Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos. Andrea Laurence
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– Não é assim tão simples. Tudo o que aconteceu antes continua a existir. Não vivo num vazio.
– Pois, mas, que mal faria se dessem uma verdadeira oportunidade a esta nova relação?
Will sabia que se houvesse algum mal, ele é que o sentiria e só se permitisse, Cynthia podia penetrar na sua mente e no seu coração, mas não permitiria que chegasse tão longe. Se mantivesse o seu coração a salvo, a sua empresa beneficiar-se-ia e, provavelmente, desfrutaria a voltar para casa à noite.
– Não faria mal nenhum – admitiu.
– Não é a minha vida, amigo, mas se fosse a ti, atirava-me a ela de cabeça – Alex deu um gole no uísque. – Saía deste escritório e ia direitinho a seduzi-la. Aproveita enquanto dura. Se recuperar e voltarem a odiar-se, então, sair de casa. Não terás perdido nada que não estivesse já perdido antes do acidente.
– E se não recuperar?
– Então, viverão felizes para sempre. Tão simples quanto isso.
Não era tão simples, mas valia a pena pensar nisso. Will foi servir-se um cheirinho de uísque. Alex tinha razão. Tinha dito a Cynthia que a tinha perdoado, mas continuava a por-lhe barreiras. Não se tinha comprometido o suficiente, e não era justo para nenhum deles. Devia deixar-se levar e desfrutar dela, mesmo que não lhe entregasse o seu coração.
Cynthia rematou a última costura, cortou o fio e virou o vestido. Tinha demorado uns dias, mas a sua primeira peça estava acabada. Admirou-a, sorridente. Não estava mal.
Tinha optado por começar pelo primeiro desenho que lhe chamara a atenção, sem se preocupar com a dificuldade de execução. Era um vestido camiseiro sem mangas, um pouco estilo anos cinquenta. Tinha a gola redonda e cinto. A saia tinha roda e dava por baixo do joelho.
A silhueta era sofisticada, mas afastava-se do estilo tradicional pelo tecido preto e branco com estampado de zebra, salpicado de rosa e roxo escuro. Assim que vira o tecido soubera que era perfeito para aquele desenho. Tinha feito a gola, o cinto e o debruado em cetim preto, o que lhe dava um toque de brilho e luxo.
Era uma fusão de rockabilly e anos oitenta. Estiloso, divertido e muito original.
Tirou a roupa e pôs o vestido. Rodou à frente do espelho de corpo inteiro, contente e aliviada ao ver que estava bem cortado. Depois de apertar o último botão e atar o cinto, percebeu que lhe estava perfeito, ajustando-se a cada curva.
Uns sapatos de cabedal preto seriam o complemento perfeito. Cynthia correu para o armário e abriu todas as caixas até encontrar o par ideal. Calçou-os e foi para a sala. Um som agudo fê-la virar-se de repente.
Will estava na porta com olhos brilhantes de admiração. O seu olhar ardente percorreu-a de cima a baixo. Sorriu e fechou a porta.
– Uau – disse.
– Gostas? – virou sobre os saltos fazendo a saia rodar à sua volta, torturando-o com um laivo de coxa nua.
– Gosto – engoliu em seco. – Não me parece ter visto nada parecido na minha vida.
– Acabei-o agora.
– Queres dizer que foste tu que o fizeste? – Will levantou as sobrancelhas, espantado.
– Fiz. É a minha primeira peça. O efeito será melhor quando me livrar desta tala, imagino.
– Passaste de estudar as instruções da máquina de costura a criar um vestido digno de uma passarela em três dias?
Tinha bastado ler o manual de instruções uma vez para entender a máquina. Cortar e montar as partes do vestido sobre o manequim tinha-lhe parecido fácil. Ainda que não soubesse o nome de todos os utensílios de costura, bastava-lhe olhar para eles e encontrar os que serviam para cada tarefa. Era como se tivesse passado a vida a fazer aquilo.
– Acho que valeu a pena seguir os meus instintos. Estou desejosa de fazer mais. Até estava a pensar fazer o meu vestido para a festa.
– Ah, pois – Will tirou o casaco e deixou-o no braço do sofá. – A notícia da festa da tua mãe já correu a cidade. Escolhe bem o modelo, porque pode acabar na capa de todas as revistas cor-de-rosa e páginas da Internet de fofocas sobre Manhattan.
Cynthia ficou imóvel, de boca aberta. Não tinha pensado nisso. Custava-lhe lembrar-se que estava sempre na mira. Na festa, haveria jornalistas e fotógrafos. Se queria ser desenhadora de moda, a festa podia ser a melhor rampa de lançamento.
E se não queria isso, ia ter de pensar em aceitar um cargo de direção, puramente decorativo, na empresa do pai.
– Tens de comprar um vestido novo ou fazê-lo tu. E eu acho que devias fazê-lo. Deixa que todos os convidados saibam que a nova Cynthia Dempsey chegou, mais divertida e mais fashion do que nunca.
– Dizes isso por simpatia – Cynthia corou.
– Não – Will pôs-se à frente dela e pôs as mãos na sua cintura estreita, realçada pelo corte do vestido. Ela ficou com a boca seca e com o peito arrebitado, desejosa de se colar ao peito dele.
Sempre que se aproximava tanto, sempre que a tocava, reagia da mesma maneira. Não percebia. Não podia ser nada de novo. Aliás, era uma atração química e hormonal primitiva que ela, simplesmente, não podia controlar. Era incompreensível que, se sentia aquilo com ele, tivesse tido uma aventura com outro homem.
Will aproximou-se mais e puxou-a. Ela ficou contente por ter calçado os sapatos de salto alto. Aqueles doze centímetros de altura punham-na ao mesmo nível, boca contra boca, peito contra peito.
– Pode dizer-se que tenho o meu primeiro fã – murmurou ela com voz entrecortada.
– Não tenhas dúvidas – inclinou-se sobre ela e capturou a sua boca com entusiasmo.
Cynthia aceitou o contacto com prazer. Nessa tarde não colocaria barreiras. A língua dele invadiu-a e as mãos percorreram o seu corpo como se explorassem território desconhecido. Ela agarrou-se ao seu pescoço e apertou o ventre contra a sua potente ereção.
Ao sentir o contacto, Will gemeu de prazer contra os seus lábios. Fê-la retroceder até à parede e colocou-lhe uma mão numa nádega, para aumentar a pressão. Percorreu a sua mandíbula com os lábios, tendo cuidado com as cicatrizes, e depois desceu para se deleitar com a doce curva do seu pescoço. Pousou a mão num dos seus peitos e esfregou o mamilo ereto com o polegar.
Will continuou a lamber e a mordiscar o seu pescoço, enquanto lhe desapertava o vestido. Pouco depois, o corpete estava aberto até à cintura e ele introduzia as mãos para lhe acariciar o peito sobre o sutiã de renda.
Ela ofegou quando ele traçou um caminho de beijos desde o seu pescoço à clavícula e desceu até ao vale do seu peito. Gemeu quando ele afastou a renda e capturou um mamilo com os lábios. Ela enrolou os dedos no seu cabelo.
Will deslizou a mão pela coxa, subindo-lhe o vestido. A tensão do corpo de Cynthia aumentava com cada centímetro explorado por ele. Todas as suas reservas com respeito a Will evaporaram-se instantaneamente. Nada importava, exceto estar nos seus braços, ali, naquele momento.
Quando a