Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos. Andrea Laurence
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Ele também tinha pensado nisso enquanto ela estava no hospital. Era uma sorte que não tivesse que preocupar-se pela sua situação financeira.
– Mesmo que não te lembres, tens um fundo de investimentos e uma boa carteira de ações. Podes viver bem durante muito tempo.
– Mas vou dar em doida naquele andar, sem nada para fazer. Sobretudo se ficar ali sozinha.
Will notou como olhava para ele ao o dizer aquilo. Não queria que ele se fosse embora. E ele também não queria ir. Cynthia precisava de sentir-se segura e, só então, ele saberia que queria que ficasse pelos motivos certos.
– Falei com o teu chefe, o Ed. Ele compreende as circunstâncias e quando estiveres bem, poderás voltar, se quiseres. Também podes trabalhar para o teu pai.
– A fazer o quê? Não percebo nada dessas coisas técnicas. Não quero cobrar um salário para passar o tempo a jogar solitário na Corporação Dempsey, só porque sou a filha do chefe.
– Podes dar-te ao luxo de tentar alguma coisa nova – disse ele, admirando-a por não aceitar o caminho mais fácil. – Tens um mar de oportunidades. Há alguma coisa que te interesse?
– A roupa – respondeu ela depois do pensar um pouco. – A roupa é a única coisa que me chama a atenção... Combinar peças, as linhas de um casaco ou a textura de um tecido. Mas não sei o que poderia fazer por aí.
– Gostavas de tentar desenhar roupa? Ou ser estilista de moda?
– Achas que desenhar roupa é uma opção? – Cynthia abriu os seus olhos verdes. – É muito interessante, mas talvez não tenha jeito para isso.
– Vamos comprar papel e lápis de cores, e vamos ver o que te sai. Não tens por que ser o próximo Versace, mas podes experimentar e divertir-te.
Ela esboçou um sorriso e atirou-lhe os braços ao pescoço. O abraço surpreendeu-o, mas não se afastou. Atraiu-a para si e captou o seu aroma: uma mistura de champô floral, perfume e pele quente. O seu corpo reagiu, excitando-se.
Era a mulher com quem se tinha comprometido e que o tinha traído mas, de súbito, aquela que tinha à sua frente era uma mulher diferente. Intrigava-o e excitava-o mais que ninguém em toda a sua vida. Não tinha que ser mau continuar com ela por mais um tempo, desde que protegesse o seu coração para evitar o desastre. Se as coisas corressem mal, ou ela recuperasse a memória, ia-se embora. E se a relação durasse o suficiente para satisfazer George Dempsey, a sua empresa iria beneficiar muito. Nada a perder e muito a ganhar.
Cynthia afastou-se um pouco e pôs a cabeça para trás para olhar para ele. Parecia muito emocionada com a ideia de desenhar, mas a sua expressão mudou quando o olhou nos olhos. A julgar pela sua respiração ofegante e pela forma como abriu os lábios, ela parecia sentir a mesma atração que ele. Queria que a beijasse.
E ele queria fazê-lo. Queria saber como o afetaria. Que sons emitiria. Como se iria sentir nos seus braços... De modo que, deixando que a curiosidade e o corpo ganhassem a batalha, inclinou-se sobre ela e capturou os seus lábios. A ligação foi imediata. Um arrepio percorreu-lhe as costas e atraiu-a mais. Não era um beijo de teste, era um beijo muito real.
As suas línguas encontraram-se e ele perdeu-se em inesperadas sensações de seda e mel. Ela gemeu contra a sua boca, um som suave e feminino que lhe provocou uma reação intensa e primária. Nunca se tinha sentido tão excitado com um beijo.
Tudo nela, desde o contato da sua mão ao toque do seu cabelo nas faces, lhe deixaram o sangue a ferver. Notava inocência e doçura; ela rendia-se aos seus desejos e urgia-o a fazer o mesmo. Teve de fazer um grande esforço para não pegar nela ao colo, levá-la de volta a casa e reclamá-la como sua.
Interrompeu o beijo, mas não a largou; ficaram quietos e colados. Will pensava que não podia ceder o controlo ao seu ventre, que tinha que agir com cabeça, ou então iria estragar tudo...
O toque do seu telemóvel interrompeu-o. Cynthia alisou a roupa, ele olhou para o ecrã e depois de se desculpar, atendeu o telefonema.
– Vamos comprar esse material de desenho – sugeriu ele, depois de desligar o telefone.
Deitaram os guardanapos e as caixas vazias num caixote próximo e saíram do parque.
Enquanto andavam, sentiu que os dedos de Cynthia procuravam os seus. Ele não se lembrava de andar de mão dada com uma miúda desde os tempos de liceu mas, depois de uma breve hesitação, agarrou na pequena mão dela, contente com esse detalhe.
A cada passo que davam, a sua atração pela mulher fascinante a quem se recusava a amar aumentava.
Capítulo Quatro
– Fico muito contente por me ter ligado, Cynthia. Perguntava-me como se estaria a adaptar à vida real – disse a enfermeira Gwen.
– Por sorte, tenho conseguido evitar muita gente. Imagino que como estive tão mal, querem esperar o maior tempo possível antes de me verem. Duvido que dure muito mais. A minha mãe está a organizar uma grande festa para festejar a minha recuperação. Ontem até falou em contratar uma orquestra. Parece-me tudo tão excessivo...
– As pessoas da sua vida preocupam-se por si, apesar da estranheza da situação. Quanto antes conhecerem a nova Cynthia, antes se irão adaptar. Está a pensar em voltar ao trabalho?
– Não me parece.
– Às vezes, voltar à rotina anterior ajuda.
– Pode ser que sim, mas acho impossível. Se fosse cirurgiã, quereria que voltasse ao trabalho e a operasse, confiando em que recuperaria os meus conhecimentos médicos por arte de magia?
– Suponho que não... – Gwen franziu o nariz.
– Dedicava-me à publicidade, o que não é como ser cirurgião, mas não me lembro de nada de nada. Além do mais, também não me interessa muito...
– E então, o que vai fazer? Vai transformar-se numa dessas esposas que organizam eventos benéficos?
– Oh, não – refilou. – Estou a experimentar outra coisa.
– Conte-me – urgiu-a Gwen.
Cynthia pensou nas centenas de folhas de desenhos de peças que tinha feito durante o fim de semana. No início eram todos muito maus, e pelo menos vinte folhas tinham acabado no lixo. Mas não tinha demorado a melhorar. E quando pôs as suas inibições de lado, as ideias começaram a fluir. As misturas de cor funcionavam e as peças combinavam maravilhosamente. Estava desejosa de vê-las saltar da folha para o cabide, mas aquele era outro obstáculo a salvar. Talvez fosse boa desenhadora e uma costureira terrível.
– Estou a tentar desenhar roupa. Ainda só tenho esquissos, mas segui o seu conselho e estou a deixar-me guiar pelos meus instintos. Pelo que me pede o coração...
– Desenhadora de moda? Bem! E desfruta com isso?
– Imenso – sorriu. – Só me apetece desenhar e desenhar, e quando o Will vem ter comigo fica surpreendido ao ver que passei horas nisso.