Meu Irmão E Eu. Paulo Nunes

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Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes

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uma cadeira e sentou-se diante de mim.

      — Gaius, hoje fui chamado no seu colégio. Você sabe por quê?

      Balancei a cabeça, dizendo que não.

      — O diretor me chamou porque os pais de um dos seus colegas, o Jean, fizeram uma reclamação contra você. Sabe o que eles disseram?

      Novamente, balancei a cabeça, reafirmando que não.

      — Disseram que Jean contou que vocês dois estavam brincando no banheiro do colégio. O que vocês faziam lá, meu filho?

      — Papai, nós tiramos a roupa e eu fiquei pegando no pinto dele — respondi, envergonhado.

      — E por que fez isso?

      — Ele contou que viu sua mãe pegando no pinto do pai dele, e pediu para eu fazer a mesma coisa no dele. Então, nós tiramos a roupa e eu fiz. Era uma brincadeira.

      — Gaius, o que fez não foi certo. Um homem não pode pegar no pênis de outro. Isso é pecado! Deus não gosta! O que o diretor me relatou não foi isso. Afirmou que os pais de Jean disseram que foi você que teve a ideia de ir para o banheiro. Por que está mentindo para mim? — perguntou, assumindo uma voz agressiva.

      — Papai, não estou mentindo. Foi Jean quem me pediu — respondi, assustado.

      Nisso, percebi o olhar de desconfiança dele. Papai não acreditou no que disse. E depois de explicar-me mais uma vez que eu estava errado, mandou-me tirar a calça. Obedeci-o, mesmo sabendo que seria castigado. Meus olhos estavam marejados, quando pedi para ele não me bater. Então, ele engrossou a voz e me ordenou que o obedecesse, enquanto se levantou e tirou o cinto das calças. O pavor se apossou de mim. Minhas mãos tremiam e eu já chorava, quase descontroladamente. Exaltado, gritou, mandando-me parar de chorar.

      — Cale a boca! Homem não chora! Vai ser castigado para nunca mais fazer isso! Baixe a calça, agora! — ordenou, gritando, com fúria na voz.

      Atendi sua ordem e me virei de costas para ele. Papai me empurrou na cama, e mandou que ficasse deitado e não me movesse nem gritasse, pois, se eu desobedecesse, bateria muito mais. Levei minhas duas mãos à boca e pressionei meus lábios com força. Papai deu-me dez golpes nas nádegas com o cinto, fortemente, que me deixaram marcas e me arrancaram sangue. Em seguida, levantou-me, virou-me de frente para ele, olhou em meus olhos e comunicou-me que aquele castigo era para eu aprender a ser homem. Proibiu-me de contar a qualquer pessoa o que ele fez e me mandou parar de chorar, tomar banho e vestir uma roupa, pois iríamos dar os parabéns à mamãe. Obedeci-o. Quando isso aconteceu, eu tinha seis anos, e minha mãe morreu sem nunca saber da primeira surra que papai me deu.

      Em um clarão, vendo papai parado na porta do meu quarto, olhando para mim e Aidan, quase senti a dor dos golpes que ele me deu quando tinha seis anos. Estava estático e o pavor paralisou minha boca. Meus olhos não conseguiam desviar-se dos dele, mesmo quando Aidan tomou as cobertas e cobriu-se. Papai levou a mão à maçaneta e baixou a cabeça, enquanto fechava a porta, deixando-nos sozinhos no quarto. Saiu e não disse nada. Desesperei-me. Meu Deus! Meu Deus! Como isso foi acontecer?

      — Aidan, você não fechou a porta? Você não fechou a porta? — gritava.

      — Ei, calma! Calma! Vou conversar com ele — dizia, repetidas vezes, tentando me acalmar.

      — Não sabe o que está dizendo? Você não conhece papai! Ele nunca vai aceitar isso! Isso não era para ter acontecido assim. Meu Deus, o que faço? — e chorava, desesperado.

      — Acalme-se, Gaius! Precisa ficar calmo. Você não está sozinho nisso. Vou conversar com ele. É a nossa chance de ficarmos juntos — dizia, abraçando-me, tentando me tranquilizar.

