Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos. Andrea Laurence

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Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos - Andrea Laurence OMNIBUS DESEJO

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Mas foi por isso que continuaste comigo, mesmo que me tivesse transformado numa pessoa difícil...

      – Ambos tínhamos os nossos motivos para casar, mesmo que não fossem os melhores.

      – A colaboração parece um bom negócio. Por que tens de casar comigo para fechar o negócio?

      – Não é bem assim – insistiu Will. – A minha declaração não teve nada a ver com a empresa do teu pai. Isso só aconteceu depois. Foi só um incentivo para aguentar quando começaste a ser... «difícil», usando a mesma palavra que tu. O teu pai prefere trabalhar com família. Quando acabei contigo, fi-lo sabendo que o projeto ficaria em águas de bacalhau assim que ele soubesse.

      – E se esta segunda tentativa não funcionar, isso não irá prejudicar a tua empresa?

      – Não nos prejudicará. Mas também não ajudará, claro.

      – Posso falar com ele. Sou a razão de termos acabado. Não deveria penalizar-te a ti e aos teus empregados por uma coisa que eu fiz.

      – É uma oferta muito doce, mas acho que não preciso do teu heroísmo, por enquanto.

      Will estendeu o braço sobre a mesa para pegar na sua mão. Ela sentiu o calor a envolvê-la e a subir pelo seu braço como um choque elétrico. Teria gostado de afastar os olhos e perder-se só nas sensações, mas o seu olhar tinha-a hipnotizado.

      – O que te leva a pensar que esta segunda tentativa não vai funcionar? – perguntou ele. O seu sorriso quase a convenceu de que podia mesmo funcionar.

      Quase.

      Beijaste-a?

      O grito incrédulo de Alex passou as paredes do escritório de Will e ecoou nos corredores da sede do Observer.

      – Baixas a voz, por favor?

      Will levantou-se, fechou a porta do escritório e trancou-a, para evitar interrupções.

      – Queres que não fique emocionado por teres beijado a tua namorada?

      – Para começar, já não é a minha namorada.

      – Eu sou a única pessoa que sabe disso. Da última vez que falámos parecias convencido de que te irias embora assim que ela melhorasse. O que é que mudou?

      – Nada. E tudo... – Will sentou-se, recostou-se e entrelaçou os dedos atrás da cabeça.

      – Eu sabia. Quando vi o teu sorriso naquele jantar, soube que te tinha agarrado.

      – Nunca tinha estado tão aparvalhado por uma mulher – confessou Will.

      – Vais ficar?

      – Não. Sim... Por enquanto. Mesmo se amanhã acordasse com o caráter de um cão de guarda, vou aguentar até estar recuperada. Decidimos começar de zero e ver o que acontece, mas tenho as minhas dúvidas. É caminhar para o desastre a longo prazo.

      – Então, porque é que a beijaste?

      – Porque quis – Will suspirou. – Há muito tempo que não me apetecia beijá-la. Mas agora parece que voltou a haver alguma química entre nós. Sinto uma corrente elétrica quando estou perto dela. E isso nunca tinha acontecido. É como estar com uma mulher completamente diferente. Uma relação nova com alguém doce e amável. Dá risadinhas, Alex!

      – A Cynthia, a rir? – levantou uma sobrancelha.

      – Mais do que uma vez. No início estava completamente perdida, mas agora que se habituou é pura excitação e júbilo. Como se estivesse a viver uma vida nova. Gosto de estar com ela. Sou feliz quando ela é feliz. Comprei-lhe uma máquina de costura.

      – O quê? Porquê?

      – Porque achei que ia gostar, e acertei. Tirou tudo o que estava relacionado com a publicidade do seu escritório e agora dedica-se a desenhar roupa.

      – É isso que vai fazer no futuro?

      – Acho que sim. Não pode voltar para a agência e fingir que sabe o que faz. Incentivei-a para que fizesse alguma coisa que a inspirasse, e seguiu essa direção. Está feliz assim.

      – E isso faz-te feliz a ti – Alex assentiu. – Qual é o problema, então?

      – Que é um erro! – gritou Will, dando um murro na secretária. Era um vulcão de energia sexual contida, confusão e frustração. – Está a absorver-me e eu queria libertar-me. Pergunto-me se o faz de propósito. Quando acabei o noivado, insistiu em que podíamos resolver as coisas. A Cynthia não queria passar por essa vergonha; até se recusou a tirar o anel até voltarmos a falar, depois da sua viagem. E se estiver a simular tudo para conseguir que fique?

      – A simular a sua amnésia?

      – Seria bem capaz. Não confiava nela antes e não tenho a certeza de poder confiar agora. Mentiu-me durante mais de um ano.

      – Quase morreu num acidente aéreo. Nem mesmo a Cynthia seria capaz de premeditar uma coisa dessas.

      Will franziu o sobrolho; sabia que seu amigo tinha razão. Estava a deixar-se levar pela paranóia. A desconfiança do passado embaciava-lhe o juízo. Era óbvio que ela não tinha planeado tudo, mas era mais fácil suspeitar do que confiar nela.

      – Estou metido num bom sarilho.

      – Queres beber alguma coisa? – Alex aproximou-se do bar.

      – Não, serve-te tu – disse Will.

      Alex serviu-se dois dedos de uísque escocês e aproximou-se da janela, que oferecia uma impressionante vista panorâmica de Nova Iorque.

      – Acho que estás a conduzir mal a situação.

      – Explica-me por que pensas isso.

      – Ofereceste-lhe começar do zero, mas continuas a permitir que todos os males do passado te confundam a cabeça. Devias imitar a Cynthia, por dizê-lo de alguma forma. Esquece o passado com ela. Esquece o acordo com a Corporação Dempsey. Esquece que estão noivos.

      – Está bem – Will olhou para o seu amigo, desconfiado. Eram muitas coisas para esquecer.

      – Agora – continuou Alex, – depois de teres eliminado isso tudo da tua cabeça, faz-te só esta pergunta: deseja-la?

      Will fez-se a pergunta. Só o som do riso dela já lhe fazia ferver o sangue. Fechava-se no seu escritório durante horas para ocultar a sua ereção e evitar fazer uma estupidez. A resposta era óbvia.

      – Sim.

      – Noutros aspetos da tua vida, o que fazes quando desejas alguma coisa?

      – Consigo-a.

      – Não a consegues sem mais nem menos – Alex abanou a cabeça, – lutas por isso. Quando querias ser delegado de turma, fizeste mais campanha do que ninguém. Quando quiseste ser capitão da equipa

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