. Ele se lembrava do sangue, suor e lágrimas que fizeram parte no corte manual de cada ladrilho que agora formava o desenho intrincado do Amuleto Triskele, no centro do chão.
Zander ouviu seus irmãos conversando no corredor da sala de mídia. Entrou na sala e revirou os olhos ao ver Breslin e Kyran sentados em um dos sofás de couro preto, discutindo sobre seu jogo de cartas. Bhric estava sentado em uma cadeira estofada ao lado deles. O uísque estava em cima do bar bem equipado do canto. Qual deles estava enchendo a cara tão cedo?
Apostava que era Bhric. Parecia que seu irmão vinha usando álcool e outras substâncias com frequência cada vez maior nas últimas décadas. Um olhar para a mesa ao lado de Bhric confirmou suas suspeitas. O gelo não teve tempo de derreter no copo