Olhos negros atravessaram o mar. Maria Cristina Francisco

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Olhos negros atravessaram o mar - Maria Cristina Francisco

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dos Palmares, como símbolo de resistência à opressão.

      Atualmente, após 131 anos, continuamos a reproduzir essa exclusão social, negando nossa formação social, negando a barbárie e a violência sofrida pelo povo escravizado e seus descendentes. Todos nós, em lugares sociais diferentes, sofremos as consequências de negar o sofrimento, vemos a reprodução do preconceito e discriminação, muitas vezes considerada naturalizada nas mortes da juventude negra (a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil), percebemos a desigualdade prevalecendo, mas certamente nenhum cidadão brasileiro sente-se seguro e livre diante de um quadro social pontuado pelo medo e pela violência como marcadores de controle.

      8 Relatos do indígena, historiador e filósofo Ailton Krenak e de outros historiadores e antropólogos no documentário Guerras do Brasil.doc., Temporada 1 - Episódio 1 – As guerras da conquista. Essa série documental detalha como o Brasil foi formado durante séculos de conflito armado, desde os primeiros conquistadores até a violência nos dias de hoje. Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/81091385 .

      9 Darcy Ribeiro (1922-1997), antropólogo, escritor e político brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos indígenas e à educação no país. Suas ideias de identidade latino-americana influenciaram vários estudiosos latino-americanos posteriores. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Darcy_Ribeiro .

      10 Sobre o tema da racialização: “Defendo que a racialização do judeu é um elemento diferenciado no antissemitismo moderno, com base na “cientifização” da sociedade. Para os intelectuais do século XIX, não caberia mais uma argumentação de inferioridade racial dos homens baseada em superstições ou meramente no argumento religioso, eram necessárias comprovações científicas, com base em pesquisas, em dados adquiridos a partir da observação e dos estudos sociais e biológicos para se definir a inferioridade de um grupo social, e/ou povo, normalmente denominado de raça ou sub-raça, com o interesse de apartar e/ou exterminar o “objeto” de estudo da sociedade após a comprovação científica da impossibilidade de assimilação, ou de assimilação condicional, daquele indivíduo ou grupo numa determinada sociedade” (REHEM, 2013, p. 3).

      A dominação de povos utilizando a justificativa racista ocasionou efeitos drásticos, exterminando pessoas (Holocausto) e povos indígenas, e causando a desestruturação social no continente africano. [...]“Ao estimular guerras e a expansão territorial entre reinos rivais, o tráfico gerou um quadro de instabilidade sistêmica nas sociedades africanas. Ao expor os africanos a redes de comércio responsáveis pela introdução de armas, têxteis e álcool, alimentou-se a escravização por débito. Através de guerras, sequestros ou métodos judiciais, produziu escravização crônica e difusa” (FERREIRA, 2018, p. 53).

      11 Podemos ver ilustrações das condições desses navios registradas nos anexos do capítulo “Demografia da escravidão”, de Klein (2018, p. 195-196).

      12 Isabel Löfgren (Estocolmo, Suécia, 1975) e Patrícia Gouvêa (Rio de Janeiro, Brasil, 1973) são artistas visuais que criaram o projeto de exposição e pesquisa Mãe Preta, originalmente de 2015 (LÖFGREN; GOUVÊA, 2018, p. 7-12). Nesse trabalho, narram a complexidade das relações da maternidade no período da escravidão e que se perpetua com nova roupagem na contemporaneidade.

      13 Esse imaginário sobre a mulher negra ainda permanece; elas são vistas como mais resistentes à dor e, dessa maneira, julga-se que não necessitam de muita anestesia em certos procedimentos de saúde. No artigo “É pela vida das mulheres; violência obstétrica precisa ser debatida no país”, de Mariana de Mesquita e Ana Cristina Duarte, as autoras dizem: “Em 2018 ocorreram 44 mortes maternas para cada 100 mil partos no Brasil – 14 nos EUA e 3 na Finlândia. O assustador é que 92% destas mortes são evitáveis e 90% das vítimas são negras. E, para cada morte, outras 30 mulheres quase morrem e ficam com sequelas” – do artigo “É pela vida das mulheres; violência obstétrica precisa ser debatida no país”. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/05/e-pela-vida-das-mulheres.shtml

      14 Ver algumas ilustrações da época nos anexos do capítulo “Pós-abolição; o dia seguinte”, de Fraga (2018, p. 351, figuras 115-123).

      15 O documentário “Menino 23”, direção de Belisário Franca, desnuda o pensamento higienista do país em torno de 1930 e revela a nova roupagem da escravidão sob o exercício da tutela. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rYSspBodYSQ .

      16 Tese de doutorado do prof. Sidney Aguilar Filho, Educação, autoritarismo e eugenia – exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil (1930-1945). “Resumo: Este texto analisa aspectos da educação brasileira entre 1930 e 1945 a partir de relatos de vida de cinquenta meninos “órfãos ou abandonados” sob a guarda do Juizado de Menores do Distrito Federal. Eles foram retirados do Educandário Romão de Mattos Duarte, da Irmandade de Misericórdia do Rio de Janeiro e levados para uma propriedade privada em Campina do Monte Alegre - SP. A transferência dessas crianças de nove a onze anos de idade foi respaldada pelo Código do Menor de 1927. Por uma década, estas crianças, foram submetidas a uma escolaridade precária, a uma educação baseada em longas jornadas de trabalho agrícola e pecuário sem remuneração. Foram submetidos a cárcere, a castigos físicos e a constrangimentos morais em fazendas de membros da cúpula da Ação Integralista Brasileira, também adeptos declarados do nazismo. Esta tese defende que os “meninos do Romão Duarte” foram vítimas de uma política do Estado brasileiro que ao estimular a educação eugênica, como definia o artigo 138 da Constituição de 1934, favoreceu a segregação de crianças e adolescentes. A documentação utilizada na narrativa fez uso de fontes oficiais, midiáticas articulando-as de forma complementar aos registros de depoimentos orais na reconstrução do período”. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/251194 e ilustrada no documentário Menino 23 (ver sinopse no final do livro).

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