Poder e desejo. Michelle Smart

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Poder e desejo - Michelle Smart MINISERIE SABRINA

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cabeça dava voltas porque ele, como médico, entendia muito melhor do que ela como o corpo funcionava e não entendeu o que queria dizer.

      – O quê…?

      – Não te faças de parva. Com quem mais foste para a cama no último mês?

      – Isso é insultante – queixou-se ela.

      Ele deixou escapar uma gargalhada.

      – Não me interpretes mal, estás a representar muito bem o papel de viúva desconsolada, mas, quando estiveste comigo, parecia que estavas com cio e não seria de estranhar que estivesses com outros.

      Com o cio? Natasha tapou os ouvidos e cravou as unhas no couro cabeludo. Como era possível que ele, um médico, não tivesse percebido?

      Houvera um momento, quando a penetrara, em que parara, mas só durara um instante, porque o beijara com avidez para que continuasse o que começara… e tivera medo de que descobrisse a verdade.

      – Estou à espera da resposta. Quantos?

      Natasha lembrou-se de que houvera um tempo, muito longínquo, em que o leve sotaque italiano do seu inglês impecável fora como um bálsamo para ela. Supôs que fosse o que acontecia quando se criava, do zero, uma empresa que valia milhares de milhões, a humanidade mais elementar desaparecia com os princípios.

      – Nenhum. Não houve ninguém.

      – Uma ecografia vai dizer-nos a data da conceção com precisão e, assim, poderemos saber quem é o pai.

      O tom cortante de Matteo afetou-a.

      A ideia de uma ecografia, de ver esse ser minúsculo que crescia dentro dela… De repente, percebeu que estava grávida, que ia ser mãe.

      Levou uma mão à barriga, apagou o rosto crispado de Matteo da mente e imaginou a vida que estava a gerar-se dentro dela. Cumprimentou o bebé em silêncio e sentiu uma felicidade avassaladora.

      Há muito tempo que queria ter um filho. Depois do que acontecera com Pietro, pensara que seria um caminho comprido e tortuoso, se conseguisse e se aceitasse seguir o caminho que ele queria para o ter. No entanto, acontecera como por arte de magia.

      Ia ter um bebé.

      – Como podes estar a sorrir neste momento? – perguntou Matteo. – Parece-te divertido?

      Parou de sorrir, embora não soubesse que o fazia, e endireitou-se. Fosse o que fosse que o futuro proporcionava, mesmo que fosse apenas humilhação, tinha de pensar nessa pequena semente. Não podia cair no desânimo, seria forte, seria uma mãe.

      – Estou grávida – afirmou. – Não podes saber há quanto tempo o desejo e, sim, vou sorrir e alegrar-me com a conceção do meu filho porque é um milagre.

      – Então, tencionas tê-lo.

      – Como podes perguntar uma coisa dessas?

      Aproximou-se, pôs-lhe uma mão na nuca e observou-a como se a examinasse.

      – Porque te conheço, Natasha – declarou ele. – És egoísta, só pensas em ti e no que te dá jeito.

      Natasha, atónita, ficou em silêncio devido à sua proximidade, ao calor da sua pele, às carícias quase distraídas dos seus dedos, devido às lembranças da única vez que tinham estado juntos. Pestanejou várias vezes, para que o cérebro funcionasse outra vez, respirou fundo, levantou uma mão, agarrou a mão dele, cravou-lhe as unhas e retirou-a do pescoço. Endireitou-se o máximo possível, embora fosse quase trinta centímetros mais baixa do que o metro e oitenta dele.

      – Não me conheces – replicou ela. – Se me conhecesses, não terias tido de me perguntar se ficaria com o bebé. Farei mais do que ficar com ele, vou amá-lo e criá-lo.

      Já o desejara uma vez. Se lhe tivessem dito, quando tinha dezoito anos que, sete anos mais tarde, estaria à espera de um filho de Matteo, daria saltos de alegria. No entanto, não podia dizer-lhe porque não acreditaria.

      Esfregou a mão onde lhe espetara as unhas.

      – Espero, pelo bem do teu filho, que as tuas palavras não sejam tão vãs como costumam ser, mas o tempo dirá. Tenho uma amiga em Florença que gere uma clínica ao lado da minha e que tem os equipamentos mais modernos e precisos. Vou levar-te lá. Ela poderá descobrir a data da conceção para que possamos determinar se existe a possibilidade de eu ser o pai. A discrição dela está garantida e ambos concordamos que a discrição é imprescindível.

      Natasha fez um esforço para respirar.

      Estava tudo a acontecer muito depressa. Não podia permitir que a manipulasse, mas também era verdade que tinha de fazer o que fosse melhor para o bebé e que precisava de toda a discrição que conseguisse até decidir o que ia fazer.

      As repercussões eram terríveis e não queria pensar nelas. Quantas vidas ficariam arruinadas quando se soubesse a verdade?

      O pior de tudo era que nunca poderia dizer toda a verdade, pois ninguém podia sabê-la. Como Matteo não podia saber que ela já conhecia uma clínica excelente em Paris e que também garantia a discrição. Também não podia saber que era o único homem que podia ser pai do bebé.

      Dominou outro enjoo e assentiu.

      – Quando?

      – Dentro de algumas semanas. Então, os batimentos do coração do bebé já devem ouvir-se.

      – Tão cedo?

      Há vinte minutos que sabia que estava grávida e ele já estava a dizer-lhe que o coração estava a formar-se. Era incrível.

      – A gravidez conta-se desde o teu último período e, dentro de algumas semanas, estarás grávida de seis semanas. Só a ecografia nos dará uma data precisa da conceção.

      – E poderei ouvir os batimentos?

      – Ambos poderemos. – Com um ar inexpressivo, dirigiu-se para a porta. – Estarei em contacto.

      Então, quando ouviu que a porta se fechava, deixou-se cair no sofá com a cabeça entre os joelhos. Magoaria muitas pessoas, Vanessa, Francesca… Sabia que olhavam para a barriga dela desde que se casara com Pietro para ver indícios de que estava a gerar uma vida e os olhares tinham sido ainda mais evidentes desde que ele morrera. Sabia como ansiavam que estivesse à espera de um filho de Pietro e Francesca já suspeitava.

      Recostou-se e esfregou as têmporas.

      Não sabia como resolver aquilo. Todos seriam magoados, independentemente do que fizesse. Teriam ilusões que destruiria mais tarde. Além disso, havia o património dos Pellegrini…

      Era demasiado para ela.

      Natasha, emocionada, começou a chorar.

      Tinha de ser assim. Rodeou a barriga com os braços como se quisesse proteger a semente pequena e já forte, mesmo que fosse das lágrimas.

      A realidade crua ia devastá-los a todos e Matteo entre eles.

      Seria

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