      Mandei Aidan chamar meu irmão, e que ficasse no hotel e não falasse com papai. Ele vestiu-se, pediu que eu me acalmasse e beijou minhas lágrimas, dizendo que me amava e que eu não estava sozinho. Quando saiu do quarto, atirei-me na cama e chorei. Recordo-me do pavor e da angústia que senti em meu peito naquele momento. Nunca havia experimentado algo parecido em toda a minha vida. Meu coração ficou miúdo, e eu, possuído de medo, quando vi a maçaneta da porta do meu quarto se mover. Lentamente, uma mão a empurrava. Vi um homem de barba, e suas roupas eram brancas. Ele carregava em seu rosto a seriedade e, na mão, uma bengala. Era papai. Oh, meu Deus! O que ele vai fazer? Olhava-me, enquanto fechava a porta do quarto a chaves. Depois, caminhou em minha direção. Nisso, senti meu coração acelerar.

      — Papai, Marcus e eu íamos conversar com o Senhor. Sinto muito que as coisas tenham acontecido desse jeito. Só quero que saiba que...

      Enquanto eu tentava explicar, ele levantou a bengala, agarrou-a na ponta e golpeou meu maxilar com o cabo. Caí da cama e, junto ao gosto de sangue, senti que um dente tinha quebrado. Comecei a gritar, chamando meu irmão e pedindo socorro. Ele golpeou minhas costelas. Fiquei paralisado. Não consegui me mover. Apenas gritava. Ainda ao chão, acertou meu joelho, e depois a coxa, o tornozelo, o punho, o peito, o quadril, o ombro e, novamente, o maxilar. Não conseguia parar de gritar e pedia pelo amor de Deus para que parasse. Então, ele pôs-se a encarar meus olhos. Vi fogo em seu olhar. Era ira. Meu Deus! Ele vai me matar! Agachou-se, aproximando-se mais do meu rosto, encarando-me. Então, eu disse, chorando:

      — Papai, por favor, por favor — suplicava.

      — Você quer servir de mulher para os homens, é? Então, vou lhe mostrar como é — respondeu, com a voz cheia de raiva.

      Papai me virou de bruços e baixou meu calção, abriu minhas pernas e enfiou a ponta da bengala no meu ânus. Gritei.

      — Então, está bom assim? Você quer mais, sua mulherzinha? Não é disso que você gosta? — perguntava, quando enfiou de novo.

      Ele socava meu ânus com a bengala, quando Marcus bateu na porta, mandando que eu abrisse.

      — Gaius! Gaius! Abra a porta! Papai! Papai! Abram a porta! — gritava ele.

      — Socorro! — respondia, repetidamente.

      Papai tirou a bengala de mim e me olhou nos olhos, cuspiu em minha cara e disse que eu não era mais o filho dele e, ainda, que tinha nojo de mim. Caminhou até a porta e a abriu. Eu estava tomado de dores, mas ouvi o que ele disse a meu irmão:

      — Tire esse lixo da minha casa, agora.

      As imagens eram embaçadas. Ao longe, ouvia vozes, mas não conseguia compreender o que diziam. Um vulto branco se movimentava diante de mim. O que é isso? Onde estou? Eu morri? Lentamente, abri os olhos e recobrei a consciência. Estava no hospital, e uma mulher negra chamou meu nome.

      — Oi, Gaius. Consegue me ouvir? — perguntou, sorridente.

      — Quem é você? — respondi.

      Era a Dra. Lorena. Depois de dar-me água para beber, disse que eu estava no Center Hospitalier Princesse Grace, em Mônaco, e perguntou se me sentia bem. Depois, ainda, que eu tinha dormido por dois dias seguidos e, também, que havia feito uma pequena cirurgia na boca. Recomendava-me passar alguns dias sem fazer grandes movimentos, quando a interrompi.

      — Onde está o meu irmão? — perguntei, ainda meio zonzo.

      — Vou chamá-lo — respondeu, deixando-me sozinho no quarto.

      Marcus abriu a porta

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