Poder e desejo. Michelle Smart
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O estômago queixava-se quando finalmente desembrulhou o queijo, mas sentiu um vómito ao cheirá-lo. Atirou o pedaço de queijo para o lixo. Levou uma mão à barriga, tapou a boca com a outra e respirou fundo com a esperança de que as náuseas passassem.
Tinham acabado de passar quando a campainha da porta tocou.
Ficou imóvel e pensou se devia abri-la ou não. A casa estivera cheia durante as últimas duas semanas e só queria estar sozinha.
Voltou a tocar.
Podia ser a sogra… Vanessa, a mãe de Pietro, visitara-a muitas vezes desde que se tinham casado e visitara-a ou ligara-lhe todos os dias desde que o filho morrera. O que estava a sentir não podia comparar-se com o que Vanessa sentia.
Mesmo assim, embora continuasse a tentar convencer-se de que ia encontrar a sogra adorável à porta, não pôde surpreender-se quando viu Matteo.
– O que queres? – perguntou Natasha, agarrando-se à ombreira da porta.
– Quero dar-te isto.
Deu-lhe uma caixa comprida e estreita, um teste de gravidez.
Capítulo 3
O rosto dela empalideceu mais.
– Não estou grávida.
– Faz o teste e prova-o. Não me vou embora até o fazeres.
Ela desviou o olhar por cima do seu ombro.
– Esperas alguém? – perguntou ele, num tom cortante. – Outro amante talvez?
– A Vanessa gosta de me visitar.
– A mãe desconsolada que visita a viúva emocionada? Que bonito…
Enojava-o que a tia, como todos os Pellegrini, achasse que tudo começava e acabava com Natasha. Fora a preocupação e compaixão de Francesca pela jovem viúva que começara uma série de acontecimentos que o levara àquele momento.
– Se não queres que me encontre aqui e tenhas de lhe explicar porque tenho isto na mão, recomendo-te que me deixes entrar – continuou Matteo.
Ela suspirou e afastou-se.
Pela segunda vez nesse dia, entrou em casa de Pietro com o mesmo desprezo por si próprio do que da primeira vez. Só estivera uma vez naquela casa antes de Pietro morrer e fora enquanto Natasha estivera em Inglaterra a visitar os pais.
– Tiveste o período desde…?
Não conseguiu acabar a pergunta, mas ela corou por ser tão íntima.
– Não – sussurrou Natasha.
– Quando devias tê-lo?
– Há alguns dias – respondeu ela –, mas nunca fui regular. Não significa nada.
– Estás cansada, tens dores nas costas e foste três vezes à casa de banho durante a reunião de duas horas. O meu voo de regresso a Miami sai dentro de três horas. Faz o teste. Se o resultado for negativo, poderei sair de Pisa e ambos esqueceremos o que aconteceu.
Nenhum deles falou do que aconteceria se o resultado fosse positivo.
Natasha olhou para a caixa antes de lha arrebatar e afastar-se. Ele ouviu que subia a escada e que fechava uma porta.
Matteo, uma vez sozinho, foi para a sala, sentou-se no sofá e segurou a cabeça enquanto esperava. Na sala contígua, havia um bar muito bem sortido e Pietro e ele tinham bebido juntos. Sentiu vontade de se servir de um copo, mas a rejeição foi mais forte. Já se servira da esposa do primo e amigo e não queria beber o seu álcool.
Lera as instruções e sabia que o resultado do teste se saberia em três minutos. Olhou para o relógio e verificou que Natasha estava há dez minutos no andar de cima. O tempo parecia eterno e só podia ocupá-lo a olhar para os móveis escolhidos pelo homem que fora como um irmão para ele. Não conseguia ver a influência de Natasha na decoração.
Lembrou-se de que, uma vez, durante uma conversa por telefone que tinham tido quando ele voltara para casa depois de um turno de dezoito horas, lhe contara que queria ser decoradora de interiores.
Matteo achara que nunca se odiaria tanto como quando tinha dez anos e arruinara a vida do irmão mais novo com a sua negligência. O ódio que sentia naquele momento era muito parecido, era como uma sensação de podridão… E o que sentia por Natasha não ficava atrás. Maldita fosse. Fora a esposa de Pietro e, horas depois de o ter enterrado, precipitara-se para os seus braços e ele…
Maldito fosse, deixara.
Adoraria apagar todas as lembranças dessa noite, mas tinha cada segundo gravado na mente. Naquela manhã, acordara com a sensação de que fora o primeiro a possuí-la e de que algo correra mal. Era uma sensação que o incomodava e que crescia à medida que o tempo passava.
Esfregou a nuca com uma mão e amaldiçoou a memória enganosa.
Natasha não era virgem. Estivera casada e tentara ter um filho com o marido!
Passaram mais cinco minutos antes de ouvir movimentos e ela aparecer à porta.
Soube a resposta ao vê-la.
– Tem de haver… algum erro – balbuciou Natasha. – Tenho de fazer outro teste.
Ficara tanto tempo a olhar para o resultado positivo que os olhos se tinham toldado.
Durante duas semanas, recusara-se a acreditar que podia acontecer.
Tinham sido inconcebivelmente insensatos, mas a natureza não podia ser tão desumana com eles. O remorso e o desprezo por si próprios com que teriam de viver não eram castigo suficiente?
Uns olhos verdes e inflexíveis fixaram-se nela e passou um instante antes de ele falar.
– Esse teste é o mais confiável do mercado. Se é positivo, estás grávida. Isso só deixa um enigma por resolver, quem é o pai?
Com medo de desmaiar, sentou-se no chão e abraçou os joelhos.
– Quando foi a última vez que o Pietro e tu…?
O desagrado que se refletia na sua voz, embora não tivesse acabado a frase, foi como uma onda abrasadora na sua cabeça gelada e, pela primeira vez na sua vida, não soube o que dizer ou fazer. Sempre, quando tivera um dilema, a resposta fora muito clara, tinha de fazer o que os pais queriam. Fora por isso que se casara com Pietro. No entanto, naquele momento, não pensava nos pais.
– Tenho de interpretar, pelo teu silêncio, que o Pietro e tu foram… ativos até à sua morte?
Como podia responder? Não podia.
– Se o teu último período foi há um mês, parece lógico pensar que estivemos juntos quando