Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore
Чтение книги онлайн.
Читать онлайн книгу Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro - Margaret Moore страница 16
– Tu terás de permanecer como serva neste castelo até que a dívida da tua família seja paga – continuou o barão, como se a opinião dela de nada valesse. – Agora, podes ir, Gabriella.
Ela enfrentou, durante um momento, o olhar do barão, depois olhou para Osric, hesitante. Talvez, se ameaçasse contar ao barão o que sabia sobre as actividades ilegais de Osric, este encontrasse uma forma de arranjar o dinheiro. Em seguida, porém, ela lembrou-se das penas que eram aplicadas aos invasores de terras e decidiu ficar calada; não queria conquistar a sua liberdade às custas dos dedos ou dos olhos de um homem.
Ignorando Gabriella, Etienne DeGuerre virou-se para o capataz.
– William, é um direito teu recusares-te a jurar lealdade a mim, desde que te prontifiques a deixar a minha propriedade para tentares a sorte em algum outro lugar. O que é que desejas fazer?
O capataz tornou a ajoelhar-se e, com o olhar fixo no chão, declarou:
– Eu juro ser leal ao barão DeGuerre.
Etienne olhou friamente para os outros dois homens, enquanto Gabriella se dirigia vagarosamente para a porta, com o coração apertado pela angústia e pelo desapontamento, embora ainda com uma ténue esperança de que um deles mudasse de ideias.
– E eu, milorde – disse o cavaleiro. – Juro o mesmo.
– Milorde, eu juro o mesmo – disse por último o lenhador.
– Foi o que eu imaginei que vocês fariam – respondeu o barão DeGuerre, enquanto Gabriella saía do solário. – Podem comunicar aos arrendatários que, a partir de amanhã, as rendas vão ser mais caras.
– Bem, agora já sabes que isto não pode ser lavado com sabão – disse Josephine de Chaney a Gabriella, alguns dias depois, segurando uma fina écharpe de seda de um tom muito claro de azul. O seu tom de voz era gentil, enquanto indicava uma sobrecapa bordada com brocado. – Nem isto. E este vestido jamais poderá ser torcido.
Josephine apontou para um belíssimo traje de veludo estendido sobre a cama nova, uma pesada peça de carvalho escurecido pelo tempo, com o mais espesso colchão de plumas que Gabriella já vira. Ela deduziu que a colcha ricamente bordada fosse obra da própria Josephine. Havia também várias almofadas coloridas, graciosamente dispostas sobre a cabeceira da cama. Gabriella pensou que aquele tipo de decoração seria mais adequado a um harém de um potentado oriental do que a um quarto de um lorde normando. Até mesmo o seu pai teria considerado aquilo uma extravagância.
O piso de mármore fora coberto com espessos tapetes de lã, em tons de vermelho, verde, azul e roxo. Outras peças de mobília tinham sido descarregadas das carroças, incluindo uma cadeira estreita e delicada que Josephine colocara diante da penteadeira, e um enorme castiçal, com vários suportes.
Gabriella perguntou-se se o dinheiro que ela devia ao barão, diariamente recolhido por Chalfront, estaria a ser usado para acrescentar uma almofada, ou um item de luxo ao quarto do casal. O barão quase duplicara as rendas, e enviara os seus soldados para forçar o pagamento. Ao saber disto, Gabriella perdoara intimamente William e os outros pela reacção à sugestão do barão de que pagassem a sua dívida. Na ocasião, ela ficara desolada, mas o barão era um homem nobre e intimidador, e eles não passavam de camponeses. Se não a ajudavam, certamente era porque não se atreviam. Ela não devia ter ficado magoada.
Além do mais, o barão fizera a pergunta antes de eles terem qualquer ideia de qual seria o aumento da renda e, mais tarde, quando a quantia fora anunciada, Gabriella sentira que não seria justo culpá-los; ela preferia continuar a ser serva do que ver aquelas famílias a empobrecerem ainda mais.
– Entendo, milady – murmurou Gabriella, com uma expressão séria, ao perceber que Josephine aguardava uma resposta.
Josephine sentou-se na cadeira e contemplou o próprio reflexo ao espelho, ajeitando as dobras do seu magnífico vestido verde-escuro, de lã macia, com debrum dourado no decote e nos punhos. À cintura, ela usava um cinto de aros dourados, e ao pescoço uma corrente, também de ouro, com um pingente de esmeralda.
Instintivamente, Gabriella evitou olhar para o espelho; não precisava da evidência visual para saber que não podia comparar-se a Josephine de Chaney.
– Eu sei que não está a ser fácil para ti, Gabriella.
– Não, milady – respondeu ela, contrafeita. Não tinha vontade nenhuma de discutir a sua situação com quem quer que fosse, e muito menos com uma mulher como Josephine de Chaney, que usara o próprio corpo para alcançar prosperidade.
– Não sou tua inimiga, Gabriella – disse Josephine, com tanta ternura que Gabriella imediatamente sentiu remorso. – Na verdade, sei como te sentes, porque já passei por situação semelhante.
– O barão DeGuerre disse-me.
Josephine virou-se para Gabriella, perplexa.
– Ele disse-te? Quando?
– Na... No dia em que chegaram, milady – respondeu Gabriella, tentando, em vão, não enrubescer. A lembrança dos momentos que passara sozinha com o barão tornava-se nítida demais, naquele quarto.
– Quando estavam aqui, sozinhos? – Josephine arqueou as sobrancelhas. – Vocês falaram sobre mim?
– Sim, milady.
Josephine inclinou-se para a frente, com uma expressão de curiosidade no rosto.
– O que é que Etienne disse sobre mim?
– Ele disse que milady veio de uma família que perdeu todos os seus bens. E que eu devia seguir o seu exemplo. Quando eu disse que preferia mo... não fazer isso, ele disse que eu não devia fazer julgamentos precipitados, pois eu não conhecia as circunstâncias.
– A sério? Etienne disse isso? – Josephine desmanchou-se num sorriso que exibia dentes brancos e perfeitos.
– Sim, milady.
Josephine recostou-se na almofada macia que protegia o encosto da cadeira, com uma expressão pensativa.
– Ele disse a verdade sobre o meu passado, Gabriella. O meu pai perdeu todo o dinheiro que tinha em bebidas, e quando ele morreu, fiquei sozinha. Tive de encontrar um rumo para a vida, e a primeira coisa que fiz foi procurar uma pessoa forte, que me protegesse. – Ela olhou atentamente para Gabriella. – Existem destinos piores, como tu já deves ter percebido. Diz-me, agora que sabes o que é ser uma serva, não te sentes tentada a fazer o mesmo que eu fiz?
– Conforme disse ao barão, milady, eu não seria capaz.
Josephine ajustou um dos punhos do vestido e sorriu.
– Tu és uma mulher de princípios, não és? – Rapidamente, porém, o sorriso esmoreceu. – A tua censura não me afecta, Gabriella. Fiz a minha escolha, e não me arrependo, assim como tu não te arrependes da escolha que fizeste. Por enquanto. Daqui a alguns meses voltarei a perguntar-te o que pensas da experiência de ser aia. Talvez chegues à conclusão de que é bem mais agradável ser servida do que servir.
– Se eu estivesse à procura de coisas agradáveis, teria aceitado o dinheiro do barão e ido para um convento.