A noiva substituta. Jane Porter

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A noiva substituta - Jane Porter Sabrina

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aterrorizada e, no entanto, experimentava uma calma estranha. Assim que entrasse na capela, não poderia voltar atrás. Elexis defraudara o pai e toda a família. Ela não faria tal coisa.

      Por uma vez, poderia fazer alguma coisa pelo negócio familiar. Quisera trabalhar na Naval Dukas desde que estava na escola. Até estudara Gestão e Direito Internacional na universidade de Stanford, mas o pai rejeitara-a, recusando-se a contratá-la ou a ouvir as suas ideias. Era um homem muito antiquado e achava que o lugar da mulher era em casa, a ter herdeiros, preferivelmente masculinos.

      Depois de vinte e três anos a ser uma vergonha para a família, finalmente, podia ajudar o pai, salvando-o da ruína e da humilhação.

      Kassiani respirou fundo, levantou a cabeça e entrou na capela ortodoxa. Era muito pequena, só cinco filas de bancos de cada lado do corredor estreito. Demorou um instante a habituar-se à penumbra do interior, mas, então, viu o noivo.

      Damen Michael Alexopoulos estava à frente do altar com o padre. Com um fato elegante e escuro, tinha um aspeto mais formidável do que no dia anterior.

      Suspeitaria de alguma coisa? Teria percebido que não era Elexis? O véu era tão grosso que mal conseguia ver através da renda, mas Damen não demoraria muito a perceber a diferença de estatura e constituição. Não podia ser Elexis, a rainha do Instagram.

      Mesmo com aqueles sapatos incómodos de salto alto, Kassiani continuava a ser baixa. E o espartilho antiquado, necessário para que conseguisse vestir o vestido, não conseguia disfarçar as suas curvas terminantes quando Elexis era tão magra.

      – Sabe – murmurou.

      – Não sabe – contradisse o pai, com os dentes cerrados. – E é demasiado tarde para voltar atrás. Não podes falhar-me.

      Kass cerrou os dentes. Não ia falhar-lhe, não podia fazê-lo, de modo que deu um passo à frente. Não ia voltar atrás. Não ia ter medo.

      Faria com que aquilo funcionasse. Encontraria uma forma de agradar ao seu marido e uniria as duas famílias. E seria ela, Petra Kassiani, a fazê-lo, não Elexis, que fugira, nem o irmão, Barnabas, que se importava tão pouco com a família que não se incomodara em ir ao casamento.

      Conseguia fazê-lo, tinha a certeza.

      A questão era, ele fá-lo-ia?

      Assim que Kristopher Dukas entrou na capela com a noiva, Damen soube que era a filha errada.

      Incapaz de acreditar na temeridade do americano, observou o corpulento Kristopher a avançar pelo corredor com a filha, cujo rosto estava escondido por baixo de um véu pesado.

      Aparentemente, Dukas escolhera a saída mais fácil. Em vez de procurar a rebelde Elexis, simplesmente, trocara as filhas, substituindo a mais velha pela mais nova.

      Quem fazia uma coisa dessas? Que tipo de homem tratava as filhas como se fossem gado?

      Até ele, que era desumano nos negócios, sabia a diferença entre desonestidade e traição. Aquilo era uma traição.

      Aquela rapariga não era Elexis e ele escolhera Elexis por muitas razões. A bela, refinada e ambiciosa Elexis Dukas era perfeita para ele por causa do seu aspeto e temperamento. Era conhecida em todo o lado, adorava os focos e a atenção e era uma anfitriã famosa, algo de que ele precisava numa esposa porque detestava os compromissos sociais.

      Poderia representá-lo nos eventos importantes e ninguém sentiria a falta dele. Porque haveriam de o fazer quando ela estava lá?

      Não sentia nenhum afeto por Elexis, mas era a noiva que escolhera e pedira-a em casamento conhecendo as suas virtudes e os seus defeitos. Elexis tinha um estilo de vida invejável. Viajava por todo o mundo com o jet set, ia às melhores festas, usava roupa de marca e sentava-se na primeira fila nos desfiles de moda. A sua vida era um aparecimento nos meios de comunicação social atrás de outro, mas isso era bom para ele.

      Precisava de uma esposa que soubesse qual era o seu lugar e que não fizesse pedidos emocionais, pois ele não tolerava essas coisas.

      Contudo, agora que Elexis desaparecera e havia uma Dukas muito diferente ao seu lado, pensou que talvez aquele tivesse sido o plano de Kristopher desde o começo.

      Talvez Elexis nunca tivesse estado disposta a casar-se com ele. Talvez Kristopher não tivesse intenção de lhe entregar a querida filha e tivesse decidido, desde o começo, deixá-lo com a filha mais nova, a quem se referira uma vez como «o patinho feio» da família.

      Deveria ir-se embora, pensou.

      Contudo, quando estava prestes a soltar a mão desse «patinho feio», ela levantou a cara e sussurrou:

      – Lamento muito.

      Depois da cerimónia, foram para a sala de espera da capela para assinar o registo. Damen cerrou os dentes, furioso ao pensar que nem sequer sabia o nome da esposa.

      – Se não és a Elexis, com quem me casei? – perguntou, pegando numa caneta.

      – Kassiani – respondeu ela, num tom rouco.

      – Esse não foi o nome que o padre disse.

      – Não, usou o meu primeiro nome, Petra, mas ninguém me chama assim. Chamam-me Kass ou Kassiani.

      Damen abanou a cabeça, zangado com ela e consigo próprio por não ter saído da capela antes da cerimónia. Porque deixara que o pedido de desculpa o afetasse de tal modo?

      Porque é que aquele sussurro de desculpa evitara que a abandonasse no altar?

      Não sabia a resposta e não estava de humor para continuar a pensar nisso.

      – Não penses mais nisso – disse, depois de assinar o documento, oferecendo-lhe a caneta.

      Ela aceitou-a com uma expressão preocupada.

      – Muito bem.

      – Este era o plano desde o começo, trocar as irmãs?

      Kass ficou corada.

      – Não.

      – Não te ofendas, mas não queria casar-me contigo.

      – Eu sei.

      – Não é a minha intenção insultar-te.

      – Não me sinto insultada.

      Noutras circunstâncias, certamente, teria gostado dela porque era direta e inteligente, pensou Damen. Mas os Dukas tinham-no enganado e não estava de bom humor.

      – Não sou dos que esquecem e perdoam.

      Viu que uma sombra atravessava o seu rosto e quase sentiu pena dela, mas a sombra desapareceu depressa, deixando uma expressão serena e composta no seu lugar.

      – Como podes ver, não sou das que deixam passar a oportunidade de comer uma fatia de bolo. Parece que cada um tem de carregar a sua cruz.

      Depois, Kass inclinou-se por cima do livro de registo para assinar, com o véu comprido a cair por cima dos seus ombros

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