Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore
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– Milorde – começou ele, com uma nítida falta de respeito que imediatamente deixou Etienne irritado. – Não faço qualquer objecção a jurar-lhe a minha lealdade. A meu ver, um normando não é muito diferente do outro. Mas isto não está certo.
William gesticulou na direcção de Gabriella, que balançou a cabeça com um olhar de advertência.
Etienne não acreditava na insolência do camponês. Com quem é que ele pensava que estava a falar, com Robert Chalfront?! E atrever-se a olhar para Gabriella... e esta, a tentar silenciá-lo! Aquela gente precisava de descobrir, de uma vez por todas, quem é que mandava no castelo!
E Gabriella precisava de aprender mais ainda: que tinha cometido um grave erro, ao decidir ficar. Aqueles homens, distintos líderes dos aldeões a quem ela aparentemente tanto estimava, tinham tido tempo suficiente para procurar o barão e sugerir-lhe um meio de ajudar Gabriella. Tudo o que teriam de fazer era oferecer-se para pagar a dívida da filha do conde, o que não seria difícil, tendo em conta a renda irrisória que pagavam. No entanto, nenhum deles se prontificara a tal gesto, e agora tinham a ousadia de insinuar que ele era um homem desprezível!
Gabriella começou a recuar, mas Etienne segurou-a pelo braço.
– Não te dei ordem para te retirares, Gabriella – ele moveu o olhar do braço para os seios de Gabriella, que o corpete do vestido tornava mais volumosos, antes de se virar para o capataz. – Estás a questionar alguma decisão que tomei, William?
O capataz, cujo rosto naturalmente corado se tornou ainda mais vermelho, engoliu em seco e apressou-se a desviar o olhar, que também estivera fixo nos seios de Gabriella.
– Bem, milorde, nós todos achamos que não é justo que... ela sofra – justificou-se, embaraçado.
– A que sofrimento te referes? Diz, por favor – insistiu Etienne, quando William olhou para ele, perplexo.
– Bem, milorde... ela é uma nobre... e... bem...
– E agora, está a fazer o mesmo tipo de trabalho que seria esperado da tua mãe, da tua esposa, ou da tua filha – sem desviar o olhar do rosto do capataz, Etienne ergueu a mão de Gabriella e virou-a para cima; passou os dedos da outra mão pela palma ainda macia. – Estás preocupado porque ela não nasceu para este tipo de trabalho? Que esta mão delicada se torne áspera e calejada? A opção foi dela. Foi ela que não quis ir-se embora. Se está a sofrer, é a única culpada por isso. Além do que, não vejo razão para apelidares um trabalho honesto de «sofrimento».
Etienne estudou os rostos dos três homens, que olhavam fixamente para Gabriella. A julgar pelas suas expressões, estavam a imaginar Gabriella como criada nas suas casas.
Afinal, eles eram homens, e Gabriella perdera a sua posição social e, consequentemente, a protecção que esta lhe garantia. Aqueles homens acusavam-no, no entanto, e ele não tinha a menor dúvida de que cada um deles visualizava Gabriella na sua cama. Ela também precisava de entender isso; precisava de compreender que não podia contar com a ajuda de ninguém, e que teria sido muito mais sensato ter-se ido embora quando tivera a oportunidade.
Ainda com a mão de Gabriella entre as suas, Etienne sorriu friamente.
– A virtude dela está segura, e isso eu garanto-lhes, pelo menos no que concerne a mim e aos homens sob o meu comando.
O contacto com a mão de Gabriella, a suavidade e o calor da sua pele, perturbavam Etienne mais do que ele gostaria de admitir. Subitamente, ele deu-se conta de que desejava aquela jovem como não desejara, durante um ano inteiro, mulheres muito mais belas.
Que fraqueza absurda era aquela? Ele não precisava de Gabriella, e ela, obviamente, não o queria. Para quê perder tempo com fantasias com aquela jovem pobre, sem casa e sem terra, e que nem mesmo era dotada de uma beleza excepcional?
Os três homens entreolharam-se, apreensivos. O lenhador fez menção de dizer alguma coisa, mas pareceu pensar melhor e desistir.
– Se alguém tem culpa da situação em que se encontra Gabriella Frechette... – continuou Etienne, dirigindo as suas palavras não só aos homens, mas também a ela –... não sou eu. É ela própria, e vocês, e os outros arrendatários, que exploraram a generosidade do vosso falecido amo.
O barão fez uma pausa, não porque relutasse em fazer a sua proposta seguinte, mas para causar efeito.
– Contudo, existe uma maneira de vocês ajudarem a filha do vosso conde. Por que é que um de vocês não se oferece para pagar a dívida e libertá-la?
Cinco
Com um brilho de esperança nos olhos, Gabriella virou-se para o capataz, que enrubesceu e baixou o olhar para o piso de pedra; depois, para o cavaleiro, que, de repente, parecera encontrar na mesa um objecto de fascinação; e, finalmente, para o lenhador, que não conseguiu disfarçar o embaraço.
– Milady! Eu... não tenho dinheiro, como bem sabe, e... – balbuciou ele.
Com uma súbita e terrível consciência, Gabriella compreendeu que eles não a ajudariam; apesar de tudo o que o seu pai fizera por eles e pelas suas famílias; depois de toda a preocupação e atenção que ela lhes dedicara, eles não pretendiam ajudá-la!
Gabriella olhou para o rosto inescrutável do barão, e depois para as grandes mãos, calejadas pelo uso de armas de guerra, mãos que a tinham segurado com tanta delicadeza... Seria possível que William e os outros não percebessem a sua situação? Seria possível que não fossem capazes de arranjar o dinheiro, de alguma forma?
– Existe uma outra maneira – disse o barão, sem o menor indício de emoção na voz gutural. – Talvez um de vocês esteja disposto a tê-la como esposa. Nessas circunstâncias, disponho-me a perdoar a dívida. E Gabriella poderá continuar a viver no povoado, o que parece ser o seu maior desejo.
– O quê? – Gabriella olhou para ele, indignada.
– Milorde! – exclamou Chalfront, aparecendo imediatamente ao umbral da porta, como se tivesse ficado ali a ouvir, o tempo todo. – Milorde! Eu caso-me com Gabriella!
Para Gabriella, ser oferecida daquela maneira, como se fosse uma mercadoria em promoção, era uma afronta inadmissível.
– Eu prefiro morrer! – revidou, contendo-se para não sair a correr do solário apenas para não dar ao barão a satisfação de pensar que a humilhara outra vez.
– Gabriella! – protestou Chalfront, estendendo as mãos num gesto de súplica.
O barão ergueu uma mão para o silenciar, com os olhos levemente sorridentes.
– Parece, Chalfront, que esta jovem prefere ser minha criada.
Ele colocou uma ligeira ênfase na palavra «minha», o que fez com que Gabriella se virasse para ele com o olhar fulminante. O que é que Etienne DeGuerre estava a pensar? Que ela faria o que Josephine de Chaney fizera? Por isso, deixara-a sair ilesa do seu quarto, apenas para continuar a provocá-la, convicto de que ela acabaria por se submeter? Nunca!
– Mais alguém? – perguntou