Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore
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Etienne empertigou-se. Não podia fraquejar! Não fraquejava nos campos de batalha diante dos mais temidos guerreiros de toda a Europa, e fraquejaria diante de uma donzela frágil como aquela?
– Aceita o meu dinheiro, Gabriella, e deixa este castelo, para o teu próprio bem.
– Não me pode forçar a ir-me embora, milorde – respondeu ela, depois de um breve silêncio.
– Se ficares, fica a saber que te darei apenas a mesma protecção que ofereço aos demais servos. Nem mais, nem menos. Tu és... uma mulher atraente. Uma serva atraente. Com tantos homens no castelo, isso poderá criar-te problemas.
– Basta que lhes diga que me deixem em paz. Esta é a minha casa, milorde, e aqui pretendo ficar – teimou ela, com a voz que embargou apenas por um momento.
Etienne olhou para ela demoradamente, antes de ordenar:
– Sai daqui.
Gabriella olhou para ele, surpresa.
– Sai! – gritou ele, elevando a voz como há muito tempo não fazia, incapaz de conter a raiva e a frustração.
Etienne virou-se e aproximou-se da janela, sem olhar para trás para ver Gabriella a sair do quarto, e tampouco vendo os campos que se estendiam a perder de vista. Repetia a si mesmo que não queria Gabriella Frechette, a não ser na cama; não queria Josephine de Chaney, a não ser pelo facto de que os outros homens a cobiçavam; não precisava de ninguém, a não ser dos cavaleiros e soldados necessários para manter o que conquistara até então.
Mas... por tudo o que era sagrado... ele não queria mais sentir-se só! Seria pedir demais, ter alguém que o amasse? Que o amasse de verdade, por ele mesmo? Isso era algo que Etienne nunca tivera. As suas esposas e amantes só o queriam pela sua aparência e reputação; os homens seguiam-no pelo seu poder; a sua própria mãe não o amara porque ele era Etienne, o seu filho; para ela, ele não representara outra coisa se não a imagem viva do pai.
Etienne tentou recapitular a sua vida, o que conseguira realizar até então, as metas que alcançara. Ele era o rico, o poderoso, o invejado barão DeGuerre.
E, no entanto, tudo o que conseguia recordar era o momento em que perdera o controlo; e o súbito medo e apreensão num par de olhos castanhos.
Etienne ainda se encontrava parado perto da janela, a olhar lá para fora, quando Josephine entrou no quarto, algum tempo depois, a tentar decidir qual era a melhor cor de fundo para o tapete que trazia nas mãos, quando viu Etienne. Ela nunca o vira daquela maneira, quieto, pensativo, e uma ponta de apreensão penetrou-lhe o coração. Se acontecesse alguma coisa a Etienne, o que seria feito dela?
– Não te estás a sentir bem, meu amor? – perguntou, solícita, largando imediatamente o tapete e aproximando-se dele. Enlaçou-o pela cintura e encostou a cabeça às costas dele. – Foi um dia cansativo? Senta-te, meu amor, que te vou servir vinho e lavar-te o cabelo.
– Eu estou a sentir-me bem – respondeu Etienne, afastando-se bruscamente da janela.
Ele não parecia abatido, pensou Josephine, aliviada. Com um sorriso, ela foi até à mesa onde ficava o jarro de vinho e encheu um cálice. Foi somente então que percebeu que o quarto não estava totalmente arrumado. Ou Gabriella deixara a tarefa por concluir, por cansaço ou preguiça, ou fora interrompida. Por Etienne? Teria ele dito, ou... feito... alguma coisa que levara Gabriella a sair do quarto deixando o trabalho inacabado, e que o deixara tão pensativo, quase abalado?
As mãos de Josephine começaram a tremer e ela respirou profundamente, tentando acalmar-se. Afinal, ela era Josephine de Chaney, famosa pela sua beleza e graça. John Delaney suicidara-se porque ela o recusara; Alfred de Morneux e Ralph Bordette tinham-se ferido mortalmente em duelo, por sua causa. Certamente, ela nada tinha a temer de uma pirralha como Gabriella Frechette.
Além de que, era muito possível que Etienne tivesse subido para o quarto com a intenção de ficar sozinho para reflectir sobre algum assunto, e mandado Gabriella sair.
– Queres que eu fique aqui, Etienne? – perguntou, carinhosamente, oferecendo-lhe o cálice de vinho. – Ou a minha presença incomoda-te?
– A tua presença nunca me incomoda – murmurou ele, sentando-se, com um leve sorriso nos lábios.
– Estás com dores de cabeça?
– Um bocadinho. Tu já me conheces bem demais, Josephine.
Josephine observou-o a beber o vinho, com uma ruga na testa. O que é que ele queria dizer com aquilo?
– Queres deitar-te? – indagou, com a esperança de que ele dissesse que queria ir para a cama, mas não para dormir.
– Ainda é muito cedo – respondeu ele, distraído.
Josephine sentiu um súbito peso no coração. Seria aquilo o começo do fim, entre eles?
– Decidi fazer uma visita a Roger de Montmorency e depois ir a Beaumare para buscar Jean Luc. Preciso dele, aqui – anunciou Etienne.
Ele falava como se Josephine fosse um dos seus cavaleiros menos importantes, e não a sua amante; uma estranha sensação de frio e calor envolveu a nuca de Josephine, mas ela forçou-se a sorrir.
– Quando me devo aprontar para partir?
– Tu? – perguntou Etienne, surpreso, como se a possibilidade de Josephine o acompanhar não lhe tivesse ocorrido. – É melhor ficares aqui. Não me demorarei muitos dias. Será uma viagem cansativa, e além disso, tu transformaste este quarto... na verdade, o castelo inteiro... num lugar tão confortável e aconchegante, que deves desfrutar dele tanto quanto possível.
Tanto quanto possível! Porquê, porque ele pretendia mandá-la embora? Porque andava atrás de outra mulher, uma com cabelos castanhos ondulados, olhos desafiadores e um corpo esbelto e gracioso?
– Está bem, Etienne – suspirou Josephine, esforçando-se para manter o tom de voz calmo. – Pretendes levar alguém contigo?
– Philippe de Varenne – respondeu Etienne, sem hesitar. – Não confio nele. Confio em George, e por isso vou deixá-lo no comando, durante a minha ausência – Etienne olhou para Josephine e acrescentou: – Usa o teu vestido azul novo, esta noite. Tu ficas divina, com ele.
Josephine assentiu e sorriu, porém o sorriso desapareceu para ser substituído por uma ruga de preocupação na testa, quando Etienne se levantou e saiu do quarto.
Dois dias depois, quando o vento frio do Outono espalhava fios de palha dos estábulos pelo pátio, Gabriella debruçou-se para puxar o balde de dentro do poço. Cautelosamente, ela inclinou-o para encher um dos baldes que deveria levar para a cozinha. Noutros tempos, ela não prestara atenção ao trabalho necessário para manter a cozinha abastecida de água; agora, com as